«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

1º Domingo da Quaresma – Ano B – HOMILIA

 Evangelho: Marcos 1,12-15

 Para ouvir a narração deste Evangelho, clique sobre a imagem abaixo: 


 Alberto Maggi

Frade da Ordem dos Servos de Maria (servitas) e renomado biblista italiano

Contra as tentações, resta-nos o serviço amoroso

Para o primeiro domingo da Quaresma a liturgia, no Evangelho de Marcos, apresenta-nos a passagem das tentações de Jesus no deserto e nestas tentações de Marcos Jesus não reza e não jejua; por quê? O evangelista não pretende apresentar um episódio da vida de Jesus, mas sim toda a existência de Jesus. Sabemos que o número quarenta na Bíblia tem valor figurativo, não tem valor matemático ou aritmético, mas representa uma geração. Então o evangelista, nestes poucos versos, nos mostra o que foi toda a existência de Jesus; portanto, não um episódio do qual Jesus saiu vitorioso, mas toda a vida de Jesus. 

O evangelista escreve no versículo 12 do capítulo 1: “E imediatamente o Espírito”, aquele espírito que Jesus recebeu no momento do seu batismo, é, agora, como resposta ao amor de Deus que Jesus recebeu, o amor pelos homens, um amor que conduz os seres humanos para libertar. “Imediatamente o Espírito o empurrou”, o verbo usado pelo evangelista é muito forte, “afastar/empurrar”, para indicar a urgência desta atividade, “no deserto”. Este deserto recorda o deserto do Êxodo, o caminho de libertação que Jesus veio, agora, percorrer para libertar os seus. 

E ele permaneceu no deserto por quarenta dias”, como eu disse antes, não indica um episódio da vida de Jesus, mas toda a existência de Jesus, “e ele foi tentado por Satanás”. O verbo “tentar”, neste Evangelho de Marcos, é paradoxalmente atribuído àqueles que se consideravam, na cultura daquele tempo, como os mais próximos do Senhor, os fariseus. São eles os tentadores de Jesus porque são como Satanás, o diabo que divide; eles separam os seres humanos de Deus, o homem da mulher e os seres humanos uns dos outros. Ele é tentado por Satanás e o epíteto “satanás” Jesus dirigirá justamente a um de seus discípulos, Pedro, que não aceita a destinação de Jesus de ir comunicar vida, ele quer um messias de poder e não entende que Jesus, ao invés, será derrotado pelo poder. 

E então, escreve o evangelista, que “ficou com as feras”. No livro de Daniel as feras indicam os impérios, o poder, o que pode trazer a morte. Portanto, durante toda a sua existência na terra, Jesus correu o risco de perder a sua vida e “os anjos o serviam”. Os anjos aparecem pela primeira vez em atitude de serviço. Esses anjos, que veremos mais tarde, são descritos por mulheres no Evangelho de Marcos. Serão as mulheres que servirão, a primeira será a sogra de Pedro que servirá a Jesus, a última vez que aparecerá atribuído ao povo serão as mulheres na crucificação, que o seguiram desde a Galileia. Enquanto os discípulos ao longo de todo o evangelho brigam entre si para saber quem é o mais importante, quem está acima dos outros, são as mulheres, que eram consideradas os seres mais distantes de Deus, as que compreenderam que a comunhão com Deus acontece por meio do serviço prestado gratuitamente por amor, por isso, o evangelista usa o verbo “diakoneo” (fonético), daí o termo diácono. No décimo capítulo será Jesus, justamente durante uma discussão com seus discípulos, que dirá que ele não veio para ser servido, mas para servir.

O serviço prestado gratuitamente com amor e generosidade é a única garantia de comunhão com Deus.

Em seguida, o evangelista afirma imediatamente: “Depois que João foi preso”. Aqui estão as feras: tanto João [Batista] como Jesus anunciam um convite à mudança, mas os que estão no poder não têm intenção de mudar e querem perseguir todos aqueles que o proclamam. 

Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal – Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo

É estranho, é paradoxal, é contraditório, no entanto, o Evangelho deste 1º domingo da Quaresma nos alerta que as piores tentações surgem, justamente, no interior daquele ambiente que deveria ser o mais imune, o mais protegido, o mais improvável de se encontrar os maiores pecados que atingem a humanidade.

Que ambiente é esse? O ambiente da comunidade cristã, o ambiente daqueles que se propõem a seguir Jesus, o ambiente daqueles que dizem ter fé no Filho de Deus! Justamente aí, pode-se encontrar a manifestação do que há de pior nas tentações humanas:

* a preocupação exagerada consigo mesmo;

* o gosto em se aparecer;

* a busca pelo poder;

* a cobiça, o apego aos bens materiais;

* a exploração dos outros em proveito próprio;

* a violência e a intolerância contra os diferentes;

* a insensibilidade, quase completa, pelos sentimentos alheios;

* a manipulação dos outros etc.

Contra essas e outras tentações, o Evangelho apresenta-nos somente um antídoto, uma vacina: colocar-se, amorosamente, gratuitamente a serviço dos outros. Abraçar o projeto de libertação das pessoas de tudo aquilo que as oprime, que não promove a sua dignidade!

É nessa direção que o Espírito nos “empurra”, assim como “empurrou/afastou” Jesus para o deserto, o lugar onde se realiza o compromisso com Deus. 

Fonte: CENTRO STUDI BIBLICI “G. VANNUCCI” – Videomelie e trascrizione – I Domenica Quaresima – 21 febbraio 2021– Internet: clique aqui (acesso em: 20/02/2021).

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