«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Estamos às cegas na saúde!

 Enquanto a saúde colapsa, dados seguem escondidos

 Fernanda Campagnucci, Laila Bellix e Manoel Galdino

Respectivamente: Diretora-executiva da Open Knowledge Brasil, estrategista na Purpose e cofundadora do Instituto de Governo Aberto e Diretor-executivo da Transparência Brasil 

País continua sem acesso a informações sobre leitos, medicamentos e seringas

A luta por cilindros de oxigênio hospitalar em Manaus e em vários municípios da região Norte do Brasil não é um caso isolado e raro! Há falta de insumos, seringas, medicamentos, equipamentos de proteção individual (EPIs) e, agora, VACINA, em vários lugares do País!

A vacinação começou, mas a pandemia de Covid-19 está longe de acabar. No início do ano, assistimos estarrecidos ao aumento de casos, ao novo e mais grave colapso do sistema de saúde do Amazonas e à corrida por oxigênio nos hospitais. 

Assim como a pandemia, os problemas na transparência persistem. O país segue sem ter acesso a dados sobre insumos e infraestrutura hospitalar, como testes, leitos, medicamentos e seringas. 

Nota técnica publicada pelo Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, em dezembro de 2020, indicava a desatualização de painéis de testes, medicamentos e EPIs (equipamentos de proteção individual). O fórum também protocolou uma denúncia à Controladoria-Geral da União e encaminhada ao Ministério da Saúde, que tem até a próxima sexta-feira (5 de fevereiro) para responder. Esse não era um problema novo e, mesmo com a campanha para cobrar o Ministério da Saúde, pouco mudou. 

Desde abril, a Open Knowledge Brasil, por meio do Índice de Transparência da Covid-19, aponta a baixa transparência da disponibilidade de testes. No final do ano, a imprensa revelou que quase 7 milhões deles estavam estocados aguardando distribuição à rede pública e com prazo de validade perto de vencer. 

Testes para Covid-19 armazenados em um imenso galpão em Guarulhos (SP) não foram distribuídos e o Ministério da Saúde deixou o prazo de validade vencer!

Quanto à ocupação dos leitos, o mesmo índice mostrou que esses dados eram os critérios menos atendidos pelos entes. Embora o preenchimento diário do Censo Hospitalar seja obrigatório desde abril por portaria do Ministério da Saúde, o órgão ainda não disponibilizou nenhuma versão consolidada desses dados. Alega-se que são mal preenchidos na ponta, mas é somente com a transparência que a sociedade poderá cobrar a melhoria dos registros. 

A comunidade científica tem alertado que uma das consequências mais graves da disseminação da doença é a sobrecarga do sistema de saúde. Com leitos ocupados para a Covid-19, outras internações deixam de ser atendidas — de acidentes de trânsito a pacientes com câncer. No Amazonas, o caso de 60 bebês prematuros que quase foram transferidos para outros estados por falta de oxigênio foi a prova mais dolorosa dessa tragédia anunciada. 

A taxa de ocupação de leitos serve de parâmetro para a retomada das atividades econômicas nos estados. Mas os dados são usados de forma opaca e manipulados ao sabor da intenção dos governantes. Na maior parte dos casos, são divulgadas apenas porcentagens de leitos exclusivos para Covid-19, ocultando a quantidade de leitos funcionais para esta e outras doenças. Quando o sistema colapsa, já é tarde demais. 

Infectados pelo novo coronavírus aguardam e são atendidos em corredores de hospitais devido à falta crônica de leitos e pessoal para atendimento

Em relação à vacina, mais uma vez, a opacidade foi a regra. O plano nacional lançado em dezembro não trazia:

* datas específicas nem público-alvo por estado.

* A quantidade de postos era imprecisa,

* não havia meta de cobertura ou

* detalhamento dos grupos de riscos clínicos.

A nova versão, de 20 de janeiro último, avançou ao definir um painel de monitoramento, mas os demais problemas continuaram.

O Brasil precisa de cerca de 400 milhões de doses [de vacina] — e ainda não tem sequer 2,5% desse montante.

Enquanto não houver números substanciais, é preciso garantir que o sistema de saúde cuidará da população adoecida e que o governo adotará os demais meios para controlar a Covid-19. Somente com a total transparência da gestão hospitalar e dos insumos é que poderemos evitar novos capítulos desse colapso. 

Fonte: Folha de S. Paulo – TENDÊNCIAS / DEBATES – Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021 – Pág. A3 – Internet: clique aqui (acesso em: 02/02/2021).

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