«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Quem é quem no mundo

 O Ano do Boi

 Rodrigo Zeidan

Professor da New York University Shanghai (China) e da Fundação Dom Cabral. É doutor em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 

O capitalismo chinês hoje ainda engatinha; mas talvez não por muito tempo

RODRIGO ZEIDAN

Não se deve superestimar a China a curto prazo nem a subestimar a longo prazo. Embora tenha sido um dos poucos países com aumento no PIB em 2020, ainda não é certo que a China conseguirá escapar da armadilha da renda média. 

Apesar de a economia ter aumentado mais de 60 vezes desde 1978 (um crescimento médio de 9% ao ano), e o PIB per capita, mais de 65 vezes (de US$ 150, em 1978, para US$ 10.500, em 2020), a renda média individual na China é somente 15% da americana (e pouco mais de 10% acima da brasileira). 

Ainda que o custo de vida seja menor no país, os chineses ainda estão muito longe da produtividade, renda e consumo dos americanos. Grande parte da importância econômica da China é puro efeito da sua escala; embora longe da renda média americana, o efeito do aparecimento de mais de 1 bilhão de novos consumidores e de mais de 6 milhões de empresas por ano se alastra até chegar ao mais pobre agricultor na Europa e ao mais rico banqueiro na África. 

O superciclo das commodities contribuiu para o crescimento econômico brasileiro no início dos anos 2000, e foi a recuperação chinesa que tirou o mundo da recessão criada pela crise financeira de 2008. 

Pode ser que, de novo, a China seja determinante na recuperação econômica mundial, mas a principal questão em aberto é se o país conseguirá se tornar próspero ou será mais uma sociedade a afundar na armadilha da renda média. 

O sistema pode ruir pelo autoritarismo, pelas perseguições políticas e pela megalomania de autoridades públicas, que, com os cofres abarrotados, injetam dinheiro em obras faraônicas. Até há pouco tempo, os empresários investiam sem medo de represálias, pois “ficar rico é glorioso”, como disse Deng Xiaoping, dirigente do país durante o início das reformas econômicas. 

Mas decisões como a interferência sobre abertura de capital do grupo Ant podem limitar a agressividade das empresas privadas. O dinamismo da economia chinesa pode ser resumido em uma palavra: competição. 

No país mais capitalista do mundo, os incentivos são para famílias, empresários e funcionários públicos competirem ferozmente. Na política, há fortes disputas pelas melhores posições, como governador de Xangai, e até mesmo para subir na carreira burocrática a competição reina —na Receita Federal daqui, assim como em muitas autarquias, funcionários precisam passar em concursos a cada três anos para serem promovidos. 

No mundo empresarial, a concorrência é brutal; poucas regras valem nas disputas por fornecedores e clientes. Se as autoridades deixarem o nacionalismo barato de lado, o país enriquecerá. E nada do que vimos até hoje se comparará com os efeitos do enriquecimento do maior país do mundo. 

A China pode crescer 6% anuais por 30 anos e a produtividade do trabalhador chinês não chegará a 60% daquela de um americano. Caso isso aconteça, as exportações brasileiras para a China podem passar de US$ 200 bilhões; em 2020, foram US$ 68 bilhões. 

A curto prazo, a China contribuirá para a recuperação mundial. Em 2021, o Ano-Novo Chinês cai na sexta, dia 12 de fevereiro (acaba o Ano do Rato e começa o Ano do Boi). Normalmente, o país para; mas, com o medo do vírus e a demanda mundial em alta, as empresas chinesas estão pagando extra para que produção não pare. 

A China já é a maior economia do mundo hoje, mas ainda está muito longe do seu potencial. O capitalismo chinês hoje ainda engatinha. Mas talvez não por muito tempo. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Mercado – Sábado, 6 de fevereiro de 2021 – Pág. A18 – Internet: clique aqui (acesso em: 09/02/2021).

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