5º Domingo do Tempo Comum – Ano B – HOMILIA
Evangelho: Marcos 1,29-39
Para ouvir a narração deste Evangelho, clique sobre a imagem abaixo:
Frade da Ordem dos Servos de Maria (servitas) e renomado biblista italiano
O bem do ser humano é o valor mais importante
Em Cafarnaum, na sinagoga, Jesus ensina pela primeira vez e as pessoas entendem que a vontade de Deus não se expressa na doutrina imposta por seus escribas, o ensino oficial da época, mas na ação libertadora de Jesus. Por isso, no evangelho de hoje, extraído do primeiro capítulo de Marcos, a partir do versículo 29, assim que Jesus sai da sinagoga, na companhia de Tiago e João, dirige-se para a casa de Simão e André, os primeiros chamados por ele, e ali está a sogra de Simão, que encontrava-se de cama com febre [Mc 1,29-30].
A mulher é considerada, naquela cultura, o ser humano mais distante de Deus e, de qualquer forma, isso é irrelevante, a mulher não conta para nada na família; e em vez disso, aqui, os discípulos imediatamente falam sobre ela. Eles compreenderam uma NOVIDADE DO ENSINAMENTO DE JESUS, onde o bem do ser humano é colocado em primeiro lugar, antes mesmo da observância da lei divina. Por que isso? Porque este dia é sábado; no sábado, são proibidas 1.521 ações e entre elas também está a visita e a cura de enfermos. Pois bem, os discípulos entenderam Jesus. Entenderam que o bem do ser humano é o valor mais importante e por isso falam dela [da mulher adoentada].
Jesus poderia ter dito “Esperemos, esperemos o sábado
passar”; não...
... o bem do ser humano é mais importante do que a observância
da lei divina.
Lembremo-nos de que o mandamento do descanso sabático não era um mandamento entre outros, mas era o mais importante de todos, porque se acreditava que o próprio Deus o observava [Gênesis 2,2]. A observância deste único mandamento equivalia à observância de toda a lei, a transgressão deste único mandamento equivalia à transgressão de toda a lei e para isso foi prevista a pena de morte.
Mas no grupo de Jesus eles entenderam que há um ar novo.
Então Jesus se aproxima, “a faz se levantar” e é surpreendente o que Jesus
faz, ele a pega pela mão. Por quê? Não só porque não havia necessidade, mas
principalmente porque é proibido.
Cada vez que Jesus se viu em conflito entre a lei, a tradição e o
bem do ser humano, ele sempre escolheu o bem do ser humano...
... e aqui o espantoso é que Jesus, tocando na mão de uma mulher impura, não recebe a impureza da mulher, mas transmite a sua força, a sua energia para ela. De fato, “A febre a deixou e ela os servia” [Mc 1,31b]. Para o verbo servir, o evangelista usa o termo “diaconeo”, que também conhecemos na língua portuguesa, diácono, que é aquele que serve livremente por amor. Este termo é importante porque apareceu no evangelho depois das tentações, quando os anjos, ou seja, os seres mais próximos de Deus, serviam a Jesus. Bem, a mulher com Jesus, que era considerada o ser mais distante de Deus, mais inútil, mais insignificante, uma vez que acolhe a mensagem de Jesus, a comunidade cristã, torna-se o ser mais próximo de Deus. Isso na casa de Simão e André.
Mas lá fora, escreve o evangelista “Ao anoitecer, depois
do pôr do sol, trouxeram-lhe todos os enfermos e possuídos” [Mc 1,32]. Por que
eles esperaram? Porque eles respeitaram a lei, o repouso sabático.
Enquanto em casa a necessidade, o bem da pessoa era mais importante do que a
observância do sábado, na cidade, o sábado era mais importante do que o bem
das pessoas.
A observância da lei retardou o encontro com a vida que Jesus podia
comunicar.
A cidade inteira está reunida em frente à porta, Jesus cura as pessoas e a passagem termina de forma surpreendente; o evangelista escreve que Jesus percorreu toda a Galileia “pregando nas sinagogas e expulsando os demônios” [Mc 1,39].
O evangelista está denunciando que as SINAGOGAS, isto é, os locais
de culto, locais de ensino religioso, são onde os demônios se aninham.
São pessoas submetidas a um ensino que se faz crer que vem de Deus quando não vem de Deus, Jesus denunciará esses escribas que ensinam doutrinas de homens, enfim, as pessoas estão sujeitas a essa ordem e é justamente na sinagoga. E, assim, as sinagogas serão os lugares mais hostis e refratários a Jesus, nos quais Jesus, com seu ensinamento, tentará libertar as pessoas.
Traduzido do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.
Reflexão Pessoal
Uma das principais, senão, a principal consequência
de tornar-se SEGUIDOR DE JESUS CRISTO é começar a olhar, tratar e
conviver com as PESSOAS de um modo novo! Os discípulos de Jesus,
respirando o ar novo exalado pelas palavras, atitudes e ensinamentos do Mestre,
começam por reconhecer a importância, a dignidade da MULHER, aqui representada
pela sogra de Pedro.
Ora, colocar o ser humano à frente de tudo, nesta
vida, não é algo fácil, não é uma coisa que se observa em todo lugar! Nós,
seres humanos, temos tantas preocupações, tantas vontades, tantas paixões,
tantos interesses que, na maior parte das vezes, somos indiferentes ou, até
mesmo, hostis em relação aos demais que não nos trazem alguma utilidade, alguma
vantagem, algum “lucro”!
E o incrível que o Evangelho deste domingo nos revela,
é que a religião, ou melhor, as instituições religiosas podem se
converter em empecilhos para que descubramos a importância única, fundamental,
do SER HUMANO. Ao insistirem tanto em seus ritos, em suas normas, em suas
tradições, em seus dogmas, acabam por se afastarem de Deus e afastar Deus
das pessoas!
Interroguemo-nos sobre isto:
* A nossa
comunidade, a nossa pastoral, o nosso movimento, a nossa equipe paroquial, o
nosso grupo respira o AR NOVO que Jesus Cristo veio trazer ao mundo ou não?
* Combatemos o MAL (= demônio) deste mundo ou nos identificamos com ele e, até, o promovemos com nossas palavras, gestos e ações?
Fonte: CENTRO STUDI BIBLICI “G. VANNUCCI” – Videomelie e trascrizione – V Domenica del Tempo Ordinario – 7 febbraio 2021– Internet: clique aqui (acesso em: 06/02/2021).
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