«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Existe uma fábrica de notícias falsas

 Brasil tem “tropa cibernética” de desinformação política, diz estudo

 Wilson Tosta

Jornalista – Rio de Janeiro (RJ) 

Pesquisa de Oxford coloca País no mapa das fake news políticas; grupos atacam opositores e aumentam polarização

 

Uma pesquisa da Universidade de Oxford divulgada em janeiro apontou que 81 países – entre eles o Brasil – foram em 2020 cenários de ações de “propaganda computacional” e “desinformação industrializada” sobre temas políticos. Essas iniciativas foram promovidas profissionalmente por agências governamentais e outros atores institucionais ou privados – empresas, partidos e influenciadores digitais. No estudo, o País aparece com “tropas cibernéticas” dedicadas a atacar opositores do governo e aumentar a polarização na sociedade, entre outras metas. Em seu repertório de instrumentos, estavam as fake news. Essas notícias falsas, inventadas para manipular a opinião pública, foram massificadas por robôs nas redes sociais. 

“Na indústria da desinformação global, o Brasil está posicionado como um país com ‘tropas cibernéticas’ de capacidade média”, afirmou ao Estadão, em entrevista por e-mail, a pesquisadora Antonella Perini. Ela integra o Projeto de Pesquisa de Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute (OII). O grupo de pesquisadores constatou que, em relação a 2019, houve crescimento no número de países com esse tipo de atividade. Foi de 15,7%, 81 ante 70. 

Ranking 

O Brasil “garantiu” sua presença na lista de Oxford, posicionado entre países com média capacidade de desinformação industrializada, apontou a pesquisa Industrialized Disinformation 2020 – Global Inventory of Organized Social Media Manipulation, lançada em 13 de janeiro.

As ações de suas “tropas” foram marcadas por atividade recente, em caráter permanente, com alguma centralização, emprego de recursos financeiros e existência de uma coordenação central.

O País está ao lado de Armênia, Austrália, Bolívia, Cuba, Hungria, Polônia, México, Síria, Turquia. Ao todo, são 37 países nesse grupo. Empregam gente em tempo integral. Promovem ações “para manipulação de mídia social”. Algumas operam até fora de seus respectivos territórios nacionais, diz o relatório. 

“As mais utilizadas estratégias no Brasil foram mensagens pró-governo, ataques à oposição e polarização”, disse Antonella Perini. “Mais frequentemente, os ataques são voltados contra jornalistas e meios de comunicação que são críticos ao governo, contra políticos e contra funcionários públicos.” 

Classificação

Em primeiro lugar nesse ranking, a pesquisa da universidade britânica aponta um grupo com 17 outros países. Suas “tropas”, afirma, têm “alta capacidade” de desinformar. Estão lá Estados Unidos, China, Reino Unido, Índia, Rússia, além de Arábia Saudita, Venezuela, Irã, Iraque. Para “iludir” o público, usam notícias falsas e outros truques. Recorrem a contas automatizadas, campanhas organizadas de denúncia e até a perfis roubados. Suas atividades envolvem muita gente e grandes despesas.

O dinheiro vai para operações psicológicas e guerra de informações.

“Essas equipes não operam apenas durante eleições, mas envolvem funcionários em tempo integral dedicados a moldar as informações”, prossegue o relatório. “Equipes de tropas cibernéticas de alta capacidade focam operações domésticas e no exterior. Também podem dedicar fundos à mídia patrocinada pelo Estado, para campanhas de propaganda aberta.” 

O terceiro grupo tem baixa capacidade no campo da propaganda computacional. Estão lá 27 integrantes – Argentina, Colômbia, Espanha e África do Sul são alguns deles. Suas ações envolvem “equipes que podem estar ativas durante eleições ou referendos, mas param suas atividades até o próximo ciclo eleitoral”. 

Segundo o estudo, desde 2009, em todo o mundo, quase US$ 60 milhões (mais de R$ 300 milhões) foram gastos em serviços de desinformação. Eles foram prestados por empresas privadas, em todo o mundo. O número de campanhas de “propaganda computacional” dirigidas por governos ou partidos, cresceu constantemente ao longo dos anos pesquisados, aponta o trabalho. 

Como atuam as empresas privadas 

“Em 2020, encontramos empresas privadas operando em 48 países, implantando propaganda computacional em nome de um ator político”, diz o texto. “Essas empresas costumam:

* criar contas-marionete,

* identificar públicos para microdirecionamento ou

* usar robôs ou outras estratégias de amplificação para estimular a tendência de certas mensagens políticas.” 

O mesmo relatório lembra como grandes plataformas de comunicação intervieram recentemente nesse cenário. Elas tiraram do ar contas aparentemente gerenciadas por “tropas cibernéticas”, para ataques políticos. 

ENTREVISTA 

“Produção de fake news se tornou profissionalizada”

Entrevistada Antonella Perini

Representante do Oxford Internet Institute

ANTONELLA PERINI

Integrante do Projeto de Pesquisa sobre Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute, Antonella Perini atribuiu a ações de “desinformação industrializada” a grande quantidade de informação falsa disseminada no País durante a pandemia. Segundo ela, durante momentos “críticos”, como eleições, ações desse tipo “emergem ou aumentam”. 

O relatório do Oxford Internet Institute aponta que, em 2020, havia 81 países com a chamada desinformação industrializada. O que é isso e como funciona?

Antonella Perini: A desinformação industrializada refere-se a um cenário em que a desinformação tornou-se mais profissionalizada. Os atores políticos estão cada vez mais contratando empresas privadas, que produzem desinformação em escala industrial. 

Poderia citar exemplos de ações de desinformação industrializada no Brasil em 2020?

Antonella Perini: Nos primeiros meses de disseminação do coronavírus, tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto membros do governo disseminaram uma grande quantidade de informações falsas. A principal ação foi observada depois que Bolsonaro demitiu o ministro da Saúde (Luiz Henrique) Mandetta. O que se seguiu foi uma campanha difamatória e de desinformação rapidamente difundida nas redes pró-Bolsonaro. 

O relatório menciona a ação dos partidos na desinformação industrializada em 2020.

Antonella Perini: Observamos estratégias organizadas de manipulação de mídias sociais no Brasil desde 2010. Foi durante a campanha de 2018 que elas ganharam destaque. Os candidatos usaram contas falsas, mensagens em massa e/ou disseminaram desinformação em todo o espectro político. Quanto a 2019 e início de 2020, encontramos evidências de uma estrutura organizada dentro do governo Bolsonaro, surgida durante a campanha de 2018 do PSL. 

Como a indústria da desinformação age no País na pandemia?

Antonella Perini: Observamos grande quantidade de desinformação replicando a narrativa do governo sobre a covid-19 não ser uma ameaça preocupante. Isso foi complementado por ataques a atores políticos que se opunham a essa visão, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal. 

No Brasil, começa-se a falar em impeachment. O que podemos esperar em termos de desinformação industrializada aqui?

Antonella Perini: Operações de propaganda computacional emergem ou aumentam durante eventos politicamente cruciais, como eleições, escândalos de corrupção, impeachment. Não seria uma surpresa se víssemos intensas e organizadas campanhas pró-Bolsonaro e ataques a atores que são críticos a ele. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021 – Pág. A10 – Internet: clique aqui (acesso em: 03/02/2021).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.