«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

6º Domingo da Páscoa – Ano B – Homilia

 Evangelho: João 15,9-17 

Frei Alberto Maggi *

Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas) 

Ser amigo de Cristo é amar-nos uns aos outros

O sinal distintivo do cristão é a alegria e Jesus também nos diz o porquê; leiamos o capítulo 15 de João, onde Jesus continua o ensino sobre a videira e os ramos e fazemos isso a partir do versículo 9. 

João 15,9:** «Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor.»

Jesus afirma “Como o Pai me amou”, Jesus foi amado pelo Pai através do dom do Espírito, da própria capacidade de amor do Senhor, “assim também eu vos amei”. Como Jesus amou os seus? No capítulo 13, apresentando a cena do lava-pés, o evangelista a iniciou assim: “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. E como ele os amava? Lavando os pés de seus discípulos; porque o amor não é um sentimento, mas um serviço, não se transmite através de uma doutrina, mas através de gestos que comunicam a vida. E Jesus pede “Permanecei no meu amor”, o que isso significa? O serviço é a única garantia do amor, de estar em comunhão com o Pai. 

João 15,10-11: «Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena.»

Jesus, aqui, fala de mandamentos, no plural, mas no lava-pés Jesus falou de um mandamento que ele definiu como “novo” (cf. Jo 13,34), não no sentido de que foi acrescentado aos outros, aqueles de Moisés, aqueles que já existiam, mas devido à uma qualidade pela qual é completamente novo. Portanto, não é um novo mandamento, mas um mandamento. E qual era esse mandamento? Do amor mútuo como Jesus tinha amado os seus. E Jesus amou os seus através do serviço de lavar os pés. Então, o que significa “Se guardardes os meus mandamentos”? Só existe um mandamento, o do amor mútuo, a resposta prática e concreta a este único mandamento, que para Jesus tem o mesmo valor de todos os mandamentos.

O amor que se torna serviço é a única garantia da comunhão de Jesus com o Pai e de nós com o Pai e Jesus. “Eu vos disse isso” diz Jesus “para que a minha alegria esteja em vós”, Jesus insere este ensinamento sobre a alegria entre os dois ensinamentos sobre o amor. A alegria de Jesus, que é a alegria de Deus, deve estar em nós e não de qualquer modo, mas a “vossa alegria seja plena”. Portanto o distintivo daqueles que creem é a alegria, uma alegria que não depende dos acontecimentos da vida: hoje tudo está indo bem para mim, então, eu estou feliz; porém, amanhã as coisas estão ruins, então, eu não estou feliz. É uma alegria que não depende só de sentir-se amado, mas em sentir-se fruto de um projeto de amor por parte do Pai. Inclusive, é o próprio Pai quem cuida e protege esse projeto de amor! 

João 15,12: «Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.»

Jesus insiste em recordar o seu “novo” mandamento. Ele insiste em falar no passado, não é uma promessa de um amor para o futuro, “como eu vos amarei”, mas “como eu vos amei”, ou seja, lavando os vossos pés. Insistimos, assim como Jesus, que o serviço é a única garantia de comunhão com o Senhor. 

João 15,13-15: «Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.»

As palavras de Jesus sobre o amor, não é palavreado e boas intenções, mas são fatos. No momento da prisão Jesus poderia ter se salvado, mas em vez disso deu a vida pelos seus, disse aos guardas: “Se é a mim que procurais, deixai estes irem” (Jo 18,8b). Em seguida, Jesus diz algo surpreendente para a cultura da época; naquela época a relação entre o mestre e os discípulos era uma relação entre um senhor e seus servos. No entanto, Jesus afirma: “Vós sois meus amigos”. A relação com Jesus não é de servos! Jesus não precisa de servos, porque é ele quem se coloca ao serviço dos seres humanos e da humanidade. Jesus precisa de pessoas que com ele e como ele colaborem neste serviço. Naturalmente esta amizade está condicionada ao “se fizerdes o que eu vos mando”, ou seja, se colocardes em prática este amor mútuo

João 15,16-17: «Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.»

São Paulo, na carta aos Efésios (1,4), chega ao ponto de dizer que ainda antes da criação do mundo o Senhor nos escolheu, porque precisa que cada um de nós para manifestar-se de uma forma nova, original e criativa. Jesus afirma que “fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes”, aqui está um verbo de movimento: ir. A comunidade cristã não é uma comunidade imóvel, estática, à espera da chegada das pessoas, mas é uma comunidade dinâmica, em movimento, indo em direção a quem? Ela vai ao encontro dos rejeitados, dos excluídos, dos marginalizados da sociedade, para dar frutos e comunicar-lhes o seu amor. Prossegue Jesus: “O que então pedirdes ao Pai em meu nome”, “em meu nome” não é uma fórmula, como p. ex.: “por meio de Cristo nosso Senhor”. A expressão “em nome” significa “à semelhança, ao vos identificardes ele vos conceda”. Pois, o Pai, vendo-nos semelhantes ao Filho, tem interesse em nos conceder tudo o que necessitamos para darmos cada vez mais frutos. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Os textos bíblicos citados foram extraídos do: Sagrada Congregação para o Culto Divino. Trad. CNBB. Palavra do Senhor I: lecionário dominical A-B-C. São Paulo: Paulus, 1994. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

«Se uma pessoa ama apenas a uma outra e é indiferente ao resto dos seus semelhantes, o seu amor não é amor, mas uma relação simbiótica ou um egoísmo expandido.»

(Erich Fromm: 1900-1980 ― psicanalista, filósofo e sociólogo alemão)

A boa notícia que o Evangelho de hoje nos dá é fabulosa! Afinal, o Filho de Deus, o Messias, o Salvador do mundo nos revela que nós somos seus amigos! Sim, isso mesmo! Deus, pela voz de Jesus, afirma que é nosso amigo! E essa não é uma notícia qualquer, não é pouca coisa! Mas há uma outra boa notícia além desta, ou seja, “a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11). Se vivermos o mandamento do amor mútuo, Jesus nos assegura a sua alegria, que é a mesma de seu Pai. Portanto, nos é prometida uma alegria que ninguém, nesta terra, pode experimentar sem a experiência com Jesus. 

Certamente, já encontramos muitas pessoas que, apesar de sorrirem, apesar de terem tantos bens na vida, apesar de terem conquistado diplomas, posição social e um padrão razoável de vida, mesmo assim, não são alegres de verdade! Muitos que convivem conosco e, talvez, nós mesmos, não sabemos o que é o verdadeiro amor e a verdadeira amizade. Essas pessoas, muitas vezes, acabam preenchendo esse vazio com deuses falsos que ocupam o lugar do Pai: poder, dinheiro, sexo, aparência física, bens de todos os tipos etc. É, assim, que vivem muitos nos dias atuais. 

A “receita” para a verdadeira felicidade, para a autêntica alegria é oferecida por Jesus, quando afirma: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12). A proposta de Jesus é clara: se não há amor, não há vida! Não há comunhão, contato com ele. Não se faz a experiência com seu Pai. O que resta, sem amor, é o vazio, é a depressão, é a tristeza! Isso tudo parece ter se tornado uma epidemia no mundo de hoje! 

A alegria de Jesus, que ele deseja que também seja a nossa, é uma alegria fruto de:

* uma confiança pura e incondicional no Pai;

* saber agradecer a vida que se tem;

* descobrir que a nossa inteira existência é graça;

* doar-se aos outros a fim de que possam ser felizes tanto ou mais do que nós! 

Como sintetiza, muito bem, José Antonio Pagola, biblista espanhol:

“Só é feliz quem faz um mundo mais feliz. Só conhece a alegria quem sabe presenteá-la. Só vive, quem sabe viver”. 

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória. O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!»

(Fonte: Salmo responsorial da missa deste domingo – Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4)

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci”– Videomelie e trascrizioni – VI Domenica di Pasqua – 9 maggio 2021 – Internet: clique aqui (Acesso em: 23/04/2024).

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