O absurdo do desrespeito ao povo ! ! !
Cabeça de porco, carne podre, salmonela,
papelão…
Julia Affonso,
Luiz Vassallos e Mateus Coutinho
Veja o que a Operação Carne Fraca encontrou nos maiores
frigoríficos do País
A Operação
Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 17 de
março, revelou uma série de artimanhas de frigoríficos para “encorpar” os
produtos que levavam ao mercado para consumo público.
Na
lista dos “ingredientes” usados estão cabeça de porco, a substância cancerígena
ácido ascórbico, papelão e aditivos.
VEJA
O QUE A OPERAÇÃO ENCONTROU:
CARNE PODRE
Uma
médica veterinária, responsável técnica pelo controle de qualidade do frigorífico Peccin [Paraná], em 2014,
relatou aos investigadores que o fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento Tarcísio Almeida de Freitas “era o responsável por receber e
fiscalizar os insumos comprados pela empresa, sendo que sempre constava em seus
relatórios que o procedimento estava dentro da legalidade, quando na verdade não
estava”. A testemunha disse que eram usados “outros produtos mais baratos para
substituir a carne na fabricação dos produtos agropecuários”, relatou a utilização de carne mecanicamente separada
(CMS) na fabricação dos produtos, no lugar da carne regular.
“Esclarecendo
que sequer chegou a existir a entrada real de carne na empresa, exceto os carregamentos de carne estragada que
presenciou a empresa receber”, declarou.
Segundo
a testemunha, a Peccin também comprava
notas fiscais falsas de produtos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) para
justificar as compras de carne podre, e usava ácido ascórbico para maquiar as
carnes estragadas.
SUBSTÂNCIA CANCERÍGENA
A
investigação destaca que uma auxiliar de inspeção da Peccin, entre agosto de 2013 e setembro de 2014, ‘atestou a
existência de diversas irregularidades na empresa, como a utilização de
quantidades de carne muito menor do que a necessária na produção de seus
produtos, complementados com outras substâncias, a utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e
linguiças, a “maquiagem” de carnes estragadas com a substância cancerígena
ácido ascórbico, carnes sem rotulagem e sem refrigeração, além da
falsificação de notas de compra de carne’.
CARNE DE PORCO
A Carne Fraca capturou uma conversa entre
os sócios Idair e Nair Piccin em 8 de março de 2016 “acerca da utilização de carne de cabeça de porco,
sabidamente proibida, na composição de embutidos”.
“Mesmo
cientes da proibição de utilização de carne de cabeça de porco na linguiça,
Idair ordena que sejam comprados 2.000 quilos do produto para a fabricação de
linguiças”, destaca a investigação.
REEMBALAGEM DE PRODUTO
O
fiscal agropecuário Daniel Gouvêa Teixeira, servidor federal que relatou à
Polícia Federal a ocorrência de cobrança
de propinas por agentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
e fraudes como uso de carne apodrecida por frigoríficos, afirmou em depoimento
que funcionários da empresa BRF S.A. lhe
informaram sobre irregularidades na empresa. Segundo a investigação, o
fiscal Antonio Carlos Prestes descobriu “a venda irregular de produtos
alimentícios (absorção de água em frango superior ao índice permitido e
reembalagem de produtos inadequados para a venda, ocorrida em 22 de novembro de
2015)”.
CARNE VENCIDA
Grampo
da Polícia Federal flagrou Paulo Rogério Sposito, controlador do Frigorífico Larissa, conversando com um
funcionário. Segundo a investigação, o dono do Larissa “não demonstra qualquer
surpresa com a substituição de etiquetas
de validade em uma carga inteira de carnes de barriga ou com a utilização de
carnes vencidas há 3 meses para a produção de outros alimentos (se é que se
pode chamar de alimento algo composto por restos não mais aptos ao consumo
humano)”.
SALMONELA
Em
diálogo interceptado pela PF, o agente de inspeção federal Carlos César,
presidente Associação dos Técnicos de Fiscalização Federal Agropecuária, e o
auxiliar operacional em agropecuária Carlos Augusto Goetzke, o Carlão, “conversam
sobre a contaminação de uma carga de
carne de peru por salmonela, que teria retornado da Europa, provavelmente
por não ter sido aceita”.
A
Operação Carne Fraca identificou que 18
toneladas de peru com salmonela teriam sido levadas para o frigorífico Santos
e “eles teriam que ir lá para liberar a carga, mesmo sabendo que a carne estava
contaminada”.
“Carlos Cesar ainda sugere
que a carne podre serve para fazer mortadela, ao que Carlão acha melhor colocar
no ‘digestor’ para fazer ração”, destacam os investigadores.
ADITIVOS
A Carne Fraca afirma que havia
“falcatruas” no frigorífico Peccin “para não desperdiçar alimentos podres,
vencidos, doentes e mal estocados”. Laudo da Polícia Federal, “ao examinar
produtos da empresa Peccin vendidos em estabelecimentos comerciais de Curitiba
(salsichas e linguiças), concluiu que a sua composição está em desacordo com a
legislação brasileira vigente, extrapolando os valores máximos para analito
amido e nitrito/nitrato, e com aditivos não previstos pela legislação e não declarados
no rótulo das amostras”.
PAPELÃO
Os
investigadores da Carne Fraca
descobriram que a organização criminosa lançava
mão do prosaico papelão para “robustecer” salsichas e congêneres. Tiras do
material eram esmagadas e adicionadas ao produto que chegava à praça prontinho
para o consumo.
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