Faltou uma carta aos adultos!
Cansados, irritados, decepcionados por serem chamados de “jovens”
Armando Matteo
Settimana
News
29-10-2018
Padre italiano
e teólogo, professor de teologia fundamental da
Pontifícia
Universidade Urbaniana, em Roma
Não são os jovens que precisam de nós,
adultos;
somos nós que precisamos deles.
É a sociedade, é a Igreja que precisa
deles!
Eu tive um sonho. Era o dia 28 de outubro de
2018. Ao término da solene celebração eucarística presidida pelo Papa
Francisco, para a conclusão do Sínodo sobre os jovens, um cardeal se levanta e
lê uma mensagem. Ei-la.
Carta
dos Padres sinodais aos adultos
A
vocês, adultos do mundo, dirigimo-nos nós, Padres sinodais. Nos últimos dias,
convocados aqui em Roma, sob a amável orientação de Francisco, recolhemos o grito dos jovens: o grito dos
filhos e filhas de vocês. É um grito de justiça dirigido a todos nós,
adultos, e a todos nós, já velhos. E o grito dos jovens é este.
É o
grito de quem pede que não lhe seja
tirada a possibilidade de fazer a sua parte nesta história.
É o grito de quem está
cansado de
ser chamado de “jovem”, apenas para receber a amarga indicação pela qual haverá
um tempo – só Deus sabe quando – em que poderá finalmente receber este mundo
das nossas mãos adultas.
É o grito de quem está
irritado
por ser chamado de “jovem” apenas para ficar sabendo que a sua tarefa seria a
de “não perturbar” a nós, adultos, enquanto destruímos com incrível precisão e
cinismo esta sociedade, este belíssimo planeta, a nossa mãe Igreja.
É o grito de quem, além de qualquer medida, está decepcionado por ser chamado de
“jovem”, apenas para a recordação daquela amena banalidade de que lhe faltaria
aquela experiência do mundo que nós, adultos, teríamos em abundância. Talvez
nos esquecemos de que ninguém nasce no mundo já sabendo?
Mas os jovens nascem no
mundo com tudo o que devem ter para renovar, revigorar, reumanizar este mundo. Sua potência de ser é algo
único em termos de força e de capacidade de visão.
Francisco
nos lembrou que as características do ser dos jovens são as mesmas
características de Deus. E é exatamente assim.
Mas,
se é exatamente assim, então não percamos tempo.
Porque
é hora de que nós, adultos, passemos a
bola. Os jovens estão prontos.
Foi
isso que nós entendemos nestes dias. E
também entendemos que não são os jovens que precisam de nós, adultos; somos nós
que precisamos deles. É a sociedade, é a Igreja que precisa deles.
Não
subtraiamos dos jovens, por ainda mais tempo, a oportunidade de dar uma nova
vida e uma vida nova a esta nossa sociedade e a esta nossa Igreja,
demasiadamente “desfiguradas” por nós, adultos.
Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Para acessar a versão original deste artigo,
clique aqui.
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