«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 26 de janeiro de 2019

3º Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia

Evangelho: Lucas 1,1-4; 4,14-21

1,1 Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós,
2 como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra.
3 Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo.
4 Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste.
Naquele tempo:
4,14 Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza.
15 Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.
16 E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura.
17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito:
18 «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos
19 e para proclamar um ano da graça do Senhor.»
20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga
tinham os olhos fixos nele.
21 Então começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.»

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

O PROGRAMA DE JESUS

Antes de começar seu relato evangélico, Lucas quer apresentar de maneira clara o programa de Jesus, que irá expondo, em seguida, ao longo de seu escrito. Interessa-lhe muito, pois esse é, justamente, o programa que devem ter diante de seus olhos aqueles que seguem Jesus.

Segundo Lucas, é o próprio Jesus que seleciona uma passagem do profeta Isaías e a lê aos moradores de seu povoado, para que possam entender melhor:
* o Espírito que o anima,
* as preocupações que ele traz dentro de seu coração e
* a tarefa à qual ele deseja dedicar-se de corpo e alma.

O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu. Jesus sente-se ungido pelo Espírito de Deus, impregnado por sua força. Por isso, seus seguidores lhe chamam, agora, Cristo, isto é, Ungido, e, devido a isso, chamam-se a si mesmos de cristãos. Para Lucas, é uma contradição chamar-se «cristão» e viver sem esse Espírito de Jesus.

Enviou-me para dar uma Boa Notícia aos pobres. O sofrimento das pessoas preocupa a Deus. Por isso, seu Espírito impulsiona Jesus a deixar seu povoado para dar a Boa Notícia aos pobres. Esta é a sua grande tarefa: por esperança nos que sofrem. Se o que os cristãos fazem e dizem não é captado como «Boa Notícia» pelos que sofrem, que evangelho estamos pregando? A que estamos nos dedicando?

Jesus se sente enviado a quatro grupos de pessoas:
* aos pobres,
* aos cativos,
* aos cegos, e
* aos oprimidos.
São os que Jesus leva mais dentro de seu coração, os que mais o preocupam. O que aconteceu com a «grande preocupação» de Jesus? Aqui não há escapatória possível. A Igreja é dos que sofrem, ou deixa de ser a Igreja de Jesus. Se não são eles que nos preocupam, de que estamos nos preocupando na Igreja?

Jesus tem bem claro o seu programa: semear liberdade, luz e graça. Isto é o que deseja introduzir naquelas aldeias da Galileia e no mundo inteiro. Podemos nos dedicar a julgar e condenar a sociedade atual; podemos discutir de tudo; podemos lamentar a indiferença religiosa. Se seguirmos o programa de Jesus, nos sentiremos chamados a colocar no mundo a liberdade, a luz e a graça de Deus.

COMPREENDENDO MELHOR

Talvez uma das características mais escandalosas e insuportáveis da conduta de Jesus seja sua defesa decidida dos POBRES. Frequentemente, os cristãos tratam de escamotear e esquecer algo que é essencial na atuação de Jesus.

Não devemos nos enganar. Sua mensagem não é uma BOA NOTÍCIA para todos os homens, de maneira indiscriminada. Ele foi enviado para dar uma BOA NOTÍCIA aos pobres: o futuro projetado e desejado por Deus pertence a eles.

Têm sorte os pobres, os marginalizados pela sociedade, os privados de toda defesa, os que não encontram lugar na convivência dos fortes, os despojados pelos poderosos, os humilhados pela vida. Jesus ameaça os ricos e felicita os pobres porque somente estes são os destinatários do REINO DE DEUS. Somente estes se alegram quando Deus «reina» entre os homens.

Porém, por que eles são privilegiados?
Deus não é neutro?
Os pobres seriam melhores do que os outros para merecerem de Deus um tratamento especial?

A posição de Jesus é simples e clara. Ele jamais afirma que os pobres, pelo fato de sê-lo, sejam melhores que os ricos. Não existe para Jesus «um classismo moral». A única razão do privilégio dos pobres consiste em que são pobres e oprimidos. E Deus não pode «reinar» entre os seres humanos senão fazendo-lhes JUSTIÇA.

Deus não pode ser neutro diante de um mundo dividido e dilacerado pelas injustiças humanas. O pobre é um ser necessitado de justiça. Por isso, a chegada de Deus é uma BOA NOTÍCIA para ele. Deus não pode fazer-se presente entre os seres humanos senão defendendo a sorte dos injustamente maltratados.

Se o reinado de Deus se impõe, os pobres serão felizes.
Porque onde Deus «reina», não poderão mais reinar os poderosos sobre os fracos
nem os fortes sobre os indefesos.

Porém, não nos esqueçamos. O que é boa notícia para os pobres ressoa como ameaça e má notícia para os interesses dos ricos. Têm má sorte os ricos. O futuro não lhes pertence. Suas riquezas impedem-lhes de abrir-se a um Deus Pai e entrar na nova sociedade de irmãos. Não participarão da última festa, quando o Rei se sentar à mesa «com os pobres, aleijados, cegos e coxos» (cf. Lucas 14,16-24).

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo C (Homilías) – Internet: clique aqui.

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