«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O preço da demagogia e do populismo!

Plantaram brexit, colhem desprezo

Clóvis Rossi
Repórter especial, membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo
e vencedor do prêmio «Maria Moors Cabot»

Quando o Reino Unido parece Macondo
KENNETH CLARKE, decano do Parlamento britânico
Foto: Henry Nicholls - 11.dez.2018/ReuteJAM

Kenneth Clark é o decano do Parlamento britânico, no qual atua há 49 anos. Tem, portanto, vivência e autoridade para soltar uma frase contundente como a que se segue: “Creio que deveríamos estar conscientes de que a cidadania observa nestes momentos seu sistema político com algo muito próximo ao desprezo”.

Vale para o Reino Unido, mas vale também para incontáveis países mundo afora, nestes momentos em que há um abismo entre representantes e representados. Fiquemos, por enquanto, no Reino Unido, até porque foram as votações de terça sobre o brexit [= o processo de saída do Reino Unido da União Europeia] que provocaram o desabafo de Clark.

Dá para entender melhor ainda o desabafo ao ler o relato sobre idêntico evento feito por Robert Shrimsley para o [jornal] Financial Times:
“Se qualquer prova adicional da esclerose do Parlamento britânico fosse necessária,
a maratônica rodada de votações da terça-feira entregou-a devidamente
[a prova da esclerose].
Os parlamentares votaram simultaneamente
para declarar sua oposição a um brexit sem acordo [com a União Europeia],
ao tempo em que negavam eles próprios as ferramentas para evitá-lo”.

Fecha escrevendo: “Eles, então, apoiaram o acordo da primeira-ministra desde que ela consiga, em oito semanas, mudanças que gastou dois anos e três ministros do brexit sem conseguir assegurar”.

Parece o Parlamento de Macondo, mas, caramba, é Westminster, a “Mãe dos Parlamentos”. Se esse vetusto e outrora modelar Parlamento merece desprezo, imagine então o que dizer de todos os seus, digamos, “filhos”?

O beco sem saída em que se meteram os britânicos não é culpa dos eleitores que votaram, sim, pelo divórcio com a União Europeia. Mas não foram devidamente avisados das sinistras consequências. [Venceu, no referendum sobre o brexit, o preconceito, a xenofobia, o alarmismo, as fakes news e assim por diante!]
KIMBERLY ANN ELLIOTT
George Washington University's Institute for International Economic Policy
(Instituto para Política Econômica Internacional da Universidade George Washington)

Só para ficar na área comercial, Kimberly Ann Elliott (do Instituto para Política Econômica Internacional da Universidade George Washington) mostrou, em artigo recente, que quase metade das exportações de mercadorias e serviços britânicos em 2017 foram para os parceiros da União Europeia.

Para que diabos você vai desprezar um bloco que compra tantas coisas “made in Britain”? Um dos argumentos dos brexiters foi o de que sair da União Europeia facilitaria um acordão com os Estados Unidos, o segundo maior mercado para o Reino Unido. OK, mas tem um pequeno detalhe: os Estados Unidos compram apenas 13% dos produtos/serviços britânicos. A ideia, portanto, em vez de trocar seis por meia dúzia seria trocar seis por um. Belo negócio, hein?

E não para por aí. Fora grandes grifes que ameaçam mudar da ilha para o continente (ou mais longe), há perspectivas de grande simbolismo para quem pretendia, com o divórcio, fazer a Grã Bretanha grande de novo: James Dyson, multimilionário conhecido como “o rei dos aspiradores” e que sempre defendeu o brexit, vai mudar a sede da sua empresa da Inglaterra para Cingapura. [Muito coerente, não é mesmo?! – Ao final, é o povo, os trabalhadores que pagarão a maior parte desse desastre econômico do Reino Unido, fruto de uma aventura irresponsável de políticos populistas e demagogos!]
JAMES DYSON - industrial britânico

Já a P&O, empresa de navegação, anuncia que registrará seus barcos em Chipre. A companhia faz a ligação do Reino Unido com a Europa desde 1837. O gigante aeronáutico europeu Airbus ameaça parar de fabricar nas ilhas britânicas as asas de seus aviões. Emprega no Reino Unido 14 mil pessoas. É ou não para desprezar o pessoal que inventou esse delírio sem sentido?

[Opinião pessoal: assim como é um delírio, a diplomacia brasileira alinhar-se, cegamente, aos Estados Unidos e esquecer os tradicionais parceiros comerciais do Brasil, como os países árabes, a China e outros mais! Se, no petismo, a ideologia conduzia ao alinhamento a países como Cuba e Venezuela, agora, o alinhamento se dá, também por ideologia, com países que não são mais as únicas lideranças do mundo nem nossos maiores parceiros!]

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunas & Blogs – Quinta-feira, 31 de janeiro de 2019 – 02h00 (Horário de Verão – Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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