«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Atenção, senhores pais!

 O preço da escola aberta

 Renata Cafardo

Jornalista e fundadora da Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA) 

Para que possamos educar nossas crianças, precisamos restringir todo o restante, não há outro jeito

Em 7 de outubro, o governo estadual deu autorização para a volta das aulas regulares, como Português e Matemática, nas escolas estaduais
Foto: Taba Benedicto/Estadão

Já que as crianças estão indo para a escola, então podemos jantar fora, chamar amigos em casa, fazer festões. É assim que boa parte das classes média e alta de São Paulo parece estar raciocinando. Mas o pensamento deveria ser radicalmente oposto. Há um preço alto – e totalmente justificável – para se manter as escolas abertas. 

A Europa entendeu isso depois de passar pela primeira onda sem nenhum ensino presencial. Agora, na segunda, pós-verão de praias e cafés cheios, governos de França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Escócia passaram a decretar novos lockdowns. No fim de outubro começaram a fechar restaurantes, mandar funcionários de volta ao home office, restringir encontros sociais a duas famílias. Mas mantiveram as escolas abertas. O governo de Angela Merkel falou até em usar hotéis e bares, fechados pela pandemia, como alternativa para ter mais espaço para as aulas. A ideia é clara: para que possamos educar as crianças, precisamos restringir ao máximo todo o restante. 

Nova York não conseguiu o mesmo, apesar de forte discussão local. Nesta semana, o prefeito anunciou que o ano letivo presencial, que tinha começado há apenas oito semanas, teria de ser paralisado novamente porque o número de casos estava fora de controle. Poucos dias antes, The New York Times havia feito um editorial intitulado Keep Schools Open, New York (Mantenha as escolas abertas, Nova York). Dizia que a cidade deveria “priorizar a educação das crianças” e fechar bares, academias e cultos religiosos. Depois da medida, um pediatra colunista do jornal escreveu que as evidências já mostraram que as salas de aula, quando seguem os protocolos, não são locais de grande transmissão e que a decisão da cidade era inexplicável. 

No Brasil, quando essa discussão se intensificou em setembro e educadores respeitados foram a público dizer que os bares deveriam fechar e as escolas, abrir, houve todo tipo de argumento contra e pouco convincente. De que as crianças não conseguem usar máscaras, de que ninguém é obrigado a frequentar bares, de que os alunos iriam levar a doença para seus familiares. 

E o que se vê hoje, após mais de um mês de escolas abertas, é o reflexo do que pesquisas científicas em vários países já vinham apontando. Entre os colégios particulares de elite que responderam à enquete do Estadão, houve apenas dois infectados nesse período entre alunos ou entre professores. 

A única escola que teve problemas foi justamente pelo que os estudantes fizeram fora dela. Como o Estadão revelou, a Graded School teve de fechar suas atividades presenciais porque seis alunos testaram positivo e 17 professores estavam com suspeita da doença em uma semana. A direção descobriu que centenas de estudantes da Graded tinham participado de festas nos fins de semana. “O problema não está na escola”, disse David Uip, também ao Estadão.

O perigo é a casa contaminar o colégio, e não o contrário. 

Não dá para desconsiderar o quanto todos, adultos, jovens e crianças, estamos cansados de uma vida há meses cheia de restrições. E ainda, o fator psicológico de ver as escolas abertas. Como disse à revista Science a pesquisadora de Harvard Jennifer Lerner, que estuda a psicologia da tomada de decisões, quando a educação volta passa a impressão de que tudo está ok. Mas,...

... “existe um enorme benefício de termos escolas funcionando” e para mantê-lo “temos de ter certeza de que vamos reduzir riscos em todos os outros lugares”, diz. 

É o preço. Se queremos desenvolver o futuro do nosso país, se entendemos que a escola é essencial na formação das crianças, no contexto social em que vivemos, na alimentação das mais pobres, no emocional dos nossos filhos, precisamos deixá-los ir e continuar nos isolando. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – .Edu – Domingo, 22 de novembro de 2020 – Pág. A20 – Internet: clique aqui (acesso em: 24/11/2020).

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