«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Estamos mais pobres!

 Pandemia tira R$ 247 bi do consumo da classe média no ano, mostra estudo

 Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues 

Segundo levantamento do Instituto Locomotiva, valor que deixará de ser usado na compra de produtos e serviços supera o PIB de países como Paraguai e Bolívia

 

A pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio o orçamento da classe média brasileira. Em meio ao aumento de despesas e à redução da renda, as famílias dessa faixa vão deixar de consumir R$ 247 bilhões em produtos e serviços em 2020. O cálculo faz parte de um estudo feito pelo Instituto Locomotiva com exclusividade para o Estadão/Broadcast. 

No ano passado, a classe média brasileira foi responsável por um consumo de R$ 2,6 trilhões, o que representou 60% do total no País. Em 2020, considerando a retração econômica durante a pandemia e as perspectivas para a renda e o emprego até o fim do ano, o instituto calcula que o gasto dessa classe será R$ 247 bilhões menor. 


A estimativa foi feita com base em dados primários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que a pandemia vai tirar do bolso da classe média brasileira supera o PIB de países vizinhos como Uruguai, Paraguai e Bolívia (com base em dados de 2019).
 

No cálculo, o instituto considerou que a “classe média tradicional” é formada pelas faixas B, C1 e C2, que possuem renda média per capita mensal variando de R$ 667,87 a R$ 3.755,76. Esta fatia das famílias representa 51% da população. Ao todo, são 105 milhões de pessoas. 

A diminuição do consumo está diretamente ligada aos efeitos econômicos da pandemia sobre essa parcela da população. “A classe média não recebeu o auxílio emergencial, como a baixa renda, e não tinha poupança, como a alta renda”, explica o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles. “Assim, ela viu uma pressão grande sobre seu orçamento.” 

Para qualificar o impacto, o instituto realizou uma pesquisa por telefone com 1.700 brasileiros de classe média com 16 anos ou mais, entre os dias 5 e 9 de outubro. Foram ouvidas pessoas de todo o País. A margem de erro dos resultados é de 2,4 pontos porcentuais, para um intervalo de confiança de 95%. 

Desemprego 

Mais da metade dos consultados na pesquisa declarou que sua renda diminuiu durante a pandemia. Além disso, 35% acreditam que a renda continuará recuando após a enfermidade. Entre os integrantes da classe média que estão na iniciativa privada – portanto, que não possuem estabilidade funcional como os servidores públicos –, 64% disseram ter medo de perder o emprego.

[...] 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Domingo, 08 de novembro de 2020 – Pág. B1 – Internet: clique aqui (acesso em: 09/11/2020).

QUATRO PERGUNTAS PARA...

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva 

Fabrício de Castro, Eduardo Rodrigues, Marina Aragão e Maiara Santiago

 

Renato Meirelles

1. O que aconteceu com a classe média na pandemia?

Meirelles: A classe média não recebeu o auxílio emergencial, como a baixa renda, e não tinha poupança, como a alta renda. Assim, ela viu uma pressão grande sobre seu orçamento. E, como muitos integrantes da classe média trabalham em profissões em que é possível fazer home office, muitos dos gastos da casa também subiram, o que explica haver aumento das contas em atraso. 

2. Parte da classe média recebeu o auxílio dado pelo governo quando houve redução de jornada e salário. Mas o valor não compensou toda a perda salarial ocorrida?

Meirelles: Se a pessoa está em um emprego formal, sim, ela recebeu. Mas e o advogado? A dentista? O salão de classe B que ficou fechado? O dono de bar? O pequeno empresário sofreu muito. Nós fizemos uma pesquisa sobre financiamento e descobrimos que somente 6% dos empresários conseguiram algum tipo de ajuda, de refinanciamento. 

3. Qual a consequência da perda de renda da classe média para as demais?

Meirelles: A classe média teve menos proteção que a baixa renda, mas qual é a consequência dessa vulnerabilidade? A pessoa manda embora a empregada doméstica. O resultado disso na baixa renda é a perda do emprego. Em um caso, estamos falando de uma situação em que a pessoa terá de comprar menos roupas. Em outro caso, falamos de alguém que vai passar fome. A classe média sofreu um impacto direto no seu consumo e, como é o maior mercado consumidor do Brasil, acabou gerando efeitos nas outras classes, em especial na baixa. 

4. A classe média foi uma grande base de apoio para a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018. Ao avaliar o que está ocorrendo com ela neste momento, o senhor acredita que o apoio vai mudar?

Meirelles: Temos visto um movimento de mudança gravitacional da base de apoio de Bolsonaro. Do mesmo jeito que o programa Bolsa Família trouxe um conjunto de votos para o presidente Lula no passado, o auxílio emergencial abaixou a renda média do bolsonarista. A classe média tradicional foi a que, no início da pandemia, mais atacou as ações do governo, porque a covid-19 chegou primeiro até ela. O que vimos foi um aumento do descontentamento da classe média em relação às medidas do governo. Esta classe média é mais crítica, por exemplo, quando surge a polêmica em relação às vacinas. Essa mesma classe média tem uma dificuldade enorme de entender o auxílio emergencial para os mais pobres, porque ainda tem uma visão estereotipada das classes baixas. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Domingo, 08 de novembro de 2020 – Pág. B3 – Internet: clique aqui (acesso em: 09/11/2020).

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