«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Os pobres estão comendo menos

 A inflação na mesa e o consumo

 Editorial

Jornal «O Estado de S. Paulo» 

Os mais sacrificados foram os consumidores de baixa renda, porque a alimentação pesa mais em seu orçamento

 

Comida mais cara afeta o poder de consumo dos pobres, já prejudicado pela redução de salários, pelo desemprego e, desde setembro, pela diminuição do auxílio emergencial. O efeito perverso da inflação dos alimentos é bem visível no desempenho dos hiper e supermercados. O aumento de preços impulsionou a receita e ao mesmo tempo derrubou seu volume de vendas. Mas, apesar do aperto da maior parte das famílias, o volume vendido pelo comércio do dia a dia cresceu 0,6% em setembro, completando cinco meses de expansão e atingindo nível recorde na série iniciada em 2004, mesmo com a perda de ritmo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O crescimento mensal, de 0,6%, foi o menor desde o começo da recuperação, em maio, e a desaceleração foi descrita como normal pelo gerente da pesquisa mensal do comércio, Cristiano Santos. Foi uma acomodação, segundo explicou, depois da forte reação inicial à queda de março-abril. Com cinco meses de avanço, o varejo restrito já alcançou um nível 7,7% superior ao de fevereiro. 

Acrescentando-se veículos e material de construção, chega-se ao varejo ampliado, composto por dez segmentos do comércio. As vendas desse conjunto mais amplo cresceram 1,2% em setembro. Mesmo com o aumento mensal de 5,2%, o total vendido pelas lojas de veículos, motos, partes e peças continuou 9,3% abaixo do resultado de fevereiro. Em 12 meses a perda ficou em 11,6%. 

O auxílio emergencial ainda favoreceu o consumo em setembro, segundo o pesquisador. O efeito da redução, iniciada nesse mês, só deve ter afetado as vendas a partir de outubro. Mas os danos causados pelo encarecimento da comida já eram evidentes. Entre abril e setembro a receita dos hiper e supermercados cresceu 10,6%, mas o volume vendido só aumentou 4,7%. 

Nos últimos três meses apurados, lembrou Santos, a variação da receita foi positiva em dois meses (0,5% em julho e 2,1% em setembro) e negativa em um (-0,7% em agosto). Em todo o período, no entanto, a variação do volume foi negativa, com recuos de 0,3% em julho, 2,1% em agosto e 0,4% em setembro. 

Os mais sacrificados foram os consumidores de baixa renda, porque a alimentação pesa mais em seu orçamento. De janeiro a outubro, a inflação das famílias mais pobres chegou a 3,5%, enquanto a das famílias de renda mais alta ficou em 1%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

Nesse período, encareceram muito vários itens de grande peso na cesta de consumo dos mais pobres, como:

* arroz (+47,6%),

* feijão (+59,5%),

* leite (+29,5%),

* óleo de soja (+77,7%) e

* frango (+9,2%). 

Ao mesmo tempo, houve alívio em preços de bens e serviços importantes para as famílias de renda mais alta, como gasolina (-3,3%), seguro de automóvel (-9,9%), hospedagem (-8,4%), passagem aérea (-37,3%) e pré-escola (-1,7%). 

Seis faixas de renda são consideradas no levantamento do Ipea. Em outubro, a inflação das famílias mais pobres chegou a 0,98%. A da faixa mais alta ficou em 0,82%, taxa também muito elevada, mas, ainda assim, as variações acumuladas no ano permaneceram muito diferentes. No mês passado, a alta de preços da comida teve impacto de 0,61 ponto porcentual na inflação da camada mais desfavorecida e de 0,15 ponto na do grupo mais alto. No grupo de renda média, o quarto de baixo para cima, o efeito foi de 0,32 ponto porcentual. 

A evolução das cotações internacionais, principalmente por causa das vendas à China, explica em parte a inflação dos alimentos, mas o comércio externo afeta diretamente apenas os preços de alguns produtos, como soja e derivados, milho, carnes e café. O encarecimento de outros itens, como arroz, feijão e leite, é atribuível mais facilmente a outros fatores, como o aumento da demanda para consumo em casa e as fortes oscilações do dólar. A instabilidade do dólar tem resultado principalmente das incertezas quanto à condução das contas federais e à evolução da enorme dívida pública. Parte importante da inflação tem sido fabricada na sede do Executivo – e a conta mais pesada vai para os pobres. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Quinta-feira, 12 de novembro de 2020 – Pág. A3 – Internet: clique aqui (acesso em: 12/11/2020).

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