«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Inacreditável!

 Governo aposta na sorte, sem roteiro e sem piloto

 Rolf Kuntz 

Em uma das piores crises pelas quais o Brasil já passou, não há um plano claro, estratégias nítidas e coerentes para ajudar a economia brasileira e os brasileiros sem trabalho e renda

 

A miséria e a pobreza aumentam a olhos vistos no Brasil, enquanto isso, o Governo...


A maior dívida do governo, neste momento, é um plano de sustentação econômica para 2021. Cuidar da outra dívida, aquela já superior a R$ 6,5 trilhões e a 90% do PIB, ficará mais simples se:

* a atividade crescer,

* as empresas ganharem fôlego e

* houver melhores condições de emprego.

Não pode haver maior prioridade que essa, o CRESCIMENTO, para um país com cerca de 30 milhões de trabalhadores subaproveitados – em busca de emprego, desalentados, em compasso de espera ou insuficientemente ocupados. Sem retomada segura, nem o barateamento da mão de obra, uma fixação do ministro da Economia, resultará em contratações. Nenhum empresário normal contrata funcionários sem necessidade. 

O desafio é especialmente complicado: prolongar a recuperação iniciada em maio, depois do grande tombo, e ao mesmo tempo reiniciar o conserto das contas públicas, interrompido para enfrentamento da pandemia. Nada parecido com um plano foi até hoje apresentado. A equipe econômica parece apostar na sorte, enquanto o presidente cuida de sua reeleição e das encrencas de seus filhos. 

O Ministério da Economia projeta expansão econômica de 3,2% em 2021. É um número pouco menor que o do mercado, 3,3% na última pesquisa Focus. O Brasil atravessará um ano, em qualquer desses casos, sem atingir o patamar, já muito baixo, de 2019. Pior que isso: ainda estará longe do nível de atividade anterior à recessão de 2015-2016. 

Mas até os míseros 3,2% estimados para 2021 dependerão de vento a favor. Para esse crescimento a equipe econômica só conta com a convergência de alguns fatores positivos. Isso fica bem claro em documento recente da Secretaria de Política Econômica. 

Será possível prolongar a retomada, segundo esse documento, mesmo sem manter em 2021 o auxílio emergencial concedido aos mais vulneráveis. O consumo será em parte sustentado, de acordo com o texto, pela poupança acumulada na quarentena por famílias de renda média e renda média alta. Também se aposta numa recuperação do emprego informal, a partir da melhora do setor de serviços, e na manutenção de boas condições de crédito.

Em outras palavras, ninguém deve esperar, pelo menos do Executivo, ações voltadas diretamente para a sustentação da retomada.

Estímulos dependerão do Banco Central (BC). Mas quem pode garantir a manutenção de juros estimulantes? 

Juros baixos serão mantidos, prometem os condutores da política monetária, enquanto houver compromisso de responsabilidade fiscal. Mas esse compromisso pode ser ameaçado por ministros defensores de maiores gastos e por aliados fisiológicos. O conjunto se completa com um presidente em busca da reeleição e claramente inclinado a ações populistas. 

Dólar norte-americano prossegue acima de R$ 5,00 afetando a vida de todos!

A instabilidade mexeu com o dólar: a inflação retorna! 

O dia a dia do mercado reflete, nas oscilações da bolsa de valores, nas alterações da curva de juros e na instabilidade cambial, as atitudes do presidente. Nenhum outro agente foi tão favorável, em 2020, a quem especulou com o dólar. Mas o câmbio afetou dezenas de milhões de pessoas distantes do jogo financeiro. A alta do dólar é uma das causas da alta dos preços no atacado, 4,86% em outubro e 26,64% em dez meses, segundo números da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

Parte desse aumento chegou ao varejo, prejudicando principalmente os mais pobres. A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), bateu em 0,86% em outubro, a taxa mais alta para o mês desde 2002, quando chegou a 1,31%. O dado é do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O indicador da FGV mostrou 0,65% em outubro, depois de uma alta de 0,82% em setembro. 

As pressões inflacionárias, ainda fortes, tendem a arrefecer, segundo o BC. Também essa expectativa é importante para a manutenção dos juros. Mas qualquer previsão é especialmente arriscada quando câmbio e preços podem ser afetados por um presidente concentrado em temas eleitorais e familiares. 

Quanto ao AJUSTE FISCAL, dependerá de fatores ainda muito incertos O documento oficial sobre 2021 menciona, entre outros itens, propostas de emendas constitucionais já enviadas ao Congresso, a revisão de marcos setoriais (potencialmente favoráveis a investimentos em infraestrutura), a reforma administrativa e a pauta de privatizações. Mas a reforma administrativa – pouco mais, de fato, que uma reforma de RH – produzirá efeitos pouco sensíveis em 2021. Quanto à receita de privatizações, dependerá de ações muito mais eficientes que as observadas até agora. 

Mas falta saber como ficará o Orçamento de 2021. Em novembro, o assunto continua obscuro. Há quem ainda fale na criação da Renda Cidadã, mais custosa que a Bolsa Família. Mas de onde virá o dinheiro para custear uma despesa permanente? Além disso, ainda se discute o prolongamento do auxílio emergencial. Um governo planejador teria concentrado atenção nesse tema, cuidando de sustentar a retomada. Este é, neste momento, um objetivo mais acessível e muito mais importante que a Renda Cidadã. Mas quem dá atenção a detalhes como esse, na confusão de um governo sem rumo e sem unidade, chefiado por um presidente autocentrado? 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto – Domingo, 08 de novembro de 2020 – Pág. A2 – Internet: clique https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,governo-aposta-na-sorte-sem-roteiro-e-sem-piloto,70003505211 (acesso em: 09/11/2020). 

Um presidente mais enfraquecido 

O Trump tupiniquim 

Eliane Cantanhêde 

Com derrota externa e interna, Bolsonaro está abatido, isolado e sem referências

 


É estarrecedor que o presidente dos Estados Unidos acuse adversários e o próprio sistema eleitoral de fraude e corrupção, atiçando seus apoiadores para uma guerra campal e achincalhando a maior democracia do planeta. Mas Donald Trump é Donald Trump, sai da Casa Branca como entrou e leva o raro troféu de presidente que perde a reeleição, pensando sempre nele, só nele. 

Biden prega união nacional, Trump mente, agride e é cortado do ar pelas três maiores redes de TV dos EUA, aprofundando a polarização do País e a divisão no Partido Republicano, que começou quando ele impôs sua candidatura no grito. Cara a cara com a derrota, ele expõe desespero e atrai críticas dos próprios republicanos e parte da direita americana que não é belicosa, mentirosa, autoritária e ignorante. Mas ele tem mais de 70 milhões de votos... 

No Brasil, o voto é obrigatório com o sistema de um cidadão, um voto, seja ele banqueiro ou pedreiro. Nos EUA, é opcional e o candidato com mais voto popular pode perder a eleição no colégio eleitoral, como os democratas Al Gore e Hillary Clinton. Se o candidato republicano tem 51% em Iowa, todos os votos do Estado vão para o republicano. Se você votou no democrata, seu voto vai para o lixo. 

Quanto à votação, o Brasil tem coordenação nacional e regras do TSE e, desde 1996, a urna eletrônica, segura, fácil, rápida, que permite o anúncio do novo presidente no dia do pleito. Já nos EUA cada estado tem suas regras e as cédulas são de papel, do século passado. A apuração é manual, voto a voto, envolve milhões de pessoas, gera incertezas, disputas judiciais e o resultado pode demorar semanas. 

Bolsonaro, porém, insiste na volta da cédula impressa, depois de criar uma figura inédita no mundo: a do eleito que denuncia fraude na própria eleição – sem prova nenhuma, aliás, como o Trump real nos EUA. E as semelhanças não param aí. Trump se nega a coordenar a reação nacional à pandemia, diz que é só uma gripe, desdenha de máscaras e isolamento social e fez propaganda da cloroquina. Você já viu esse filme aqui? Mas isso não é brincadeira, é brincar com a vida. 

Trump lá e Bolsonaro cá vivem numa realidade paralela, como velhos populistas convencidos de que podem falar e fazer qualquer coisa, espancar a China, aliar-se ao que há de pior e promover retrocessos em gênero, direitos humanos e meio ambiente na ONU. Bolsonaro só não saiu do Acordo de Paris, como fez Trump no dia da eleição, por falta de condições políticas. 

Há, porém, diferenças entre o “mito” Bolsonaro e o “Deus” Trump, que não rasga dinheiro e manteve o slogan “America First” com o Brasil. Ganhou todas, inclusive

* ao derrubar um brasileiro em favor de um americano no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e

* ao impor cotas de aço, alumínio e etanol para o Brasil.

* Logo, usou os produtores brasileiros para comprar votos desses setores nos Estados Unidos. 

Apesar da ridícula convocação de manifestações pró Trump em cidades brasileiras, até o mercado financeiro avalia como positiva a vitória de Joe Biden, que defende princípios, não é dado a maluquices e vai manter o decantado pragmatismo da política externa americana. Os dois presidentes podem se bicar, mas Brasil e EUA manterão acordos comerciais, programas de cooperação e a negociação em prol dos interesses de cada um. E quem discorda da pressão em defesa da Amazônia? 

A troca de Trump por Biden é saudável para o mundo, os EUA e o Brasil, mas Bolsonaro tem razão em estar abatido. Ele perde o único grande parceiro internacional e seus candidatos às eleições municipais afundam como Trump. Com derrota externa e interna e a obsessão por 2022, será cada vez mais engolido pelo Centrão, quicando de um palanque a outro e falando besteira. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Colunista – Domingo, 08 de novembro de 2020 – Pág. A6 – Internet: clique aqui (acesso em: 09/11/2020).

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