«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O que está acontecendo com a política?

                                   Reacionários x progressistas

 Mariliz Pereira Jorge 

Acreditar que todos os votos que Trump está levando são movidos a ignorância e ódio é ingenuidade. Ou arrogância

Candidatos à Presidência dos Estados Unidos:
Joe Biden (esq.) e Donald Trump (dir.)

Não sabemos ainda quem será o próximo presidente dos Estados Unidos, pelo menos enquanto escrevo. O que ficou claro com a votação apertada é que o país está dividido. O mais simples é achar que, de um lado, estão os reacionários, e, do outro, os progressistas. Parte desses eleitores tem, sim, em Donald Trump o seu próprio reflexo. Se espremer, é puro suco de racismo, machismo, xenofobia, desprezo por instituições e ciência. 

É assustador para quem se acostumou nas últimas décadas a ver que:

* os direitos das minorias,

* a igualdade entre gêneros,

* os avanços sociais e

* as liberdades individuais pareciam conquistas inegociáveis.

Se depender da parte reaça, volta todo mundo para o armário. 

No entanto, acreditar que todos os votos que Trump está levando são movidos a ignorância e ódio é ingenuidade. Ou arrogância. É não entender que parte substancial dos eleitores tem preocupações diferentes das que nós, progressistas, temos. 

O aumento de votos entre negros e mulheres registrado pelo republicano mostra que os apelos dos movimentos identitários nem sempre comovem quem usufrui de suas conquistas. Tem mais: as pessoas primeiro querem emprego, comida na mesa, filho na escola, antes de discutir se falaremos "todos", "todas" ou "todes".

O que acontece nos Estados Unidos deveria ser lição aos partidos e políticos do centro e da centro-esquerda no Brasil.

A eleição de Trump, Bolsonaro e outros aspirantes a ditador nos dão a impressão de que embarcamos num retrocesso incontornável. Verdade que a ascensão desses tiranos pode diminuir o tamanho dos passos, mas o mundo anda para a frente. É um caminho sem volta. 

No dia em que os EUA começaram a contar votos, Oregon deu vitória ao democrata Joe Biden, e o estado foi o primeiro no país a descriminalizar o porte de pequenas quantidades de drogas, incluindo cocaína, heroína e metanfetamina. 

Fonte: Folha de S. Paulo – opinião/colunista – Quinta-feira, 05 de novembro de 2020 – Pág. A2 – Internet: clique aqui (acesso em: 06/11/2020). 

A sombra do populismo

 Maria Hermínia Tavares 

Ganhando ou perdendo eleições, o populismo está aí para ficar

Populistas que usam do povo para seus projetos autoritários:
Donald Trump (Estados Unidos) e Jair Bolsonaro (Brasil)

Se confirmada, a derrota de Donald Trump fará bem à democracia nos Estados Unidos e no mundo. Atestará que a corrosão das instituições representativas não é a única sina dos países que se entregaram a líderes populistas. Tendo ascendido pelo voto livre, podem ser por ele dispensados antes de consumar os seus projetos autoritários. 

Mas o provável resultado das eleições americanas não garante a transferência suave do governo para os democratas. E ainda que ocorra no final das contas, enfraquecerá, mas não erradicará, lideranças que, naquele país ou em qualquer outro, e não apenas nos dias que correm, se afirmam representantes do "povo verdadeiro" — o volk, no jargão nazista — em contraposição a elites cosmopolitas, surdas aos anseios das pessoas comuns. Em seu nome, os populistas agem para solapar as regras que limitam o poder dos governantes e garantem os direitos de todos, inclusive das minorias. 

A Itália oferece um exemplo da força e resiliência do fenômeno. Desde que o sistema de partidos do segundo pós-Guerra, ancorado na Democracia Cristã, veio abaixo nos anos 1990, políticos populistas, ora no governo, ora na oposição, tornaram-se participantes destacados da vida política do país. Casos de Silvio Berlusconi, Giuseppe Conte, Matteo Salvini, Beppe Grillo, à frente de diferentes partidos — Força Itália, Liga Norte, Liga, Movimento 5 Estrelas — com significativa projeção eleitoral. 

"O populismo é uma sombra permanente da moderna democracia representativa" diz o historiador alemão Jan Werner Müller, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Alimenta-se do que o filósofo italiano Norberto Bobbio chamou de promessas não cumpridas da democracia.

Populistas exploram expectativas frustradas e variados temores, reais ou imaginários:

* do desemprego,

* da destituição,

* dos imigrantes,

* dos negros,

* dos pobres,

* dos esquerdistas ateus. E se beneficiam da exposição às feias engrenagens da política por parte de um público mais informado. 

O fato é que, já há algumas décadas, a desconfiança dos cidadãos e m face de partidos, parlamentos e governos só faz crescer em todo o mundo democrático. No Brasil, a propósito, é assustadoramente elevada. Cidadãos insatisfeitos e desconfiados são mais sensíveis a políticos, tanto faz se de direita ou de esquerda, para os quais a vitória eleitoral é só o que conta, não passando de um estorvo os mecanismos de controle do poder típicos do sistema representativo. 

Ganhando ou perdendo eleições, o populismo está aí para ficar. Mas fará toda a diferença para a democracia sempre que for batido nas urnas. 

Fonte: Folha de S. Paulo – opinião – Quinta-feira, 05 de novembro de 2020 – Pág. A2 – Internet: clique aqui (acesso em: 06/11/2020).

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