34º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – HOMILIA

 Evangelho: Mateus 25,31-46 

Para ouvir a narração deste Evangelho, clique sobre a imagem abaixo:


 José María Castillo

Teólogo espanhol 

O Principal é Uma Vida de Bondade 

No último domingo do ano litúrgico, a Igreja recorda aos cristãos que o Reinado de Deus alcança sua plenitude na recordação perigosa e na realização desconcertante do que foi a vida de Jesus. O evangelho de Mateus resumiu o aspecto central daquela vida no chamado «juízo final» ou «juízo das nações».

Este texto, como sabemos, foi objeto de incontáveis discussões e teorias. Discutiu-se se é uma profecia, uma parábola, o relato de um acontecimento que concluirá a história humana etc. Este não é o lugar nem o momento de explicar estas diversas teorias. E, menos ainda, podemos pretender esclarecer o que cada uma dessas teorias tem de verdadeiro e de falso.

O importante é deixar claro que se trata de ensinamento definitivo no qual o evangelho de Mateus nos condensa o essencial, o verdadeiramente central da mensagem que Jesus nos deixou como seu EVANGELHO, sua Boa Notícia.

Nessa passagem, Jesus responde a esta pergunta: o que é e em que consiste o «herdar o Reino de Deus»? A resposta:

Consiste em uma forma de viver CENTRADA NA BONDADE que contagia felicidade e alivia o sofrimento humano sempre e em todos.

Portanto:

1) O Reino de Deus não é uma religião.

2) Não consiste na aceitação doutrinal de dogmas, nem na prática de rituais sagrados, nem na submissão a preceitos ou mandamentos.

3) Tampouco, limita-se a pertencer a uma instituição que exige obediência ou submissão a uma autoridade suprema na terra.

O texto evangélico do juízo final não fala de nada disso! Nada disso, portanto, deve ser determinante para o juízo pelo qual cada ser humano teremos de passar, não agora perante a história, mas perante Deus. O juízo no qual cada um terá de responder sobre o que Jesus, o Senhor, representou para ele.

Nesse sentido, pode-se falar do cristianismo como religião. Porém, somente neste sentido. Jesus foi profundamente religioso. Porém, ele não centrou sua religiosidade na submissão da mente a alguns «dogmas» ou na observância de uns «ritos». Jesus centrou sua vida na BONDADE com os que sofrem. Nisso Jesus viu o Pai do Céu.

De acordo com o que se disse, duas coisas ficam patentes:

1) O central do cristianismo não é a crença em umas verdades ou a observância de uns rituais.

2) O mais perigoso para os seres humanos é o chamado «pecado de omissão». Isto é, o mais grave não é o que nós, mortais, fazemos, mas o que deixamos de fazer. Em outras palavras, o que mais prejudica no mundo não é o mal que cometemos.

A pior coisa que fazemos na vida é ignorar o mal que vemos e sentimos ao nosso redor. 

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Fonte: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: Comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 413-414.

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