«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Um frade multitalentoso falece

 Frei Carlos Josaphat Pinto de Oliveira O.P.

 Frei Betto

Frade Dominicano e escritor 

O Brasil se despede de um de seus mais ilustres teólogos e intelectuais

Frei Carlos Josaphat Pinto de Oliveira, dominicano (1921-2020)

Tivesse eu que indicar um frade dominicano exemplar não relutaria em apontar frei Carlos Josaphat, falecido em Goiânia dia 9 de novembro, cinco dias após comemorar 99 anos. Mineiro de Abaeté (MG), ingressou no seminário de Diamantina (MG) aos 12 anos e estudou filosofia e teologia em Petrópolis (RJ). Ordenado sacerdote em 1945, foi professor no renomado Colégio do Caraça (MG), onde estudaram Juscelino Kubitschek e o economista Roberto Campos. Em seguida, ensinou no seminário de Mariana (MG) e, também, em Fortaleza e Recife. Na capital pernambucana se tornou amigo do educador Paulo Freire. 

       Em 1953, aos 32 anos, o padre Josaphat deixou os lazaristas e optou por ingressar na Ordem de São Domingos. Remetido à França para completar seus estudos, conviveu com eminentes teólogos católicos, como os dominicanos Congar e Chenu, e o jesuíta Karl Rahner. Foi amigo também de destacados filósofos, como Jacques Maritain, Etienne Gilson e Emmanuel Mounier. 

       Retornou ao Brasil em 1963, onde assumiu, em São Paulo, a função de regente de estudos dos frades dominicanos, e se aproximou na esquerda católica por meio da JUC (Juventude Universitária Católica) e da organização política Ação Popular (AP). 

Homem multitalentoso, autor de “O Evangelho e a revolução social” (1962), conhecia em detalhes a vida e a obra de Santo Tomás de Aquino e, além da teologia, dominava a filosofia, psicologia, ética, economia política e comunicação social.

Em março de 1963, reuniu em São Paulo uma equipe de talentosos jornalistas, entre os quais Maria Olympia França, Josimar Melo, Roberto Freire e Ruy do Espírito Santo, e fundou o semanário “Brasil Urgente”, de alcance nacional, cujo lema era “A verdade, custe o que custar; a justiça, doa a quem doer”.  Jornal apartidário, propagava politicamente as encíclicas sociais do papa João XXIII e defendia as reformas de base do governo João Goulart, em especial a reforma agrária. 

       O jornal foi empastelado e fechado pela ditadura militar em abril de 1964, quando frei Carlos Josaphat, antevendo os rumos do país, já se havia autoexilado na Europa. A manchete da última edição do tabloide, de número 55, prenunciava:Fascistas preparam golpe contra Jango!”

       Nossa igreja no bairro de Perdizes, na capital paulista, onde frei Carlos proferia concorridas homilias e dava cursos de doutrina social da Igreja, teve seus muros pichados: “Fora padre comuna!” 

       Após um período na França, onde obteve o doutorado, em 1965, com tese sobre ética da comunicação social, instalou-se por quase trinta anos na Suíça, onde foi professor de ética da comunicação no Instituto de Jornalismo e Comunicação Social da Universidade de Friburgo, da qual era professor emérito. 

       De retorno ao Brasil em 1994, voltou a lecionar na Escola Dominicana de Teologia, em São Paulo, e em várias universidades, além de atender sucessivos convites para proferir conferências. Entre as suas obras se destacam os estudos pioneiros sobre frei Bartolomeu de las Casas; a ética tomista; e a convergência entre Tomás de Aquino e Paulo Freire. 

       Frei Carlos era homem de permanente sorriso e visceral otimismo. A simplicidade de sua mineirice evitou que ostentasse sua vasta erudição. Publicou 63 livros e inúmeros artigos. Nesses últimos anos, trocou o convento de São Paulo pelo de Goiânia para merecer os cuidados que a sua avançada idade exigia. Foi sepultado em sua terra natal, Abaeté (MG), como tanto queria. 

Fonte: CESEEP – Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular– Terça-feira, 10 de novembro de 2020 – Internet: clique aqui (acesso em: 12/11/2020).

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