«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

É preciso que você leia isto!

 Novo Regime Climático: já vivemos mudanças no planeta que podem ser irreversíveis

 Observatório do Clima

PRESS RELEASE 

6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC é de arrepiar!

O PLANETA ESTÁ DANDO SINAL VERMELHO, DE ALERTA, PARA A HUMANIDADE

O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), lançado hoje [segunda-feira, 9 de agosto de 2021], traz dois recados arrepiantes para os governos do mundo inteiro.

Primeiro, a conclusão de que os seres humanos provavelmente causaram a quase totalidade do aquecimento global observado no último século.

Segundo que dos cinco cenários de emissão avaliados apenas um nos dá alguma chance de manter viva a meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento em 1,5 ºC – e, mesmo assim, ele envolve amargar algumas décadas de temperaturas acima do limite a partir dos anos 2030. 

Esses dois fatos significam que os chefes de Estado e os diplomatas que se reunirão a partir de 31 de outubro em Glasgow, Escócia, para mais uma rodada de negociações de clima estarão com a faca no pescoço.

Precisarão aumentar radical e imediatamente a ambição das metas nacionais de corte de gases de efeito estufa (NDCs) postas sobre a mesa para 2030, ao mesmo tempo em que terão de reforçar o apelo para que o mundo caminhe para emissão zero em 2050.

 Não que com:

* a Sibéria pegando fogo,

* a Alemanha e a China debaixo d’água e

* a década mais quente já registrada...

... os governos ainda precisassem de mais evidência para agir imediatamente. Mas a solidez do relatório do IPCC e a repercussão mundial que ele terá turbinam a importância da conferência de Glasgow, a COP26. 

Clique sobre a imagem, abaixo, para assistir aos efeitos devastadores de incêndios na Turquia e na Grécia:


“A linguagem do relatório é muito forte e reflete o sólido consenso científico sobre o problema. O IPCC diz claramente que é inequívoca a interferência humana no clima. Não é mais um debate sobre se as ações humanas dão causa à crise climática, mas do quanto.

E o quanto, estimado pela primeira vez, é estarrecedor: fomos responsáveis por 1,07 ºC do total de 1,09 ºC do aumento da temperatura desde a era pré-industrial”,...

... diz Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima.

“Além do mais, apesar de dizer que a chance de 1,5 ºC ainda existe, o documento também mostra que a janela para isso é estreita, e não comporta governos negacionistas.”

O Brasil, cujo governo está sendo processado por ter reduzido a ambição da própria meta, deve chegar à COP26 ainda mais pressionado. Jair Bolsonaro, que já foi apelidado de “o negacionista mais perigoso do mundo”, deve conquistar em Glasgow o status de ameaça climática global. “Os resultados do IPCC implicam que a redução drástica do desmatamento na Amazônia será um elemento essencial da conta da estabilização do clima nos próximos anos.

Para azar da humanidade, o presidente do Brasil é Jair Bolsonaro, que quer ver a floresta no chão. Para azar de Bolsonaro, os brasileiros e o resto do mundo não vão aceitar isso calados”,...

... afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. 

Com a letra composta por Carlos Rennó e a música de Beto Villares, foi criada uma canção a pedido de uma série de organizações que chamam atenção para a crise climática que temos vivido, que questiona: «Para onde vamos? Ah, onde vamos parar?». A letra segue falando de uma encruzilhada na qual nos encontramos, que nos faz pensar urgentemente que ou transformamos nossos hábitos de consumo e relação com o planeta ou vamos comprometer nossa própria existência por aqui. 

Ouça essa linda e tocante canção, clicando sobre a imagem abaixo: 

 Abaixe e leia um RESUMO COMENTADO desse 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), clicando aqui

 Acesse o RELATÓRIO COMPLETO, em inglês, clicando aqui

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 10 de agosto de 2021 –  Internet: clique aqui (Acesso em: 10/08/2021).

 

“Mudanças climáticas podem inviabilizar soja e gado no Brasil”

 Nádia Pontes 

Entrevista com Paulo Artaxo

Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do IPCC 

O modo de vida da humanidade, movido à base da queima de combustíveis fósseis, emite gases de efeito estufa que estão levando a um rápido aquecimento do planeta. Até a próxima década, a temperatura média global deve subir 1,5 °C, estima o IPCC

PAULO ARTAXO

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), alerta para os impactos desse cenário no Brasil. Na região central do país, a temperatura pode subir até 5,5 °C, e as chuvas podem cair 30% até o fim do século. 

“Esse cenário vai fazer com que áreas onde hoje são produzidas soja e carne possam não ter mais condições de produzir competitivamente daqui a 10, 20, 30 anos”, analisa em entrevista à Deutsche Welle Brasil. 

O sexto relatório do IPCC (AR6) será composto por quatro partes:

1) Além da ciência física, divulgada agora, as demais se ocuparão com

2) os impactos,

3) vulnerabilidade e

4) adaptação, mitigação, programadas para serem publicadas em 2022. 

Foram 234 cientistas de 66 países reunidos pelo IPCC que produziram um relatório com mais de 14 mil referências citadas, com um total de 517 contribuições de outros autores. No documento, o Painel é taxativo:

“É um fato estabelecido que a influência humana aqueceu o sistema climático e que mudanças climáticas generalizadas e rápidas ocorreram”.

Eis a entrevista. 

O novo relatório do IPCC reforça o entendimento de que o aquecimento do planeta, que provoca as mudanças climáticas, é causado pelas atividades humanas. Dos pontos abordados no documento sobre os quais não se tinha o mesmo grau de certeza nos relatórios passados, o aumento dos eventos climáticos extremos é um dos com mais avanços?

Paulo Artaxo: É muito claro que o aquecimento do planeta está sendo causado pelas atividades humanas. Não houve nenhum único país, durante os debates sobre aprovação do relatório, que tenha levantado dúvidas sobre essa questão. É um consenso, passamos dessa etapa. Agora é o que fazer, como fazer, quem paga a conta.

Esse relatório trata de vários aspectos que não foram tratados no passado. O primeiro deles, por exemplo, há uma quantificação dos eventos de extremos climáticos. Isso não existia antes.

A gente dizia antes que, aquecendo o planeta, iria aumentar a incidência de eventos climáticos extremos.

Esse novo relatório diz que se a gente deixar o planeta aquecer 4 ºC, ondas de calor vão ocorrer 38 vezes mais frequentemente do que ocorreria sem o aquecimento global. É muita coisa.

O documento também faz a vinculação das emissões urbanas e clima global, o que é importante considerando que 80% da população vai viver em áreas urbanas em 2050. Precisamos de políticas públicas para tornar nossas cidades mais eficientes no uso de energia e transporte, mais sustentáveis.

Essa informação chega num momento em que eventos extremos estão trazendo impactos nos dois hemisférios, como as chuvas fortes na Alemanha e a crise hídrica no Brasil, o que já reforça a mensagem do relatório.

Paulo Artaxo: Exatamente. O Canadá, por exemplo, não registrava 48 ºC nos últimos 150 anos. Chover em um dia o que chove normalmente em um ano também é inédito.

As enchentes recentes que aconteceram na Alemanha, por exemplo, ocorreram depois de um nível de chuva recorde. Os alemães viram que o aumento de eventos extremos climáticos pode matar pessoas lá também. 

Várias cenas dos estragos provocados pelas fortes chuvas na Alemanha - julho/2021

E para o Brasil? Os impactos podem ser considerados ainda mais severos?

Paulo Artaxo: Um aumento médio de temperatura de 4 °C, que é para onde estamos indo com o cenário de emissões, vai fazer com que o Brasil central aumente de temperatura 5,5 °C, com uma redução de chuvas de 30%. Esse cenário vai fazer com que áreas onde hoje são produzidas soja e carne possam não ter mais condições de produzir competitivamente daqui a 10, 20, 30 anos.

Isso leva o Brasil a ter que repensar que economia nós queremos fomentar. Vamos continuar dependendo do agronegócio? Pode ser um péssimo negócio. 

Por que essa região do país sofreria um aumento maior de temperatura em relação à média global?

Paulo Artaxo: Um aquecimento médio de 2 °C no planeta significa que as áreas continentais se aquecem 3,5 °C. Isso porque 70% da superfície do planeta é oceano, e a água tem uma capacidade térmica muito maior do que os ecossistemas terrestres. Então as áreas continentais se aquecem muito mais.

Um aquecimento médio de 4 °C significa um aquecimento nas áreas continentais de 5,5 °C. Esse aumento da temperatura vai fazer com que a chuva no Brasil central diminua muito. Pode não ser viável uma agricultura com eficiência como a que gente tem hoje.

A mensagem é clara. A questão é o que os governos vão fazer. Ou seja, é o mesmo problema de antes.

A Amazônia é outro destaque deste relatório.

Ela armazena 120 bilhões de toneladas de carbono no ecossistema. Se isso for para a atmosfera, todo o cenário de aquecimento pode piorar muito.

 O relatório também traz mais clareza em relação às projeções voltadas para elevação do nível do mar?

Paulo Artaxo: A projeção até 2100 é de que o nível do mar suba em torno de um metro. E esse relatório faz pela primeira vez uma projeção para 2300. Isso porque, uma vez iniciado o processo de derretimento das geleiras, não há maneira de parar. E a parte do relatório Science for Policy Makers traz a projeção de elevação de até 16 metros até 2300.

As consequências disso para cidades como Rio de Janeiro, Nova York, Londres e para países como Bangladesh são catastróficas. 

A palavra “irreversível” aparece muitas vezes no relatório. O que ainda é possível reverter com o corte significativo de emissões de gases do efeito estufa?

Paulo Artaxo: Muitos processos já iniciados são irreversíveis. A meia vida do CO2 na atmosfera é de alguns milhares de anos, ou seja, o CO2 que a gente já emitiu vai ficar lá.

A única maneira de tirar esse CO2 da atmosfera é através da fotossíntese. Mas como vamos plantar árvores onde hoje se cultiva comida? Isso traria um impacto gigantesco para a sociedade. 

Há ainda um dado muito importante nesse relatório. Os aerossóis estão mascarando o aquecimento.

A poluição emitida por partículas que resfriam o clima é responsável pelo resfriamento de 0,5 ºC. Isso foi calculado pela primeira vez.

A hora em que a gente parar de queimar carvão e petróleo, que a gente eletrificar os veículos do mundo inteiro - e isso vai ocorrer - o planeta será aquecido imediatamente em mais 0,5 ºC. Isso é 50% de tudo o que foi aquecido até agora desde a Revolução Industrial. 

Isso significa que não será possível manter o aumento da temperatura "bem abaixo dos 1,5 ºC", como estipulado no Acordo de Paris, já que a temperatura média do planeta já subiu 1 ºC desde a Revolução Industrial?

Paulo Artaxo: O IPCC fala, nesse relatório, que vamos aquecer em média 1,5 ºC nesta década. Mas na verdade, isso é eufemismo. Vamos diminuir a redução dos aerossóis, isso vai acontecer na Índia, China, América Latina, com a eletrificação da frota e a desativação das usinas a carvão. E esse 0,5 °C que está mascarado vai ser somado de imediato. 

Então parar de queimar combustíveis fósseis vai piorar o aquecimento do planeta?

Paulo Artaxo: Vai aumentar a temperatura no curto prazo. Mas, para a sociedade, ao longo dos anos, isso é vantajoso:

1º) vai reduzir as 3 bilhões de pessoas que morrem por ano por doenças causadas pela poluição do ar.

2º) Vai tornar os nossos ecossistemas mais sustentáveis, diminuindo a deposição de substâncias tóxicas. Parar de queimar carvão e outros [combustíveis fósseis] vai deixar de mascarar um terço do aquecimento, mas é esse o caminho a seguir. 

É urgente, urgentíssimo frear as emissões de Gás Carbono na atmosfera!!!

Quais são as perguntas desafiadoras a serem respondidas nos próximos relatórios?

Paulo Artaxo: As principais perguntas estão associadas com o que a gente chama dos tipping points, os chamados pontos de não retorno. Onde estão eles?

* Em que nível de subida de temperatura a gente altera a circulação oceânica?

* Em que nível de temperatura a Floresta Amazônica passa a emitir carbono em vez de absorver, como ela estava fazendo até há algum tempo?

* Qual é o impacto do feedback da liberação de metano pelo derretimento do permafrost [solo permanentemente congelado]?

São todas questões ainda sem respostas. 

Estudos recentes mostraram que a Corrente do Golfo está enfraquecendo. Mais um sinal dos impactos das mudanças climáticas?

Paulo Artaxo: Sim. Nós estamos alterando o principal canal de redistribuição de energia do planeta. Isso é extremamente preocupante. 

Fonte: Deutsche Welle – Notícias / Brasil – Segunda-feira, 9 de agosto de 2021 – Internet: clique aqui (Acesso em: 10/08/2021).

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