«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 11 de dezembro de 2021

3º Domingo do Advento – Ano C – HOMILIA

 Evangelho: Lucas 3,10-18 

Alberto Maggi *

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

A vida muda para quem acolhe o Messias 

Lucas 3,10-11:** «As multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?” João respondia: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem, e quem tiver comida, faça o mesmo!”».

Multidões, cobradores de impostos, pessoas impuras e, até mesmo, soldados respondem ao convite de João Batista ao batismo como um sinal de mudança de vida, de conversão para obter o perdão dos pecados. Aqueles que não respondem ao convite de João Batista são os escribas, os fariseus e os sacerdotes; aqueles que pertencem à elite religiosa não acham que precisam de mudança. As multidões questionam João sobre o que devem fazer. E João, em sua resposta, não indica nada que diga respeito à relação com Deus ou ao culto, mas convida-as a partilhar, à solidariedade. 

Lucas 3,12-13: «Alguns publicanos vieram para o Batismo e perguntaram: “Mestre, que devemos fazer?” Ele respondeu: “Nada cobreis além do que foi estabelecido”.»

Os cobradores de impostos (= publicanos) são aqueles que têm a marca indelével da impureza (= pecado), aqueles para os quais não há esperança de salvação, no entanto, eles também vão se batizar. Os publicanos chamam João de «mestre», e querem saber qual deve ser o comportamento deles, uma vez batizados. João Batista, incrivelmente, não pede que eles parem com seu trabalho, mas lhes solicita que não explorem as pessoas, não roubem as pessoas. Mais uma vez, uma exigência de cunho ético, não religioso! 

Lucas 3,14: «Alguns soldados também lhe perguntaram: “E nós, que devemos fazer?” João respondeu: “Não maltrateis a ninguém, nem tomeis dinheiro à força e contentai-vos com o vosso soldo”.»

Também há soldados, provavelmente judeus a serviço de Herodes, e eles também perguntam o que devem fazer e João Batista os convida a não maltratar as pessoas, não extorquir nada de ninguém, ficar satisfeito com o seu salário (= soldo), ou seja, evitar as injustiças, os saques e os roubos típicos dos soldados. 

Lucas 3,15-16a: «Como o povo estivesse à espera, todos se perguntavam interiormente se acaso João não seria o Cristo, e ele respondeu a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele ...”»

Bem, para o povo, esta figura de João Batista é o messias, o libertador que deve chegar. João responde que mergulha as pessoas em um líquido externo, em sinal de mudança de vida. Contudo, ele deixa claro que virá alguém, ou seja, o messias.  Para entender a resposta de João Batista, devemos nos referir à cultura daquela época, mais precisamente, ao instituto jurídico do levirato, do latim levir, cunhado, que prescrevia que, quando uma mulher ficasse viúva e sem filhos, o cunhado tinha a obrigação de engravidá-la. O filho do sexo masculino que nascesse dessa relação, carregaria o nome do falecido. Tudo isso para se manter o nome do falecido sempre na família e dar-lhe uma descendência. Se o cunhado, evidentemente por razões econômicas, recusava essa tarefa, a cunhada procurava os anciãos da cidade e procedia à cerimônia de descalçar a sandália. Ela desamarrava as sandálias do cunhado, tirava-as, e cuspia em seu rosto (cf. Dt 25,8-10). Era um modo de deixar pública a humilhação daquele que não quis cumprir com a lei do levirato. 

Lucas 3,16a-18: «... mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de desatar-lhe a correia das sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo. Ele está com a pá na mão para limpar o trigo na eira: o trigo, ele o guardará no celeiro; mas a palha, ela a queimará num fogo que não se apaga.” Assim, e com muitas outras exortações, João anunciava o Evangelho ao povo.»

Na época dos Evangelhos, o povo de Israel se considerava como uma viúva, tanto era distante o relacionamento e o matrimônio com Deus! E eles esperavam esse messias como esposo. Então, João Batista indica: «Eu não sou o esposo». Portanto, quem deve fertilizar este povo sem vida não sou eu. Então, agora, entendemos melhor a resposta de João Batista ao afirmar que «virá aquele que é mais forte do que eu», isto é, quem tem mais direito do que ele, de quem ele não se sentia digno de desamarrar as correias das sandálias.

Enquanto o batismo na água, é um líquido externo ao homem que tem o significado de mudança, o batismo do Espírito Santo é uma efusão da vida divina que penetra no homem e muda a sua direção, muda o seu comportamento. Então, João Batista adiciona o fogo, fogo é um sinal de julgamento, de punição de Deus, mas quando Jesus retoma essas palavras de João Batista, ele vai omitir o fogo porque o Deus de Jesus é um Deus que oferece amor, até mesmo, para aqueles que não o merecem e não pune. Na verdade, Jesus dirá, está relatado nos Atos dos Apóstolos, no primeiro capítulo, no versículo 5: «João batizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias, sereis batizados com o Espírito Santo». Jesus omite o «fogo. Portanto, da parte de Jesus há apenas comunicação do Espírito Santo, ou seja, da vida divina, mas não há punição para quem o rejeita. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Todos os textos bíblicos citados foram extraídos de: BÍBLIA SAGRADA. Tradução oficial da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). 3. ed. Brasília (DF): Edições CNBB, 2019. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

“Os homens são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos.” (Aristóteles, filósofo grego: 384 a 322 a.C.)

A perversão e corrupção de uma sociedade podem ser notadas quando uma parcela importante de seus cidadãos chega ao ponto de pensar que seja lógico, seja normal tirar proveito das pessoas e obter o maior lucro possível e a qualquer custo! Então, os outros, os seres humanos passam a ser meros instrumentos para eu obter riqueza, sucesso e prazer! Todos me servem e eu não sirvo a ninguém! 

É impressionante perceber que a nossa religião cristã é mais preocupada com a ÉTICA do que com o culto; com o COMPORTAMENTO do que com os rituais celebrativos; com a FRATERNIDADE do que com o rigor no cumprimento de normas e regras religiosas! João, o Batizador, percebeu muito bem isso. A mudança de vida estava em seu propósito para “preparar os caminhos do Senhor”. 

Porém, como observa bem frei Alberto Maggi, “os escribas, os fariseus e os sacerdotes” não atendem ao convite de João, pois não se acham necessitados de conversão, de mudança de vida. Sentem-se “super religiosos”, “super perfeitos”, “super respeitadores das regras, normas e rituais religiosos”. Para eles, crer em Deus era isso: servir a uma religião! E pensar que, nos tempos atuais, muitos têm a mesma postura e atitude desses “piedosos” de antigamente! 

No entanto, Jesus não veio propor-nos uma religião, mas a maneira certa de crermos e nos relacionarmos com o seu Pai, com Deus. Essa maneira consiste em nos amarmos mutuamente e fazermos, de tudo, para que este mundo seja a casa de todos, para a felicidade de todos e não, apenas, de alguns! No fundo, Jesus veio nos propor a humanização! Somente sendo homens e mulheres plenos, saberemos quem é Deus e nos encontraremos com Ele e Ele conosco! 

Concluindo, é importante notar que Jesus vai além de João Batista em suas exigências de conversão, de mudança de vida. Confiramos o que ele propôs a um certo homem que lhe buscou, um dia: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mt 19,21; paralelos: Mc 10,21; Lc 18,22). Nós cremos, de fato, de verdade no Evangelho? Quem leva o Evangelho a sério? 

É tempo de decidir, de fazer a nossa escolha! É bom saber que Deus é paciente e misericordioso para com todos nós. Porém, a nossa vida, nesta Terra, não dura para sempre! 

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Verbo, esplendor do Pai, na plenitude dos tempos, tu desceste do céu, para redimir o mundo. O teu evangelho de paz liberte-nos de toda culpa, infunda luz nas mentes, esperança em nossos corações. Quando vieres como juiz, entre os esplendores do céu, acolhe-nos à tua direita na assembleia dos bem-aventurados. Louvado seja Cristo Senhor, Pai e Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.»

(CAMILLERI, Charlò O.Carm. 3ª Domenica di Avvento. In: CILIA, Anthony O.Carm. Lectio Divina sui vangeli festivi: per l’anno liturgico C. Leumann [TO]: Elledici, 2009, p. 38)

 Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci”– Videomelie e trascrizioni – III Domenica di Avvento – 16 dicembre 2018 – Internet: clique aqui (acesso em: 09/12/2021).

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