«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

É para ontem!

 COP-26: o planeta pede socorro

 Dom Odilo Pedro Scherer

Cardeal-Arcebispo de São Paulo – SP 

Para Papa Francisco é hora de mostrar se há vontade política para destinar mais recursos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e ajudar os mais pobres

É muito sério o problema das mudanças climáticas, posto em debate na Conferência de Glasgow. O que está em jogo é o futuro da vida em nosso planeta azul. Órgãos de governo, empresas, cientistas, pesquisadores e especialistas no tema debateram e compartilharam preocupações e ideias para estabelecer metas e determinar medidas concretas para frear a degradação das condições de vida na Terra. 

Também a Igreja Católica compartilha essa preocupação e participa do esforço para cuidar do ambiente da vida. Não é de hoje que ela ensina o respeito à NATUREZA, que não é vista apenas como algo a ser desfrutado para o desenvolvimento humano: ela é obra de Deus Criador e manifestação de sua providência para com o ser humano e todas as criaturas.

Cabe ao homem cuidar e administrar este “jardim”, em benefício de todos.

Embora isso já estivesse presente no ensinamento cristão tradicional, a palavra mais explícita da Igreja sobre as questões ambientais é mais recente, como também acontece no âmbito geral da cultura. Contudo, lembro-me bem de uma chamada do padre de minha comunidade de origem, no Paraná, nos anos 1950, advertindo contra o desmatamento indiscriminado e a erosão das terras: “A terra está ferida e a água vermelha dos córregos e rios é seu sangue que escorre”, dizia ele. 

Papa Bento XVI lançando a 
encíclica Caritas in veritate

O papa Bento XVI, na encíclica Caritas in veritate (2009), ao tratar do desenvolvimento humano integral, recordou que a natureza nos precede, tendo-nos sido dada por Deus como precioso ambiente da vida. Ela nos fala do Criador e do seu amor pela humanidade. A natureza está à disposição do homem, mas não para qualquer intervenção e uso. Nela, o Criador imprimiu ordenamentos intrínsecos, que o homem deve conhecer e respeitar (cf. n.º 48). O homem pode servir-se responsavelmente da natureza para viver, mas precisa respeitar os equilíbrios intrínsecos da mesma natureza. 

No mesmo documento, o papa Ratzinger tratou das implicações éticas e morais da conduta humana em relação à natureza. A questão não pode ser abordada apenas do ponto de vista técnico e econômico, pois também está associada aos deveres que nascem da relação do homem com o ambiente e com as demais pessoas.

Essa relação envolve a nossa responsabilidade para com a humanidade inteira, sem esquecer os pobres e as gerações futuras.

Sem esse discernimento, a natureza acaba sendo um tabu intocável ou, ao contrário, uma reserva da qual o homem vai se apossando até o exaurimento. Nem uma nem outra dessas atitudes corresponde à visão cristã sobre a natureza. 

Em 2015, o papa Francisco publicou a encíclica Laudato sìsobre o cuidado da casa comum, dedicada inteiramente à ecologia integral, com alguns conceitos novos e incisivos.

Nas questões ambientais, tudo está interligado: o ambiente da vida, a pessoa humana e os demais seres, as questões econômicas, a justiça social e a paz.

Não se pode tratar de uma delas sem levar em conta as demais dimensões deste conjunto de relações de uma ecologia integral. Também é bem ilustrativa a imagem da casa comum, usada pelo papa na encíclica: nosso planeta é a casa comum da inteira família humana. Descuidar ou pôr em risco a segurança desta casa é uma ameaça para a existência da própria humanidade. E o cuidado desta casa é uma responsabilidade de todos os seus habitantes. Ninguém está dispensado de fazer a sua parte. 

PAPA FRANCISCO lança a famosa encíclica Lautato sì - sobre o cuidado da casa comum

Francisco propõe uma verdadeira “conversão ecológica”, que leve a...

... mudanças de atitudes, padrões de vida, de modelos de desenvolvimento econômico e cultural e de formas de fazer política.

Os padrões insustentáveis de produção e consumo, fora de controle, da sociedade global, levam à degradação das relações humanas e do planeta. Somente uma nova consciência ambiental e solidária será capaz de evitar o pior e de cuidar bem da Terra, preservar os recursos naturais e garantir o desenvolvimento humano sustentável, com justiça social, paz e esperança na nossa casa comum. 

No dia 31 de outubro passado, Francisco conclamou os líderes mundiais a ouvirem “o grito da Terra e dos pobres”, pedindo que a Conferência de Glasgow forneça respostas eficazes para as graves questões climáticas globais e esperança concreta para as gerações futuras. Na mensagem enviada ao presidente da COP-26, Alok Sharma, o papa escreveu que é hora de mostrar se realmente existe vontade política para destinar, com honestidade, responsabilidade e coragem, mais recursos para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas e para ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, que são as que mais sofrem com os efeitos dessas mudanças. 

Na sua intervenção na Conferência de Glasgow, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, insistiu: os Acordos de Paris podem parecer ambiciosos, mas são inadiáveis. E desafiou os países mais capazes e ricos a liderarem uma finança e uma economia descarbonizadas.

Trata-se de uma mudança de época e de um desafio civilizatório, que requer o esforço de todos. Também dos cidadãos comuns.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – Sábado, 13 de novembro de 2021 – Pág. A8 – Internet: clique aqui (Acesso em: 06/12/2021).

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