«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Homicídio de adolescentes sobe 346% em 30 anos [Nosso futuro morre!]

Bruno Paes Manso

Total também inclui crianças; 
acidentes de trânsito, principalmente com motos, 
preocupam na faixa de 14 a 18 anos

De um lado, avanços em pesquisas e mais investimentos em saúde nos últimos 30 anos diminuíram os riscos de crianças e adolescentes morrerem de doenças e causas naturais no País. De outro, o Brasil ficou mais violento para essa faixa da população no mesmo período.
Entre 1980 e 2010, o total de mortes de pessoas entre 0 e 19 anos por doenças e causas naturais passou de 387 casos em cada 100 mil pessoas para 88,5 por 100 mil, queda de 77%. Por outro lado, cresceu o total de crianças e de adolescentes que morrem por causas externas, que incluem homicídios, suicídios, acidentes de trânsito e de outros tipos. As vítimas de causas externas, que somavam 27,9 casos por 100 mil habitantes em 1980, alcançaram 31,9 casos por 100 mil em 2010, aumento de 14,3%.


Em 30 anos: 

  • 55 crianças e adolescentes morreram diariamente por homicídios, suicídios e acidentes
  • total suficiente para colocar o Brasil nos primeiros lugares no ranking de países mais violentos para crianças e jovens no mundo
  • É o quarto onde mais se mata e o 12.° onde mais se morre por acidentes de trânsito.
  • A piora no quadro de mortes por causas externas foi puxada pelos homicídios, que cresceram 346,4% em 30 anos
  • Em 1980, morreram assassinadas 3,1 crianças e adolescentes em cada 100 mil, total que alcançou 13,8 casos por 100 mil em 2010. 
  • Também aumentou o total de suicídios (38%) e de acidentes de trânsito (7%).

Julio Jacobo Waiselfisz - sociólogo
Os dados são do Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil, estudo feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e pela Flacso Brasil. "Esses dados ajudam a revelar certos aspectos do Brasil que às vezes passam despercebidos. O fato de no Brasil se matar 130 vezes mais crianças e adolescentes do que no Egito revela que algo está errado", diz o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, que coordenou a pesquisa.


Situação em SP


Em 2010, São Paulo foi a capital brasileira com menor número de assassinatos de jovens e crianças, com 5,3 homicídios por 100 mil habitantes. No trânsito, entre as 27 Unidades da Federação, o Estado paulista ficou em 22.º lugar, entre os menos violentos.


No caso dos acidentes de trânsito, o estudo revelou peculiaridades interessantes. Na última década, diminuiu o total de mortes entre crianças de 2 a 13 anos. Nos extremos, porém, tanto entre bebês de 0 a 1 ano quanto entre adolescentes de 14 a 19, aumentou o número de vítimas.


Para os jovens, esse aumento ocorreu principalmente por causa do crescimento da venda e uso das motocicletas, que representaram 39% das mortes em acidentes de trânsito, à frente do automóvel (19,3%) e pedestres (12%). "É uma idade complicada. Chamamos o jovem de 14 a 18 anos que dirige de 'aventurista', aquele que pega a moto e a bicicleta e mergulha no meio do trânsito sem pensar muito nas consequências", explica Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).


Violência sexual


O estudo também tentou identificar os atendimentos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) de jovens e adolescentes vítimas de violência física e de abuso sexual.


A fatia com maior quantidade de vítimas compreende crianças de 1 a 4 anos. Em 2011, foram atendidas no Brasil vítimas de agressão 6.132 crianças, enquanto 1.607 jovens entre 15 e 19 anos foram parar nos hospitais por causa de violência física. "Nos casos de violência há ainda as cifras negras, casos que acabamos não conhecendo porque a vítima fica constrangida em pedir ajuda", diz Waiselfisz.


Ainda em 2011, 10.425 pessoas foram atendidas em hospitais vítimas de violência sexual. Em 23% dos casos, pais e padrastos foram os responsáveis pelo abuso.


Em julho do ano passado, o guarda-civil de Diadema Claudio Martins de Freitas, de 52 anos, perdeu o filho Jefferson, de 18, assassinado. O mais velho, Cleiton, de 21, foi preso. Sem pensar nas consequências, os dois jovens arriscaram o futuro ao tentar assaltar um carro. No Brasil, a faixa de vítimas de homicídios com 18 anos registrou 58,2 casos por 100 mil habitantes.


Como guarda-civil, Freitas concorda que deveria haver punição. A reação por parte dos policiais no caso, no entanto, segundo ele ouviu de testemunhas, foi desproporcional. O caso, porém, foi arquivado por falta de provas. "Os policiais também são jovens demais, despreparados."


ANÁLISE



Bruno Paes Manso
As chances de uma criança ou adolescente brasileiro morrer assassinado são maiores hoje
do que eram há 30 anos, colocando o país na
quarta pior colocação numa comparação com outros 91 países
Mais do que excesso de hormônios, a neurociência já identificou na imaturidade do córtex órbito-frontal dos jovens - área do cérebro responsável por cálculos de custo-benefício - uma das causas do excesso de decisões equivocadas nessa faixa etária. A imaturidade leva o jovem a não pensar nas consequências de longo prazo e a sobrevalorizar os ganhos de curto prazo.


As consequências dos erros podem ser fatais. O País lidera o ranking da violência contra crianças e adolescentes em diferentes pesquisas. Enquanto em Portugal, por exemplo, os homicídios de 0 a 19 anos correspondem a 0,2 caso por 100 mil habitantes, no Brasil essa taxa chega a 13 - 65 vezes mais.


E a sociedade brasileira parece viver um contrassenso. Ao mesmo tempo em que avanços na saúde permitem combate mais eficiente a doenças, o Brasil parece incapaz de construir instituições capazes de garantir comportamentos mais civilizados. São responsáveis pelos homicídios de crianças e adolescentes tanto os jovens que convivem com eles e matam muitas vezes por motivos banais, quanto integrantes das instituições policiais, que deveriam ser responsáveis por controlar e punir comportamentos violentos.


A dificuldade em lidar com jovens também fica evidente no trânsito. Motos tornam a vida sobre duas rodas um comportamento quase suicida. De 2000 a 2010, as mortes de pessoas de 19 anos, por exemplo, cresceram 72%.


A fragilidade das estruturas familiares é outro fator. Segundo o Mapa da Violência, pais e padrastos foram responsáveis por 39% das agressões contra crianças e adolescentes em 2011.



Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Notícias/São Paulo - 18 de julho de 2012 - 03h02 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,homicidio-de-adolescentes-sobe-346-em-30-anos,901658,0.htm

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