«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O inútil altar de sacrifícios

Clóvis Rossi


As políticas de austeridade rígida fizeram aumentar o desemprego, mas a dívida não diminuiu


Clóvis Rossi - jornalista
E a Espanha também aceitou ser açoitada pelos seus pares europeus, nesse altar de sacrifícios em que se transformou a política de ajustes imposta pela crise.


Mariano Rajoy, o presidente do governo, anunciou ontem um pacote de € 65 bilhões até 2015, entre cortes de gastos e aumento de impostos, condição exigida pela União Europeia para resgatar os bancos espanhóis encalacrados.


Resolve alguma coisa? Do ponto de vista social, está evidente que os ajustes até agora implementados só causaram dor.


O desemprego já atingiu um recorde obsceno e, pior, vai aumentar, segundo os cálculos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Em 2013, subirá para 25,3%, algo mais que os 24,5% previstos para este ano.


Não obstante, o pacote ontem anunciado reduz o valor do seguro-desemprego a partir do sétimo mês, o que acrescenta sadismo ao massacre social em curso desde o governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero.


Resolve do ponto de vista político? Os socialistas foram triturados nas urnas, mas seu sucessor, conservador, já o está sendo nas pesquisas: 65% desaprovam sua gestão e 78% dizem ter pouca ou nenhuma confiança no seu taco, conforme levantamento que "El País" publicou domingo. E olhe que Rajoy foi eleito faz apenas oito meses. Já está desmoralizado.


Resolve pelo menos do ponto de vista da saúde das contas públicas, preocupação obsessiva e única dos governantes europeus, só recentemente temperada pela eleição de François Hollande e sua defesa do crescimento, além da austeridade?


Tampouco, como se lia ontem em artigo de Jamil Baz, estrategista-chefe de um desses fundos de investimento de risco, para o "Financial Times".


Começa com um toque religioso, ao dizer que "às vezes é possível acreditar que o sofrimento vale a pena" e que "a era de austeridade em que supostamente vivemos tem um tipo de qualidade redentora".


Pois não tem, não, acrescenta: "Depois de cinco anos [desde o início da crise], estamos pior do que quando começamos".


Mas, atenção, ele não está falando do desemprego na Espanha (ou na Grécia ou no resto do mundo desenvolvido). Esse tipo de detalhe sórdido interessa pouco ou nada a agentes de mercado.


Está falando da dívida, cuja redução é o Santo Graal da austeridade: a dívida subiu de uma média ponderada de 381% do Produto Interno Bruto em 2007 para 417% nas 11 economias que mais estão no microscópio do mercado (Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Irlanda, Itália, Japão, Portugal e Reino Unido).


Não é preciso ser PhD em Harvard ou outra grife acadêmica para desconfiar que alguma coisa está profundamente errada com essas políticas. Um erro de origem, aliás: a crise não foi provocada pelo mau comportamento dos governos que gastaram ou se endividaram demais, mas pelo sistema financeiro, suas aventuras e seus trambiques (vide o caso recentíssimo da fraude com a Libor). Logo, açoitar governos e sociedades, deixando solta a banca, é poupar os pecadores.


Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Quinta-feira, 12 de julho de 2012 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/54088-o-inutil-altar-de-sacrificios.shtml

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