Descaso que matou e mata!
Governo Bolsonaro recusou 14 vezes ofertas para compras de vacina
Octavio Guedes
Um
dos objetivos da CPI é apontar no relatório final o número de vezes em que o
governo DISSE NÃO à única solução para prevenir a doença
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Frase proferida por JAIR BOLSONARO, no dia 4 de março de 2021, em Uberlândia (MG) |
O placar deve crescer ao longo das investigações, já que um dos objetivos da comissão é apontar no relatório final o número de vezes em que o governo disse não à única solução para prevenir a doença.
Não ao Butantan: 6 vezes
Das onze recusas conhecidas e que podem ser provadas com documentos, seis são referentes à Coronavac. Há três ofícios assinados pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, oferecendo o imunizante. O primeiro, datado de 30 de julho de 2020, e o segundo, de 18 de agosto, ficaram sem resposta. O terceiro documento foi entregue pessoalmente em 7 de outubro por Dimas Covas, ao ministro da saúde, o general Pazuello.
Como os documentos não tinham
resposta,...
... o
Instituto Butantan realizou três videoconferências com integrantes do
Ministério da Saúde para fazer a oferta. Nada andou.
Os documentos com as provas da sabotagem do governo federal à Coronavac já estão separados numa gaveta do Instituto Butantan, aguardando apenas um pedido formal da CPI para serem entregues.
Não à Pfizer: 6 vezes
Há ainda mais três ofertas formais feitas pelo laboratório Pfizer [hoje, 13 de maio, o presidente regional da Pfizer confirmou 6 ofertas de vacina sem resposta por parte do governo Bolsonaro!]. A primeira delas foi feita em agosto de 2020, quando a farmacêutica colocou à disposição do Brasil 70 milhões de doses para serem entregues em dezembro de 2020. As outras duas ofertas formais, feitas através de documentos, foram confirmadas pelo laboratório. Segundo o ex-secretário de comunicação, Fabio Wajngarten, como o Ministério ignorava as propostas, exatamente como fez com o Butantan, ele próprio abriu as portas do Palácio do Planalto para uma negociação formal com o presidente da República e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Também não andou.
Confira todas
as ofertas detalhadas pelo executivo da Pfizer à CPI:
1ª oferta
– 14 de agosto: duas propostas, de 30 milhões ou de 70
milhões [de doses], com as mesmas condições e mesmo preço;
Oferta de 30
milhões
- 500 mil doses
para 2020;
- 1,5 milhão
para o primeiro trimestre de 2021
- 5 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 14 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 9 milhões para quatro trimestre de 2021
Oferta de 70
milhões
- 500 mil para
2020
- 1,5 milhão
para o primeiro trimestre de 2021
- 5 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 33 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 30 milhões para o quatro trimestre de 2021
2ª
oferta – 18 de agosto: duas propostas, de 30 milhões ou de 70
milhões, com as mesmas condições e mesmo preço
Oferta de 30
milhões
- 1,5 milhão
para 2020
- 1,5 milhão
para o primeiro trimestre de 2021
- 5 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 14 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 8 milhões para o quatro trimestre de 2021
Oferta de 70
milhões
- 1,5 milhão
para 2020
- 1,5 milhão
para o primeiro trimestre de 2021
- 5 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 33 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 29 milhões para o quatro trimestre de 2021
3ª oferta
– 26 de agosto: duas propostas, de 30 milhões ou de 70 milhões
Oferta de 30
milhões
- 1,5 milhão
para 2020
- 2,5 milhões
para o primeiro trimestre de 2021
- 8 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 10 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 8 milhões para o quatro trimestre de 2021
Oferta de 70
milhões
- 1,5 milhão
para 2020
- 3 milhões
para o primeiro trimestre de 2021
- 14 milhões
para o segundo trimestre de 2021
- 26,6 milhões
para o terceiro trimestre de 2021
- 25 milhões para o quatro trimestre de 2021
4ª
oferta – 1º de novembro:
- Atualização
da oferta, oferecendo:
- 2 milhões
para o primeiro trimestre de 2021;
- 6,5 milhões
para o segundo trimestre de 2021;
- 32 milhões
para o terceiro trimestre de 2021; e
- 29,5 milhões para o quatro trimestre de 2021.
5ª oferta – 24 de novembro: mesma oferta, com algumas considerações diferentes, principalmente em relação à execução do contrato.
6ª oferta – 15 de fevereiro de 2021: Oferta foi feita para 100 milhões de doses, considerando 8,7 milhões no segundo trimestre de 2021 e a maior parte nos terceiros e quarto trimestres.
Fonte:
Correio Brasiliense – Política – 13/05/2021 –
15h29 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.
Não à Covax Facility: 2 vezes
O senador Randolfe Rodrigues, autor do requerimento da CPI acrescenta à contagem as duas vezes que o governo Jair Bolsonaro se recusou a participar consórcio da Covax Facility. Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, o Brasil só aderiu no terceiro convite para aquisição de 212 milhões de doses. O acordo era visto pelo Ministério das Relações Exteriores como uma atitude globalista, portanto nociva ao país. O número de doses foi reduzido a pedido do governo brasileiro.
Burro na cabeça
Esse humilde blog observa que já são onze [atualizando: quatorze] recusas. Onze [atualizando: quatorze]. No jogo do bicho, 11 é a dezena do burro. Sim, o governo Bolsonaro foi burro, para dizer o mínimo, ao recusar tantas ofertas de vacina. Mas para ser coerente com a retórica do governo, o certo seria que o número de recusas variasse entre 57 e 60, dezenas do jacaré.
Fonte: Portal G1 – Política – Terça-feira, 27 de abril de 2021 – 06h00 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (acesso em: 13/05/2021).
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