«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Hipótese a ser levada em conta

 Suspeita paira sobre instituto de Wuhan

 Marcelo Leite

Jornalista, doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP, autor de “Promessas do Genoma” e “Ciência - Use com Cuidado” 

Origem acidental do Sars-CoV-2 convence mais que paranoia de Trump e Jair Bolsonaro

NICHOLAS WADE - renomado jornalista científico britânico, foi redator das revista Nature (1967-1971), Science (1972-1982), e da seção científico do jornal New York Times (1982). É autor de vários livros, alguns bem polêmicos

Como quase todos os jornalistas de ciência, até aqui eu descartava como teoria conspiratória a ideia de a Covid ter surgido no Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), cidade de origem da pandemia. Não mais, após ler reportagem do veterano Nicholas Wade no site Medium por sugestão de outra fera, Álvaro Pereira Júnior. 

Acesse essa importante reportagem, clicando aqui.

Não que Donald Trump ou Jair Bolsonaro estejam certos ao espalhar que o vírus Sars-CoV-2 foi fabricado por chineses para pôr o mundo de joelhos, longe disso.

Mas ninguém provou tampouco que estivessem de todo errados; não se exclui que o corona possa ter escapado por acidente do IVW. 

Wade fez minuciosa reconstituição de prós e contras das duas explicações concorrentes sobre o aparecimento do vírus. A mais aceita aponta morcegos como repositório natural do patógeno, que teria saltado para humanos a partir de hospedeiro ainda não identificado (falou-se em pangolins, mas não há evidência disso). 

A outra teoria indica que o Sars-CoV-2 teria infectado humanos a partir do laboratório da virologista Shi Zengli no IVW, possivelmente colaboradores seus. Nenhuma das hipóteses pode ser excluída, mas Wade —jornalista que cobre engenharia genética desde seus primórdios nos anos 1970— defende que as evidências favorecem a segunda. 

SHI ZENGLI pesquisadora do Instituto de Virologia de Wuhan (China)

Primeiro, algumas razões enfileiradas por ele contra a explicação de uma origem natural da zoonose. Não se localizou população alguma de morcegos com essa variedade particular de coronavírus, que aliás tem dificuldade para infectá-los, nem o animal intermediário. 

Cavernas onde os quirópteros suspeitos abundam ficam a 1.500 km de Wuhan, e os bichos não voam mais que 50 km.

Não há evidência biológica ou molecular de que o Sars-CoV-2 tenha sofrido mudanças características das adaptações esperadas num longo processo de transferência entre espécies.

Inexiste registro hospitalar de pneumonias atípicas nos arredores de onde há populações de morcegos e humanos em convívio estreito (não é o caso de Wuhan). Descobriram-se casos anteriores de Covid sem relação com o mercado apontado de início como ponto de origem na cidade. 

Artigos de críticos da teoria conspiratória alegam que o novo coronavírus não carrega “cicatrizes” típicas de vírus construídos em laboratório. Wade contrapõe que há outras técnicas para modificar seus genomas, que não deixariam os rastros procurados pelos céticos. 

Shi se especializou em coletar morcegos e betacoronavírus nas cavernas e em manipular geneticamente o patógeno. Eram experimentos de “ganho de função”: modificar proteínas como a S (espícula) para aumentar a infecciosidade em células humanas, sob pretexto de adquirir conhecimento para identificar variedades silvestres com potencial pandêmico. 

No outono [2019], antes de reconhecido o surto de Covid em Wuhan, funcionários do IVW adoeceram com sintomas compatíveis com Covid e foram internados. O governo chinês selou todos os registros e documentos do instituto e controlou os passos da comissão da OMS que investigava a origem do Sars-CoV-2, nada conclusiva. 

Sede do INSTITUTO DE VIROLOGIA DE WUHAN provável local do vazamento do vírus que vinha sendo modificado geneticamente

A reportagem enfileira detalhes técnicos complicados que sugerem um escape laboratorial. Coisas como sequências de “letras” (bases) genéticas típicas de seres humanos usadas nas experiências de ganho de função, inclusive por Shi —ironicamente, com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). 

A leitura da investigação de Wade torna-se obrigatória. Sobretudo por quem, como eu, rechaçou uma origem artificial do novo coronavírus muito porque, vindo de Trump e Bolsonaro, só poderia ser mentira. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Saúde / Colunas e Blogs – Domingo, 9 de maio de 2021 – Pág. B3 – Internet: clique aqui (acesso em: 10/05/2021).

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