A família encolheu [Importantes dados!]

Kalleo Coura
Veja
23.11.2011

E mudou de formato. Os lares brasileiros, menores, têm estrutura bem mais diversa do que a clássica pai, mãe e filhos

A família brasileira está menor, mais fragmentada e se organiza de forma muito mais diversa do que há dez ou vinte anos. Até 1990, os casais tinham 2,8 filhos em média, 80% dos lares eram encabeçados por um homem e a estrutura da família nuclear era, com raras exceções, a clássica: pai, mãe e filhos. A segunda parte dos resultados do Censo 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada, revela algumas das mudanças por que o país passou desde 2000, ano em que foi feito o último estudo. E, ao menos no que diz respeito à vida privada dos brasileiros, elas são profundas.


O tamanho das famílias é a parte mais visível dessa transformação. Hoje, os domicílios abrigam em média apenas três pessoas. Além de terem encolhido, as famílias estão mais fragmentadas - 15% delas são formadas por mulheres que vivem com seus filhos sem a presença dos pais das crianças. Essa população - que inclui as viúvas, mas é formada sobretudo por mulheres separadas e mães solteiras - faz parte de um universo maior e crescente, o das autodeclaradas "chefes de família".


Em 2000, em 27% das casas os entrevistados declararam aos recenseadores do IBGE que o "chefe da família" era uma mulher. Em 2010, o índice já havia subido para 38%. Trata-se de uma resposta subjetiva a uma questão que busca determinar quem, na casa, é responsável pela tomada das decisões mais importantes - o que não quer dizer, necessariamente, que seja também seu provedor principal.


O IBGE também constatou um salto no número de pessoas que vivem sozinhas. Há uma década, os solitários eram 4 milhões, responsáveis por 9% das casas. Hoje, são 7 milhões, o que totaliza 12% dos domicílios do Brasil. No Censo 2010, o IBGE pela primeira vez perguntou a opção sexual dos entrevistados. Em 60 000 casas, moradores declararam que ali vivia um casal de homossexuais. O número representa O,1 % do total de domicílios do país.


Mas as questões levantadas pelo Censo também perscrutaram o Brasil que existe da porta da rua para fora. Ao olhar o resultado dos indicadores sociais, o que se nota é que o Brasil avançou em todos. A taxa de analfabetismo, por exemplo, finalmente deixará de ser um problema - e a curto prazo. Hoje, 10% da população é analfabeta, mas um corte estatístico relativiza essa informação. Se, acima dos 65 anos de idade, o analfabetismo assola 29% das pessoas, dos 10 aos 14, apenas 4% não sabem ler e escrever. O futuro é promissor, portanto. Mas, em alguns campos, o Brasil avança a passos muito lentos rumo a ele. A infraestrutura é um exemplo.


A coleta de lixo, atualmente, atende a 87% dos domicílios do país. É melhor que o índice de 79% registrado em 2000. Na coleta de esgoto, a situação é pior. Em 2000, apenas 62% dos lares brasileiros tinham acesso à rede de tubulações ou, ao menos, a uma fossa séptica. Uma década mais tarde, o número não passa de 67%. Na Região Norte, a ampliação da rede de esgotos nem sequer acompanhou o aumento da população. Para o geógrafo Demétrio Magnoli, essa situação é fruto de uma opção feita pelos governos na última década. "Priorizou-se a transferência de renda, por meio de programas como o Bolsa Família, em detrimento de investimentos em áreas vitais como o saneamento, que rendem menos votos", diz ele. Pena que nesse ponto o Brasil não tenha mudado tanto.


O BRASIL DA PORTA PARA DENTRO
Segundo o Censo 2010 (IBGE), as famílias brasileiras estão menores e há mais gente morando sozinha. Pela primeira vez, o IBGE incluiu na pesquisa de domicílios o número de casais gays e de filhos de outras uniões:

  • Hoje, as casas abrigam, em média, apenas 3 pessoas
  • As mulheres são chefes de família em 39% dos domicílios. Há dez anos, esse porcentual era de 27%
  • Em 8% das moradias há crianças que são filhos de apenas um dos cônjuges
  • Quase 7 milhões de imóveis, ou 12% do total, são habitados por uma única pessoa. Há dez anos, esse porcentual era de 9%
  • Casais gays ocupam 60.000 residências - 0,1% do total
  • A porcentagem de uniões consensuais, os casamentos informais, subiu de 29% para 36%

A VIDA MELHOROU
O Brasil tem mais empregos e os brasileiros, mais educação. O crescimento da infraestrutura, no entanto, segue em passos lentos




Fonte: Clipping - Seleção de Notícias - Ministério do Planejamento - 21/11/2011 - Internet: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/21/a-familia-encolheu/

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