FINADOS: O nosso destino é de ajudar
ABRAHAM JOSHUA HESCHEL*
O maior problema não é como continuar, mas como elevar a existência.
É presunção invocar uma vida além túmulo, se antes de a ele descer não invocamos a vida eterna.
A eternidade não é perpétuo futuro, mas perpétua presença.
Ele [Deus] plantou em nós a semente da vida eterna. O mundo que a de vir não é somente um além, mas também um aqui e agora.
O nosso maior problema não é como continuar, mas como retornar. "Como retribuirei a Deus todo o bem que me fez?" (Sl 116,12).
Quando a vida é uma resposta, a morte é um retorno à casa.
"Preciosa aos olhos do Senhor é a morte dos seus santos" (Sl 116,15).
De fato, o nosso maior problema não é senão um eco da preocupação de Deus: Como posso retribuir ao homem todo o bem que me fez? "Porque a piedade de Deus dura para sempre".
Este é o significado da existência: reconciliar a liberdade com o serviço, o efêmero com o duradouro, tecer os fios temporais no tecido da eternidade.
A sabedoria mais profunda a qual pode chegar o homem consiste em saber que o seu destino é ajudar, servir.
Devemos vencer a fim de ser vencidos; devemos adquirir a fim de dar; devemos triunfar a fim de sermos suplantados.
O homem deve compreender para poder crer, saber para poder aceitar.
A aspiração é obter, a perfeição é distribuir.
Este é o significado da morte: a consagração última de si mesmo ao divino.
A morte, assim entendida, não será deformada pela ânsia da imortalidade, porque este ato de dar é a recompensa do homem a Deus pelo dom da vida que Deus lhe fez.
Para o homem religioso morrer é um privilégio.
* [Foto acima] Proeminente rabino e um dos principais teólogos judeus do século XX. Para saber mais sobre o autor, acessar (em inglês): http://en.wikipedia.org/wiki/Abraham_Joshua_Heschel ou (em espanhol): http://es.wikipedia.org/wiki/Abraham_Joshua_Heschel.
Fonte: HESCHEL, Abraham Joshua. L'uomo non è solo. 4 ed. Milano: Rusconi, 1971 (original inglês: Man Is Not Alone), pp. 300-301.
Tradução: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.
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