«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 12 de novembro de 2011

LENDAS DO FRACASSO [Alerta!]

Paul Krugman

Devemos ter cuidado com ideólogos que aproveitam a crise europeia para promover suas agendas

É assim que o euro termina - não com uma explosão, mas com bunga bunga. Não muito tempo atrás, os líderes europeus insistiam em que a Grécia podia continuar na zona do euro e pagar suas dívidas na íntegra. Agora, com a Itália caindo em um precipício, é difícil imaginar de que modo o euro poderia sobreviver.


Mas qual é o significado do fiasco do euro? Que lições extrair?


Ouço duas alegações, ambas falsas: 

  • os problemas da Europa refletem o fracasso dos Estados de bem-estar social como um todo, e 
  • a crise europeia confirma a necessidade de austeridade imediata nos EUA.

A primeira alegação está sendo feita por republicanos como Mitt Romney [foto ao lado], que acusou Obama de se inspirar nos "socialistas democratas" europeus e disse que "a Europa não está funcionando nem na Europa". A ideia é que os países em crise enfrentam problemas devido ao peso dos gastos governamentais.


Mas os fatos dizem o oposto.
É verdade que toda a Europa oferece benefícios sociais mais generosos - entre os quais serviços universais de saúde - e registra gastos governamentais mais altos que os EUA. Mas os países hoje em crise não oferecem mais bem-estar social do que os que estão se saindo bem.


Na verdade, a correlação indica o oposto. A Suécia, famosa por benefícios generosos, tem ótimo desempenho e é um dos poucos países cujo PIB atual é maior que o de antes da turbulência. E o "gasto social" em todos os países hoje em crise era menor do que na Alemanha.


A crise do euro, portanto, nada diz sobre a sustentabilidade dos Estados de bem-estar social. Mas justifica a necessidade de apertar os cintos numa economia já deprimida? Dizem-nos que os EUA têm de cortar gastos agora ou poderemos terminar como a Grécia. Os fatos também contam história diferente.


Primeiro, o fator determinante para os juros não é a dívida do governo, mas sim se a captação é feita em moeda nacional ou não. O Japão tem dívida bem maior que a italiana, mas os juros sobre os títulos japoneses de longo prazo são de cerca de 1%, ante 6% na Itália. As perspectivas fiscais britânicas parecem piores que as espanholas, mas o Reino Unido pode captar pagando 2% de juros; a Espanha paga quase 6%.


Na prática, ao adotar o euro, Espanha e Itália se reduziram à situação de países do Terceiro Mundo que precisam tomar empréstimos na moeda alheia, com toda a perda de flexibilidade que isso implica.


Por não poderem imprimir mais dinheiro em situações de emergência, os países da zona do euro ficam sujeitos a perturbações em sua captação que não afligem países capazes de tomar empréstimos em suas próprias moedas, como os EUA.


A austeridade, por sua vez, fracassou em todo lugar no qual foi tentada. Nenhum país com dívidas significativas conseguiu cortar gastos a ponto de recuperar o apreço dos mercados. A Irlanda, por exemplo, é o bom menino da Europa: respondeu à crise com medidas ferozes, que levaram o desemprego a mais de 14%. Mas os juros pagos pelos títulos irlandeses ainda superam os 8% - mais altos que os italianos.


Moral da história: devemos ter cuidado com ideólogos que tentam aproveitar a crise europeia para promover suas agendas. Se ouvirmos o que eles dizem, agravaremos ainda mais os nossos problemas.


Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Sábado, 12 de novembro de 2011 - Pg. A20 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/8460-lendas-do-fracasso.shtml

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