«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

2º Domingo do Tempo Comum – Ano “B”

Evangelho: João 1,35-42

José Antonio Pagola *

TRAZER AS PESSOAS PARA JESUS

O evangelista João teve um interesse especial em indicar a seus leitores como se iniciou o pequeno grupo de seguidores de Jesus. Tudo parece casual. O Batista olha para Jesus que passava por ali e diz aos seus discípulos que o acompanhem: “Este é o Cordeiro de Deus”.

Provavelmente, os discípulos não entenderam muita coisa disso tudo, porém começam a “seguir a Jesus”. Durante um tempo, caminham em silêncio. Não houve, todavia, um verdadeiro contato com ele. Estão seguindo a um desconhecido e não sabem, exatamente, o porquê nem para quê.

Jesus rompe o silêncio com uma pergunta: “Que procurais?” Que esperais de mim? Quereis orientar a vossa vida na direção que eu levo? São coisas que é preciso esclarecer bem. Os discípulos lhe dizem: “Mestre, onde vives?” Qual é o segredo de tua vida? O que é a vida para ti? Pelo que parece, não buscam conhecer novas doutrinas. Querem aprender de Jesus um modo diferente de viver. Querem viver como ele.

Jesus lhes responde diretamente: “Vinde ver”. Fazei vós mesmos a experiência. Não buscai informação de fora. Vinde viver comigo e descobrireis como eu vivo, a partir de onde oriento minha vida, a quem me dedico, porque vivo assim.

Este é o passo decisivo que necessitamos dar hoje para inaugurar uma fase nova na história do cristianismo. Milhões de pessoas se dizem cristãs, porém não experimentaram um verdadeiro contato com Jesus. Não sabem como viveu, ignoram seu projeto. Não aprendem nada de especial com ele.

Enquanto isso, em nossas Igrejas não temos capacidade para gerar novos crentes. Nossa palavra não é mais atraente e credível. Pelo que parece, o cristianismo, tal como nós o entendemos e vivemos interessa cada vez menos. Se alguém se aproximasse e nos perguntasse: “onde vives”, “o que há de interessante em vossas vidas”, como responderíamos?
É urgente que os cristãos se reúnam em pequenos grupos para aprender a viver no estilo de Jesus, escutando juntos o evangelho. Ele é mais atraente e credível que todos nós. Pode gerar novos seguidores, pois ensina a viver de maneira diferente e interessante.

TESTEMUNHAS

Há um provérbio judeu que expressa bem a importância que tem o testemunho dos crentes: “Se não dais testemunho de mim, diz o Senhor, eu não existo”.

O mesmo se pode dizer hoje do testemunho dos cristãos. Se eles não sabem ser testemunhas, o Deus de Jesus Cristo permanece oculto e inacessível à sociedade.
A única razão de ser de uma comunidade cristã é dar testemunho de Jesus Cristo. Atualizar, hoje, na sociedade o mistério do amor salvador de Deus manifestado em Cristo. A Igreja não tem outra justificação.

Em seu último livro Um Deus para hoje, M. Neusch nos recordou que este testemunho dos crentes há de se dar num contexto sociológico em que Deus sofre um processo condenatório. Na sociedade atual, se está levando a cabo, de muitas maneiras, um julgamento sobre Deus e, com frequência, os testemunhos contra Ele recebem mais audiência que aqueles que se pronunciam a seu favor.

Devemos recordar que nesta disputa a respeito de Deus, nem todos os crentes testemunham a seu favor e da mesma maneira. A Igreja pode atrair para Deus, porém pode também afastar dele.

O que importa, não é a quantidade de testemunhas, pois a verdade não se decide pelo critério das cifras. O decisivo não é, tampouco, a mensagem verbal que se pronuncia, ainda que devamos continuar falando de Deus.
Aquilo que deve crescer não é tanto o número de batizados, mas sua fé e seu amor. O que deve mudar não tanto a mensagem verbal da Igreja, mas a vida das comunidades cristãs.

Dificilmente o desenvolvimento da informação religiosa e doutrinal ajudará, hoje, a Igreja a acreditar em Deus, se ele não for, ao mesmo tempo, em si mesmo, manifestação do amor salvador de Deus.

Deus não se impõe numa sociedade pela autoridade dos argumentos, mas sim pela verdade que emana da vida daqueles crentes que sabem amar de maneira efetiva e incondicional.

Não podemos nos esquecer que “o único testemunho credível é o do amor efetivo aos homens, pois somente o amor pode testemunhar o Deus Amor”.
Talvez uma das tragédias do mundo atual, tão radicalizado em muitos aspectos, seja não contar hoje com experiências de “fé radical” e de “testemunhas vivas” de Deus.

A figura do Batista, verdadeira testemunha de Jesus Cristo, nos obriga a fazer-nos uma pergunta: Minha vida ajuda alguém a crer em Deus ou mais afasta dele?

O evangelista João narra os humildes começos do pequeno grupo de seguidores de Jesus. Seu relato começa de maneira misteriosa. Diz-nos que Jesus “passava”. Não sabemos de onde vem nem para onde se dirige. Não se detém junto ao Batista. Vai mais longe que seu mundo religioso do deserto. Por isso, o Batista indica a seus discípulos que se fixem nele: “Este é o Cordeiro de Deus”.

Jesus vem de Deus, não com poder e glória, mas como um cordeiro indefeso e inerte. Nunca se imporá pela força, não forçará ninguém a crer nele. Um dia será sacrificado numa cruz. Os que querem segui-lo o acolherão livremente.

Os dois discípulos que escutaram ao Batista começam a seguir Jesus sem dizer palavra. Há algo nele que os atrai, ainda que não saibam quem ele é e para onde os leva. Sem dúvida, para seguir a Jesus não basta escutar o que os outros dizem dele. É necessária uma experiência pessoal.

Por isso, Jesus se vira e lhes faz uma pergunta importante: “Que procurais?”. Estas são as primeiras palavras de Jesus a quem o segue. Não se pode caminhar atrás de seus passos de qualquer maneira. Que esperamos dele? Por que o seguimos? O que buscamos?

Aqueles homens não sabem aonde lhes pode levar a aventura de seguir Jesus, porém intuem que ele possa-lhes ensinar algo que, ainda, não conhecem: “Mestre, onde vives?”. Não buscam nele grandes doutrinas.

Na Igreja e fora dela, são muitos aqueles que vivem perdidos no labirinto da vida, sem caminhos e sem orientação. Alguns começam a sentir, com força, a necessidade de aprender a viver de maneira diferente, mais humana, mais sadia e mais digna. Encontrar-se com Jesus pode ser, para eles, a grande notícia.

É difícil aproximar-nos desse Jesus narrado pelos evangelistas sem sentir-nos atraídos por sua pessoa. Jesus abre um horizonte novo para nossa vida. Ensina a viver a partir de um Deus que deseja o melhor para nós. Pouco a pouco nos vai libertando de enganos, medos e egoísmos que nos estão bloqueando.

Quem se põe a caminho atrás dele começa a recuperar a alegria e a sensibilidade para os que sofrem. Começa a viver com mais verdade e generosidade, com mais sentido e esperança. Quando alguém se encontra com Jesus tem a sensação de que começa, finalmente, a viver a vida a partir de sua raiz, pois começa a viver de um Deus Bom, mais humano, mais amigo e salvador que todas as nossas teorias. Tudo começa a ser diferente.

Tradução: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.


* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Licenciado (= mestrado) em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculdade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil pela Editora Vozes, 2010).

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 10 de janeiro de 2012 - 09h37 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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