«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Custo de vida do Brasil supera o dos EUA [Incrível!]

FERNANDO DANTAS
RIO

Dados de 187 países-membros do FMI relativos ao ano passado apontam fato considerado anormal para um país emergente

O custo de vida do Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187 países -membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o mais caro em dólares de todo o mundo emergente.


Na verdade, há outros quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico.


Considerando economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos Estados Unidos.


Há uma explicação para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços, de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior. Assim, eles divergem muito em preço entre os países.


Em nações ricas, com salários altos, os serviços geralmente são muito mais caros do que nos emergentes. Isso se explica tanto pelo fato de que a renda maior tende a puxá-los para cima, como pelo fato de que a mão de obra empregada no setor de serviços recebe muito mais e representa um custo maior. Dessa forma, é principalmente o setor de serviços que faz com que o custo de vida seja mais alto no mundo avançado. Na comparação com os Estados Unidos, os países emergentes são quase sempre mais baratos.


É por isso que espanta que o Brasil apareça como mais caro do que os EUA nas tabelas de projeções do PIB de 2011 do FMI. "Essa inversão mostra que as coisas estão fora do padrão, porque a taxa de câmbio está completamente fora do padrão histórico, com uma valorização gigantesca nos últimos anos", diz o economista Armando Castelar [foto ao lado], do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio.


O custo de vida relativo dos países pode ser derivado da comparação entre as estimativas do FMI para o PIB em dólares correntes e o PIB ajustado pela paridade de poder de compra (PPP). Esse segundo método busca neutralizar - ao se fazer o cálculo do PIB - a diversidade dos preços, convertidos para dólares, dos mesmos produtos em diferentes países.


Alto custo afeta principalmente a indústria nacional

Para diretor do Iedi, ou o Brasil aumenta a produtividade e fica mais barato ou vai se tornar precocemente uma economia de serviços

O alto custo do Brasil, calculado em dólares, é um problema particularmente espinhoso para a indústria. O setor de serviços, cujo encarecimento é a principal causa do fenômeno no País como um todo, está muito mais isolado da competição internacional. E o setor de matérias-primas, apesar de exposto à concorrência externa, se beneficia da grande alta de preços internacionais.


A indústria, porém, tem de lidar simultaneamente com o alto custo do Brasil e com preços internacionais deprimidos pela combinação da avassaladora e barata produção chinesa com a demanda combalida dos países ricos. "Ou o Brasil fica mais barato e aumenta a produtividade ou vamos virar precocemente uma economia de serviços", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida [foto ao lado], diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).


Ele acredita que há um processo de desindustrialização relativa, que define como o apequenamento da parcela da indústria diante da expansão dos serviços. Para Gomes de Almeida, o Brasil corre o risco de envelhecer, ficar caro e se desindustrializar antes de ficar rico.


O alto preço das commodities exportadas pelo Brasil e os fluxos de capitais são apontados como as principais razões para a valorização do real, o fator mais importante para explicar por que o País está tão caro. Os capitais são atraídos pela boa forma econômica do Brasil e pelos juros ainda bastante elevados, na comparação com as taxas próximas a zero do mundo rico.


Para Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a valorização do real, embora em parte causada pelo preço das exportações, hoje reflete principalmente a entrada de dinheiro no País.


"Estão imprimindo dinheiro loucamente lá fora", ele diz, referindo-se à política dos Federal Reserve (Fed, banco central americano [foto ao lado]) e do Banco Central Europeu (BCE) de injetar liquidez na economia comprando títulos em poder do público.


O economista Francisco Lopes, sócio-fundador da consultoria Macrométrica e ex-presidente do Banco Central (BC), se diz muito menos preocupado hoje com a atração de capitais pelo Brasil do que em meados do ano passado, quando escreveu um artigo para o jornal Valor Econômico, alertando sobre o risco de uma "bolha de acumulação de reservas". Ele defende os cortes da Selic, a taxa básica, pelo Banco Central, que diminuíram o ganho dos capitais especulativos.


"Mas, mesmo no nível atual, de R$ 1,80, o câmbio ainda está atrasado - o BC tem de continuar a baixar os juros devagar, de modo que o real se desvalorize gradativamente e a inflação não saia de controle", ele diz.


Outro fator que pode explicar parcialmente o alto custo de vida no Brasil, quando comparado a outros emergentes, é a grande carga tributária e os impostos indiretos que incidem sobre o consumo.


O nível de câmbio real, porém, é geralmente apontado como o principal fator. O câmbio real não é definido apenas pela cotação do dólar, mas também pelos movimentos de outras moedas relevantes para o Brasil e pela inflação. Como a inflação do Brasil é maior que a americana, o País torna-se mais caro, e o câmbio real se valoriza, mesmo que a cotação do dólar fique constante.


O consultor Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC, diz que o alto custo da economia brasileira, medido em dólares, tem claramente uma implicação sobre a competitividade do País. "O quantum (a quantidade, independentemente de preço) da exportação brasileira está parado", ele observa.


Castelar, que tem recomendações parecidas com as de Pastore para o Brasil lidar com a situação de câmbio valorizado e seus impactos na indústria, lista um conjunto de ações: 

  • aumento do esforço fiscal, para ampliar a poupança pública, o que poderia mitigar a valorização; 
  • retomada das reformas e de uma agenda de longo prazo, com ajuste estrutural das contas públicas, atacando o déficit da Previdência; 
  • melhora do ambiente de negócios; e 
  • investimentos em infraestrutura.

Cálculo usa os Estados Unidos como referência

Em 2011, o PIB brasileiro projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) é de US$ 2,518 trilhões. Com este valor, a economia passa a ser a sexta maior do mundo, o que foi muito comemorado recentemente. Mas o Fundo tem outra maneira de medir o PIB, que desconta a diferença de custo de vida dos países - é o chamado PIB com paridade de poder de compra (PPP).


A razão do cálculo em PPP não é difícil de entender. O que interessa no PIB é medir a produção. Se um automóvel de uma mesma marca ou um atendimento médico da mesma qualidade custam muito mais num país do que no outro, do ponto de vista da medição do PIB, eles deveriam valer a mesma coisa.


Para fazer essa equalização, a metodologia PPP usa a economia americana como referência. Assim, se o serviço médico e o automóvel são muito mais baratos na Índia do que nos Estados Unidos, isso se refletirá no PIB em dólares correntes, reduzindo ainda mais o PIB indiano em relação ao americano. O PIB em PPP corrige essa distorção, aumentando o PIB indiano ao atribuir o mesmo valor a produtos idênticos, porém com preços diferentes em cada país. O cálculo, evidentemente, é uma aproximação, realizada pelo Programa de Comparação Internacional (ICP, na sigla em inglês), ligado ao Banco Mundial.


Assim, como na Índia o custo de vida é muito mais baixo que nos EUA, como ocorre em países emergentes, a projeção pelo FMI do PIB indiano de 2011 em PPP, de US$ 4,27 trilhões, é duas vezes e meia maior que a do PIB em dólares correntes no mesmo ano, de US$ 1,843 trilhão.


Na China, a projeção do PIB em PPP em 2011, de US$ 11,316 trilhões, é 60% maior que a do PIB em dólares correntes, de US$ 6,988 trilhões. Na Rússia, a projeção do PIB em PPP de 2011, de US$ 2,376 trilhões, é 26% superior à do PIB em dólares correntes, de US$ 1,885 trilhão.


O caso brasileiro, porém, é uma surpresa. Ao contrário de quase todos os 150 países emergentes listados pelo FMI, a projeção do PIB em PPP em 2011, de US$ 2,309 trilhões, é menor que os US$ 2,518 trilhões da projeção em dólares correntes. Isso indica que, ao contrário dos outros, o Brasil tem preços convertidos em dólares que são, em média, maiores que os americanos


Fonte: O Estado de S. Paulo - Economia - Domingo, 15 de janeiro de 2012 - Pgs. B1 e B3 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,custo-de-vida-do-brasil-supera-o-dos-eua-,822836,0.htmhttp://www.estadao.com.br/noticias/impresso,alto-custo-afeta-principalmente-a-industria-nacional-,822867,0.htm e http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,calculo-usa-os-estados-unidos-como-referencia-,822871,0.htm

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