INACREDITÁVEL - O SOFRIMENTO NA SÍRIA DEVASTADA!

Islamistas cobram taxa de cristãos em troca de segurança na Síria

Reuters
31 de janeiro 2014: refugiados palestinos na fila para receber alimentos em meio a escombros
no campo de Yarmouk, em Damasco, na Síria

Homens da comunidade cristã de Raqqa são obrigados a pagar 
17 gramas de ouro para grupo ligado à Al-Qaeda

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil) - movimento que combate o ditador sírio, Bashar Assad, com apoio da rede terrorista internacional Al-Qaeda - passou ontem a exigir dos cristãos de Raqqa, cidade controlada pelo grupo fundamentalista, o pagamento de "impostos" em troca de proteção. Além disso, os insurgentes exigem que os integrantes da comunidade cristã local contenham suas expressões de religiosidade. 

Composto principalmente por jihadistas estrangeiros, o Isil é considerado o grupo mais radical entre os insurgentes que tentam derrubar o regime sírio e tem travado violentos combates com rebeldes islamistas rivais. 

As ordens aos cristãos de Raqqa - de quem exigem pagamento em ouro, segundo o comunicado publicado ontem na internet - são a mais recente evidência de que a intenção do Isil é estabelecer um Estado com base nos princípios do islamismo radical, perspectiva que causa preocupação em financiadores ocidentais e árabes da insurgência síria. 

Citando o princípio da sharia, a lei islâmica, denominado "dhimma" (proteção, em árabe) - que estabelece as condições em que não muçulmanos devem viver em Estados islâmicos -, o Isil oferece segurança aos cristãos em troca de ouro exige a restrição a suas expressões de fé. 

Os cristãos de Raqqa foram proibidos de fazer reformas em igrejas ou outras edificações consideradas sagradas - e também de exibir símbolos religiosos do lado de fora dos templos, tocar sinos das igrejas ou rezar em público. 

Cada homem cristão está obrigado a pagar a taxa de até 17 gramas de ouro, imposto similar ao pago por não muçulmanos em Estados islâmicos séculos atrás. 

A determinação do Isil ainda proíbe os cristãos de portar armas e de vender carne de porco  ou vinho, assim como beber bebidas alcoólicas em público. 

O conceito da dhimma remonta ao século 7º, à expansão do mundo islâmico da Península Arábica pelo Norte da África e Europa. No entanto, foi amplamente abolido pelas reformas aplicadas pelo Império Otomano nas regiões árabes que dominava, até meados do século 19. 
Campo de Yarmouk, em Damasco, Síria: "devastação inacreditável"

PALESTINOS SOFREM COM ISOLAMENTO 

O representante da ONU para os refugiados palestinos, Filippo Grandi, foi ao campo de Yarmouk, em Damasco, na segunda-feira, e disse que "a devastação é inacreditável". Mais de cem morreram de fome ou de males agravados pela desnutrição no ano passado.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014 - Pg. A14 - Edição impressa.

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