«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

UM EXEMPLO A NÃO SER SEGUIDO!!!

A Suíça mete medo na Europa
Gilles Lapouge
Os suíços abrem mão do dinheiro que tanto prezam em razão de um princípio, uma ideia, mesmo que xenófoba
Tradução desta publicidade sobre as eleições recentemente realizadas:
"Excesso de noite para a Suíça - Parar a imigração massiva: SIM"
A Suíça, que não pertence à União Europeia, provoca tremores na Europa. Como ela fez para obter esse belo resultado? Usou seu meio de governar habitual: uma votação, ou seja, um referendo, instrumento de seus próprios cidadãos para resolver questões importantes.
Tratava-se de saber se a Suíça deveria limitar a imigração e instaurar uma "preferência nacional", retornando ao regime em vigor antes de 1999, que submetia a entrada de cidadãos estrangeiros a "quotas". Essa votação foi exigida por um poderoso partido populista suíço, a União Democrática do Centro (UDC). A iniciativa parecia destinada ao fracasso. No entanto, a proposta teve sucesso. E foi decidido: ninguém mais vai entrar na Suíça "sem permissão".
Na União Europeia, foi a consternação. Angela Merkel, o ministro francês do Exterior, os dirigentes da Comissão de Bruxelas, soaram o alarme. A livre circulação de pessoas e bens é uma das liberdades que os europeus mais prezam. O fato de a Suíça dar as costas para ela é lamentável. Aqui e ali são analisadas medidas de resposta.
A Suíça, porém, não faz parte da União Europeia e, portanto, é soberana em seu território e Bruxelas não pode dizer nada. Só que não é bem assim: A Suíça não pertence à UE, mas pertence a uma "emanação" da UE, o Espaço Schengen, ao qual ela aderiu em 2004, que garante a livre circulação de pessoas entre todos os países que assinaram o tratado. A pergunta é se a Suíça, depois dessa decisão de restabelecer seu sistema de quotas para os estrangeiros pode continuar integrando o Espaço Schengen.
E não é tudo. Mesmo não fazendo parte da UE, a Suíça assinou diversos acordos particulares com o bloco. Acordos que permitiram ao comércio exterior suíço crescer e se desenvolver de modo magnífico. Esses acordos poderão ser declarados caducos. O que será um golpe severo para a miraculosa prosperidade da Suíça, que se tem apenas 3% de desempregados é graças à vitalidade das suas trocas comerciais.
Nesse ponto, vale uma reflexão psicológica. A Suíça sempre foi famosa pelo seu realismo. País dos bancos, do segredo bancário, ela é censurada pelo seu egoísmo financeiro, seu pragmatismo, pela falta de transparência dos seus bancos.
Nessa votação, curiosamente, há uma Suíça inédita diante dos nossos olhos: um país que desdenha repentinamente de seus interesses econômicos e financeiros para privilegiar mais as ideias. Ela quer salvaguardar sua identidade mesmo que sua indústria, seu comércio, seus bancos e seu nível de vida sofram com isso.
Nessa perspectiva, a votação de domingo tem até um caráter simpático. Por uma vez, a Suíça não se comporta como um "cofre-forte" ou como o banqueiro da Veneza de Shakespeare (Shylock). Ela sabe que terá prejuízo, mas obedece sua tradição. Coloca sua moral à frente dos seus interesses.
Infelizmente, no lugar da sua detestável "moral bancária", ela optou por uma outra "moral" ainda mais suspeita: a xenofobia, o ódio ao estrangeiro, o isolamento, o nacionalismo mesquinho e quase a pureza da raça.
É nesse sentido que o caminho escolhido no domingo por esse pequeno país fascinante tem algo de alarmante. O chauvinismo, o patriotismo desenfreado, todos esses sentimentos que acabam de triunfar em Berna e Zurique, todos esses sentimentos detestáveis, são encontrados em doses variáveis em todos os demais países da Europa, especialmente na Grã-Bretanha.
Em todas as partes vemos prosperar partidos que pregam o isolamento, a ruptura com a solidariedade estrangeira, o egoísmo, o ódio ao outro, o horror aos imigrantes, o desprezo por outras religiões. Deus queira que esse acesso pestilento de xenofobia na Suíça não seja prenúncio de decisões similares no futuro por outros países do Velho Continente.
* Gilles Lapouge é correspondente em Paris.
Tradução de Terezinha Martino.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional/Artigo - Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014 - Pg. A12 - Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.