«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 15 de março de 2014

2º Domingo da Quaresma – Ano A – HOMILIA

Evangelho: Mateus 17,1-9

Naquele tempo, 1 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2 E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3 Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.
4 Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5 Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
6 Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7 Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
8 Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9 Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
"Transfiguração" - pintura de Giovanni Bellini (1487-1495)

ESCUTAR JESUS

O centro desse relato complexo, chamado tradicionalmente de “A transfiguração de Jesus”, é ocupado por uma voz que vem de uma estranha “nuvem luminosa”, símbolo que se emprega na Bíblia para falar da presença sempre misteriosa de Deus que se manifesta e se oculta a nós, ao mesmo tempo.

A voz dez estas palavras: Este é o meu Filho, o amado, meu predileto. Escutai-o. Os discípulos não devem confundir Jesus com ninguém, nem sequer com Moisés e Elias, representantes e testemunhas do Antigo Testamento. Somente Jesus é o Filho querido de Deus, aquele que tem o seu rosto “resplandecente como o sol”.

Porém, a voz acrescenta algo mais: Escutai-o. Em outros tempos, Deus havia revelado a sua vontade por meio dos “dez mandamentos” da Lei. Agora, a vontade de Deus se resume e concretiza em um só mandamento: escutai a Jesus. A escuta estabelece a verdadeira relação entre os seguidores e Jesus.

Ao ouvir isto, os discípulos caem por terra “cheios de espanto”. Estão sobrecarregados por aquela experiência tão próxima de Deus, porém estão, também, assustados pelo que ouviram: poderão viver escutando somente a Jesus, reconhecendo somente nele a presença misteriosa de Deus?

Então, Jesus “aproxima-se e, tocando-0s, lhes diz: Levantai-vos. Não tenhais medo. Jesus sabe que eles necessitam experimentar sua proximidade humana: o contato de sua mão, não somente o resplendor divino de seu rosto. Sempre que escutamos Jesus no silêncio de nosso ser, suas palavras nos dizem: Levanta-te, não tenhas medo.

Muitas pessoas somente conhecem Jesus por ouvir. Seu nome lhes resulta, talvez, familiar, porém o que sabem dele não vai muito além de algumas recordações e impressões da infância. Inclusive, ainda que se chamem cristãos, vivem sem escutar em seu interior a Jesus. E, sem esta experiência, não é possível conhecer sua paz inconfundível nem sua força para animar e sustentar nossa vida.


Quando um crente se detém a escutar, em silêncio, a Jesus, no interior de sua consciência, escuta sempre algo como isto: “Não tenhas medo. Abandona-te com toda simplicidade no mistério de Deus. Tua pouca fé basta. Não te inquietes. Se me escutas, descobrirás que o amor de Deus consiste em estar sempre te perdoando. E, se crês nisto, tua vida mudará. Conheceras a paz do coração”.

No livro do Apocalipse pode-se ler assim: Olha, estou à porta e bato; se alguém ouve minha voz e me abre a porta, entrarei em sua casa. Jesus bate à porta de cristãos e não cristãos. Podemos abrir-lhe a porta ou podemos rejeitá-lo. Porém, não é a mesma coisa viver com Jesus e sem ele!


MEDO DE JESUS

[...]
É difícil esconder isso, mas na Igreja temos medo de escutar Jesus. Um medo soterrado que nos está paralisando ao ponto de impedir-nos, atualmente, de viver com paz, confiança e audácia atrás dos passos de Jesus, nosso único Senhor.

Temos medo da inovação, porém não do imobilismo que nos está distanciando, cada vez mais, dos homens e mulheres de hoje. Costuma-se dizer que a única coisa que temos de fazer nestes tempos de profundas mudanças é conservar e repetir o passado. O que existe atrás deste medo? Fidelidade a Jesus ou medo de pôr em “odres novos” o “vinho novo” do Evangelho?

Temos medo de umas celebrações mais vivas, criativas e expressivas da fé dos crentes de hoje, porém nos preocupa menos o tédio generalizado de tantos bons cristãos que não podem sintonizar-se nem vibrar com aquilo que se está celebrando. Somos mais fiéis a Jesus observando minuciosamente as normas litúrgicas, ou nos dá medo “fazer memória” dele celebrando nossa fé com mais verdade e criatividade?

Temos medo da liberdade dos fiéis. Inquieta-nos que o povo de Deus recupere a palavra e diga, em voz alta, suas aspirações, ou que os leigos assumam sua responsabilidade escutando a voz de sua consciência.

Em alguns, cresce o receio diante de religiosos e religiosas que buscam ser fiéis ao carisma profético que receberam de Deus. Temos medo de escutar o que o Espírito possa estar dizendo a nossas igrejas? Não temos medo de extinguir o Espírito no povo de Deus?

Em meio à sua Igreja, Jesus continua vivo, porém necessitamos sentir com mais fé sua presença e escutar com menos medo suas palavras: “Levantai-vos. Não tenhais medo”.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 10 de março de 2014 – 18h44 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.