«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 24 de março de 2014

ATENTOS AO PERIGO!!!

SUÍÇA RESTRINGE IMIGRAÇÃO E VIRA EXEMPLO NA EUROPA

Jamil Chade

Partidos de extrema direita usam referendo suíço para pressionar
pela aprovação de leis contra entrada de estrangeiros no continente
Jean Ziegler - sociólogo suíço

O arqueólogo alemão Christoph Höcker pediu demissão de seu cargo como professor da Universidade de Zurique [Suíça] para voltar ao seu país de origem. O motivo: a xenofobia. A gota d'água foi o resultado do referendo de fevereiro, na Suíça, que aprovou um projeto da extrema direita que fecha parcialmente as fronteiras do país para os estrangeiros.


"Cada vez mais políticos dizendo que os alemães deveriam desaparecer. Por bem, é isso que estou fazendo", escreveu o arqueólogo. "Não aceito mais o clima de xenofobia da Suíça. Estive em muitos países, mas nunca vi o que está acontecendo na Suíça nos últimos tempos."
No mês passado, o referendo aprovou por diferença mínima um projeto que acaba com a livre circulação de trabalhadores europeus e estabelece limites para a entrada de estrangeiros. A decisão mostra que muitos europeus estão perdendo a vergonha de dizer abertamente que são contra a imigração.
Para governos, o resultado foi um alerta sobre uma tendência cada vez mais conservadora da sociedade. Já para os diversos partidos de extrema direita, o referendo serviu para mobilizar recursos para as eleições de maio para o Parlamento Europeu.
O projeto foi apresentado pelo Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão). Um mês antes da votação, a lei não tinha mais do que 30% de apoio. A estratégia foi manter a campanha discreta por meses. Quando faltavam duas semanas, o partido inundou o país com pôsteres de mulheres islâmicas de véu entrando na Suíça. Funcionou.
Oficialmente, a União Europeia anunciou que poderia retaliar Berna em razão da decisão, suspendendo tratados de investimentos e recursos financeiros para projetos científicos. Bruxelas também anunciou o fim de parcerias para o intercâmbio de estudantes. A preocupação dos políticos europeus não é o destino dos estrangeiros na Suíça, mas o fato de que, a partir de agora, partidos radicais usarão o exemplo suíço para forçar a aprovação de leis parecidas.
Christian Ragger, do Partido da Liberdade, na Áustria, é um dos que já prepara uma campanha para seguir o mesmo caminho. "Os suíços mostraram muita coragem", disse. "O resultado da votação é exemplar."
Analistas austríacos, como Claudia Grabner, acreditam que o caso suíço pode dar coragem a muita gente que, por muitos anos, evitou apoiar partidos de extrema direita. Para o cientista político suíço Wolf Linder, o referendo mostrou que "os suíços descobriram que podem fazer oposição ao processo de globalização ou de europeização".
A popularidade dos partidos de extrema direita aumentou desde o referendo suíço. Na França, o Fronte Nacional já teria 34% de apoio e declarou que o referendo é uma "prova de lucidez" da Suíça. Ragger, na Áustria, disse que sondagens apontam que eles poderiam ter 30% de votos nas eleições de maio.
Nigel Farage, líder do Partido da Independência, da Grã-Bretanha, classificou o resultado na Suíça como "uma ótima notícia para quem ama a liberdade na Europa". Comentários semelhantes foram feitos por extremistas na Holanda e em países escandinavos, que acusam seus governos de não fazerem nada para barrar a imigração.
Em muitas partes da Europa, a crise, o desemprego e as incertezas levaram partidos como a Aurora Dourada, na Grécia, a surpreender e ganhar assentos no Parlamento. No entanto, o que chama a atenção no caso da Suíça é que o resultado ocorre numa sociedade com a menor taxa de desemprego da Europa, uma das maiores rendas per capita do mundo, uma democracia sólida e onde se fala quatro idiomas oficiais.
Sociólogos acusam o SVP de ter "criado artificialmente um problema" para atrair apoio. Prova disso, segundo o cientista social Jean Ziegler, é que os votos que garantiram a aprovação da lei vieram de zonas rurais, onde os imigrantes são minoria. Nas cidades, com até 30% de estrangeiros, a proposta foi rejeitada. "Há uma instrumentalização do ódio", alertou Ziegler.
Números revelam que nunca a Europa expulsou tantos estrangeiros. Foram mais de 350 mil apenas em 2013. Na Suíça, discurso radical não é acompanhado por estatísticas. "Os estrangeiros não entendem nossa sociedade", disse Oskar Stürmer, um dos líderes do SVP. "Por exemplo, os suíços não vão diretamente ao hospital quando estão doentes. Eles passam antes pelos médicos. Os imigrantes, vão. E somos nós que pagamos a conta." 
Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Domingo, 23 de março de 2014 - Pg. A22 - Internet: clique aqui.
EMPRESÁRIOS SUÍÇOS TEMEM FICAR SEM MÃO DE OBRA
Jamil Chade
Banco suíço
Desde que a Suíça aprovou a limitação da entrada de estrangeiros, muitos se questionam quantos jogadores da seleção suíça iriam à Copa do Mundo se ela lei existisse antes. A resposta é simples: 8 dos 11 titulares. Em votação apertada, a população restringiu a circulação de pessoas, incluindo europeus. Mas, como o país é cercado pela União Europeia, empresários, sindicatos e até o governo agora se questionam o que farão para ter gente suficiente para ocupar os cargos.
A questão não afeta apenas operários da construção civil ou garis. Para o principal sindicato suíço, é a própria indústria de ponta que está ameaçada. Hoje, 30% dos funcionários dos bancos são estrangeiros. No setor farmacêutico, 40% não são suíços. 60% dos cargos da Roche são ocupados por estrangeiros. "A Suíça é muito pequena. Não temos gente qualificada em número suficiente", disse Andreas Zuellig, gerente de hotéis em Lenzerheide. Dos 7,7 milhões de habitantes, um quarto vem de fora. Apesar disso, desde 2003, quando a livre circulação foi implementada, a taxa de desemprego é a mesma: 3,5%, uma das mais baixas do mundo.
Em diversos setores, preencher cargos pode virar uma dor de cabeça. Um dos problemas está na saúde. A Suíça não forma cirurgiões suficientes e, em alguns hospitais, metade dos profissionais são estrangeiros. A nova lei pode até causar uma fuga de cérebros e até de multinacionais, que podem optar por locais mais flexíveis. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, alertou que a medida pode custar 80 mil empregos na Suíça nos próximos três anos. Entre os imigrantes, o sentimento é de incompreensão, principalmente porque os estrangeiros fizeram parte da história do país. O fundador da Swatch era libanês. A Nestlé foi criada por um alemão. Há duas semanas, o CEO da Nestlé, o belga Paul Bulcke, foi questionado sobre o que achava da lei. "Aproveitem para me perguntar tudo. Não sei se estarei aqui no ano que vem", ironizou. 
Acesse o mapa com números da imigração e emigração na Europa em 2013, clicando aqui.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Domingo, 23 de março de 2014 - Pg. A22 - Internet: clique aqui.

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