«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 28 de março de 2014

TOLERÂNCIA À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER [Inacreditável!]

Ipea divulgou estudo "Tolerância social à violência contra as mulheres".

Instituto ouviu 3.810 pessoas em 212 cidades entre maio e junho de 2013.


Filipe Matoso


Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo, mostra que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão.

O estudo também demonstra que 65,1% concordam inteiramente (42,7%) ou parcialmente (22,4%) com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", enquanto 24% discordam totalmente, 8,4% discordam parcialmente e 2,5% se declaram neutros.

A pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres. A assessoria do Ipea não informou qual o percentual de homens e de mulheres que opinaram especificamente em relação à questão do comportamento feminino.

No documento sobre a pesquisa, intitulado "Tolerância social à violência contra as mulheres", que também avaliou opiniões sobre violência e homossexualidade, o órgão afirma que "por trás da afirmação [referente ao estupro], está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais". Na avaliação do instituto, a violência "parece surgir" a partir dessa ideia.

Os entrevistados foram questionados com base em afirmações pré-formuladas pelo instituto, com as quais diziam se concordavam totalmente ou parcialmente, se discordavam totalmente ou parcialmente ou se tinham uma posição de neutralidade em relação ao assunto.

Veja abaixo algumas das principais afirmações sobre violência contra a mulher formuladas pelo Ipea para a pesquisa e os resultados das respostas:

"Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia"
78,1% concordam totalmente
13,3% concordam parcialmente
5% discordam totalmente
2% discordam parcialmente
1,6% se dizem neutros em relação à afirmação

"Dá para entender que um homem que cresceu em uma família violenta agrida sua mulher"
18,1% concordam totalmente
15,8% concordam parcialmente
54,4% discordam totalmente
9,3% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação

"A questão da violência contra as mulheres recebe mais importância do que merece"
10,5% concordam totalmente
11,9% concordam parcialmente
56,9% discordam totalmente
16,2% discordam parcialmente
4,5% se dizem neutros em relação à afirmação

"Casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família"
33,3% concordam totalmente
29,7% concordam parcialmente
25,2% discordam totalmente
9,3% discordam parcialmente
2,5% se dizem neutros em relação à afirmação

"Quando há violência, os casais devem se separar"
61,7% concordam totalmente
23,3% concordam parcialmente
8,8% discordam totalmente
3,8% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação

"A mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos"
7% concordam totalmente
8,5% concordam parcialmente
69,8% discordam totalmente
12,3% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação.

"Um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher"
3,9% concordam totalmente
4,9% concordam parcialmente
76,4% discordam totalmente
12,8% discordam parcialmente
2% se dizem neutros em relação à afirmação

"A mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade"
14% concordam totalmente
13,2% concordam parcialmente
54% discordam totalmente
11,3% discordam parcialmente
7% se dizem neutros em relação à afirmação

"Tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama"
34,6% concordam totalmente
20,3% concordam parcialmente
26,4% discordam totalmente
8,9% discordam parcialmente
9,5% se dizem neutros em relação à afirmação

Para os pesquisadores do Ipea, as respostas revelam que "constitui importante desafio reduzir os casos de violência contra as mulheres. (...) Uma das formas de se alcançar a diminuição deste fenômeno, além da garantia de punição para os agressores, é a educação. Transformar a cultura machista que permite que mulheres sejam mortas por romperem relacionamentos amorosos, ou que sejam espancadas por não satisfazerem seus maridos ou simplesmente por trabalharem fora de casa é o maior desafio atualmente".

A pesquisa também formulou frases para averiguar a opinião dos entrevistados em relação à homossexualidade. Veja abaixo:

"Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais"
31,6% concordam totalmente
18,5% concordam parcialmente
32,6% discordam totalmente
7,9% discordam parcialmente
9,4% se dizem neutros em relação à afirmação

"Casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido"
38,8% concordam totalmente
12,9% concordam parcialmente
32,1% discordam totalmente
9% discordam parcialmente
7,2% se dizem neutros em relação à afirmação

"Incomoda ver dois homens, ou duas mulheres, se beijando na boca em público"
44,9% concordam totalmente
14,3% concordam parcialmente
28,2% discordam totalmente
6,9% discordam parcialmente
5,7 se dizem neutros em relação à afirmação

"Jovens (16 a 29 anos) apresentam tolerância maior à homossexualidade, e os idosos (60 anos ou mais) mostram-se mais intolerantes", avalia o Ipea.

"Radiografia" dos estupros

O Ipea divulgou também nesta quinta-feira (27) um levantamento com base em dados de 2011 do Ministério da Saúde sobre os casos de estupros no país.

Intitulado “Estupros no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde”, o documento afirma que naquele ano 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos, 46% não possuía ensino fundamental completo e em 70% dos casos as vítimas eram crianças e adolescentes.

A pesquisa aponta ainda que os principais responsáveis por estupros de crianças foram amigos ou conhecidos (32,2%) e pais ou padrastos (24,1%). De acordo com o levantamento, os adolescentes foram vítimas de estupro, principalmente, de desconhecidos (37,8%) e amigos ou conhecidos (28%). No caso de adultos que sofreram estupro em 2011, 60,5% foram vítimas de desconhecidos.

“Estimamos que, a cada ano, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas no Brasil. Desses casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. (...) Obviamente, sabemos que tal análise é condicional ao fato da vítima de estupro ter procurado os estabelecimentos públicos de saúde”, publicou o Ipea no estudo.


Fonte: Portal G1 – Brasil – 27 de março de 2014 – 15h38 – Atualizado em 27/03/2014 – 23h07 – Internet: clique aqui. 
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65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada

Lígia Formenti

Resultados assustaram até autores do estudo do Ipea; retrato da vítima de violência sexual indica ainda que mais da metade das vítimas tinha menos de 13 anos e há casos de estupro coletivo


Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) retrata o quanto a violência contra a mulher ainda é tolerada no País. A maioria dos brasileiros considera que merecem ser atacadas aquelas que usam roupas que revelam o corpo. Também é majoritário o grupo que acredita que, "se a mulher soubesse se comportar", as estatísticas de estupro seriam menores.
Os resultados provocaram espanto entre os próprios autores da pesquisa. A violência contra a mulher, avaliam, é vista como forma de "correção". A vítima teria responsabilidade - por usar roupas provocantes ou por não se comportar do modo "desejado". "Mais uma vez, tem-se um mecanismo de controle do comportamento e do corpo das mulheres da maneira mais violenta que possa existir", dizem os autores da pesquisa.
A tolerância à violência não está ligada a características populacionais. Mas autores do trabalho consideram que algumas condições, como morar em metrópoles, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem podem reduzir o risco desse tipo de comportamento. Para os pesquisadores, o fator preponderante para a tolerância é a adesão a determinados valores. Pessoas que acreditam que o homem deve ser o cabeça do lar, por exemplo, estão mais propensas a achar que a violência, em muitos casos, se justifica.
"É a ideia da mulher honesta, que ainda persiste no País", afirma a secretária de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves. Embora a tolerância à violência esteja muito presente, o discurso do brasileiro não é linear. Dos entrevistados, 91% concordam total ou parcialmente com a ideia de que homem que bate na mulher deve ir para a cadeia. Outros 89%, por sua vez, dizem não concordar com a afirmação de que o homem possa xingar ou gritar com a própria mulher.
A cultura machista fez a moradora da zona leste de São Paulo Maria (que pediu para não ter o sobrenome revelado) se calar sobre as agressões físicas do marido durante nove anos de casamento. "Ele quebrava tudo dentro de casa, mas demorei a falar para a polícia e a família", relata a dona de casa. "Tinha medo e não sabia se contar era certo. Até que um dia resolvi denunciar", relata. Segundo ela, a falta de autonomia, principalmente financeira, é responsável pelo silêncio da maioria.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Sexta-feira, 28 de março de 2014 - Pg. A12 - Internet: clique aqui.

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