«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 13 de março de 2014

“Estamos no começo de uma renovação na Igreja”

Entrevista com Walter Kasper

Darío Menor
La Razón
11-03-2014
Cardeal Walter Kasper

O cardeal alemão Walter Kasper é o teólogo de referência para o Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio reconheceu isso desde o princípio: em seu primeiro Angelus como Bispo de Roma recomendou seu livro “A misericórdia. Chave do Evangelho e da vida cristã” (Sal Terrae), dizendo que sua leitura lhe fez “muito bem”.

No Consistório do mês passado, encomendou-lhe que fizesse o discurso inicial sobre a situação da pastoral familiar que abriu o acalorado debate dos cardeais sobre este tema. Depois aplaudiu a “profundidade e a serenidade” de seu trabalho, que considerou uma “teologia de joelhos”.*

Presidente emérito do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, o “ministério” do Vaticano encarregado da relação com as outras Igrejas, o cardeal alemão destacou-se por sua mão estendida aos divorciados recasados. “Deus sempre dá uma segunda chance a quem se converte”, assegura, reconhecendo na sequência que o problema reside em como a Igreja pode realizar essa misericórdia sem colocar em questão a doutrina. “É preciso sabedoria e discernimento. Não há uma receita simples para isso”.

Eis a entrevista.

Qual é a maior contribuição que Jorge Marcio Bergoglio fez à Igreja católica em seu primeiro ano de pontificado?

Walter Kasper: Sua maior contribuição é a mensagem de esperança, que mudou o clima na Igreja. Por todos os lados encontramos um novo entusiasmo e uma alegria renovada por ser cristão. Estamos no início de uma renovação, que atrai, além disso, muitas pessoas que haviam se afastado da Igreja e que não se consideravam cristãs. Talvez há, além disso, como esperamos, um novo impulso missionário.

Em seu encontro com os jornalistas poucos dias depois da sua eleição como Bispo de Roma, Francisco disse que queria uma Igreja “pobre e para os pobres”. Como pode este desejo ser levado à realidade de forma prática?

Walter Kasper: O Papa sabe que a Igreja necessita de meios materiais para cumprir sua missão. Mas nem por isso deve encomendar-se a estes meios. Por isso o Papa critica uma espiritualidade mundana e propõe uma vida simples, assim como a renúncia à pompa barroca. A riqueza da Igreja e de todos os cristãos está no amor de Deus, ou seja, na participação e na misericórdia com quem está mal e tem problemas. Desta maneira, a pobreza e a misericórdia caminham juntas.

Deveria a Igreja dar uma segunda oportunidade aos divorciados recasados? Como poderia ser feito?

Walter Kasper: A primeira obrigação da Igreja e sua missão é ajudar para que se alcance a felicidade no matrimônio e que este seja indissolúvel. Mas Deus sempre dá uma segunda oportunidade a quem se converte, sua misericórdia nunca acaba para quem a pede. Saber como a Igreja pode, por sua vez, realizar esta misericórdia requer sabedoria e discernimento. Não há uma receita simples para isso. É preciso discernir diante das diferentes situações sem colocar em questão a doutrina da indissolubilidade do matrimônio. Espero que o futuro Sínodo possa oferecer caminhos e critérios pastorais.

Como deveria, na sua opinião, mudar o papel da mulher na Igreja Católica por meio das duas próximas assembleias sinodais?

Walter Kasper: Em primeiro lugar, quer-se redescobrir o carisma, ou seja, o gênio feminino e a dignidade da mulher, que não permite nenhuma discriminação. A questão funcional de papel está numa segunda linha. Nos dois próximos Sínodos será importante e também enriquecedor ouvir atentamente o testemunho das mulheres, que cumprem uma missão importantíssima na família, no diaconado e na própria missão da Igreja.

Como descreveria o perfil teológico do Pontífice?

Walter Kasper: O Papa Francisco é, num sentido não confessional, um Papa evangélico, ou seja, um Papa que anuncia e vive ele mesmo o Evangelho, a Boa Notícia de Jesus. Jesus veio para evangelizar os pobres e se fez ele mesmo pobre para converter-nos em ricos. Por isso, a mensagem do Papa Francisco de uma Igreja “pobre e para os pobres” corresponde ao Evangelho de Jesus e, ao mesmo tempo, às necessidades de nosso tempo. O fato de que este Papa viva ele mesmo o que prega, dá-lhe uma autenticidade e credibilidade pessoal que toca o coração das pessoas. Sua teologia é uma teologia do povo, na esteira do Concílio Vaticano II e da teologia particular da Argentina.

Durante sua passagem pelo Rio de Janeiro por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), celebrada em julho passado, Francisco manteve um encontro com jovens argentinos, a quem disse que bastava que lessem as Bem-aventuranças e Mateus 25. Isto significa que os outros textos teológicos são secundários e desnecessários?

Walter Kasper: Tirar essa conclusão é um contrassenso. As Bem-aventuranças e os critérios para o Juízo Final em Mateus 25 são de certa maneira um resumo da mensagem de Jesus, o que não tira nem exclui os outros textos, mas que nos ajuda a compreendê-los e a realizá-los. Já Mateus colocou as Bem-aventuranças de maneira programática no início do Sermão da Montanha.

A tradução é de André Langer.

* Essa conferência introdutória no consistório dos dias 20 e 21 de fevereiro e os dois textos inéditos antecipados pelo jornal do Vaticano L'Osservatore Romano, estão sendo publicados em livro, na Itália, tendo como título: Il Vangelo della Famiglia (trad.: O Evangelho da família), Editrice Queriniana de Bréscia, contendo 80 páginas, ao custo de nove euros.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quinta-feira, 13 de março de 2014 - Internet: clique aqui.

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