«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 18 de março de 2014

O mistério da saída dos jovens do mercado

Arícia Martins
Jornal VALOR ECONÔMICO
17-03-2014

É consenso entre economistas que a manutenção do baixo nível de desemprego está relacionada ao menor número de pessoas em procura de uma ocupação. Os motivos que levaram à saída de jovens e adultos da População Economicamente Ativa (PEA) e suas possíveis consequências sobre o mercado de trabalho e a produtividade, no entanto, são tema de debate.

Dois estudos sobre o assunto chegam a conclusões diferentes. Tanto o Itaú Unibanco quanto a MCM Consultores apontam que a queda da taxa de participação - ou seja, a relação entre a PEA e a População em Idade Ativa (PIA) - foi influenciada pela faixa etária de 18 a 24 anos. O Itaú associa esse movimento ao maior tempo dedicado pelos jovens aos estudos e à expansão do programa Fies, do governo federal. A MCM dá ênfase ao ganho de participação do grupo conhecido como "nem-nem", aqueles que nem trabalham, nem estudam.

Num terceiro estudo, o economista Igor Velecico, do Bradesco, conclui que a tese que os jovens são os principais responsáveis pelo baixo desemprego não encontra respaldo nos dados do IBGE. Ele também não concorda com a ideia de atribuir ao Fies o adiamento da entrada dos jovens na PEA.

Para os economistas Aurélio Bicalho e Luka Barbosa, do Itaú, há evidências de que a desaceleração da economia, a expansão do Fies e os ganhos de renda contribuíram para o recuo na oferta de mão de obra jovem. Segundo eles, entre 2012 e 2013, a média de jovens de 18 a 24 anos fora da força de trabalho subiu de 1,58 milhão para 1,62 milhão, alta de 47 mil. O total de inativos que estudam aumentou em 38,7 mil entre um ano e outro, ante alta de 8,7 mil no grupo dos que não estudam.

Os analistas do Itaú notam que, em 2010, a taxa de juros do Fies caiu de 9% para 2,4%, ao mesmo tempo em que os prazos de carência foram ampliados. Após as mudanças, o número de matrículas no programa - que era de 50 mil ao ano em média entre 1999 e 2009 - saltou para 76 mil em 2010, 154 mil em 2011, 377 mil em 2012 e 556 mil em 2013.

Segundo Bicalho e Barbosa, a saída dos jovens do mercado de trabalho vai exercer, no curto prazo, pressão sobre a inflação. No médio prazo, o maior nível de escolaridade tende a contribuir para que a economia tenha maiores ganhos de produtividade.

Essa análise é colocada em xeque pelo estudo da MCM. O recuo na taxa de participação dos jovens de 18 a 24 anos é considerado importante pela consultoria, mas a saída de pessoas de 25 anos, ou mais, do mercado também é destacada. A hipótese da busca por maior educação para explicar esse movimento é "bastante atraente", afirma aMCM, devido ao aumento da renda familiar e aos programas que facilitam o acesso ao ensino superior.

Para testar essa explicação, os economistas dividiram o grupo dos jovens inativos entre aqueles que estudam e os que não estudam. Embora, em termos absolutos, o primeiro grupo supere o segundo em quase todo o período analisado (desde 2006), a MCM destaca que essa diferença diminuiu desde meados de 2011.

Para a MCM, a participação decrescente dos jovens na PEA não tem potencial de gerar alterações importantes no mercado de trabalho. Em uma hipótese que assume como inverossímil, em que todos os jovens - tanto os "nem-nem" como os que estudam -entrassem na PEA, a consultoria calcula que o impacto máximo na taxa de desemprego seria de 0,4 ponto a mais no resultado de 2013 e de apenas 0,1 ponto em 2012.

O pesquisador Rodrigo Leandro de Moura, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), destaca que a taxa de desemprego dos jovens é quase o triplo da de adultos: ficou em 11% no grupo de 18 a 24 anos em janeiro, ante 3,8% na faixa de 25 a 49 anos.

"Qualquer redução da participação dos jovens na PEA afeta muito o desemprego", diz Moura, para quem esse movimento recente está mais relacionado ao aumento da educação do que à maior ociosidade. O economista observa, porém, que a qualidade do ensino -não abordada no estudo do Itaú - é igualmente importante para avaliar como o ingresso futuro de jovens mais qualificados no mercado poderá contribuir para elevar a produtividade.

Por fim, o estudo de Velecico, do Bradesco, não chega a uma conclusão sobre o que estaria levando os jovens a saírem do mercado de trabalho, mas argumenta que os dados da PEA e da População Não Economicamente Ativa (PNEA) mostram que esse não seria o principal motivo por trás do desemprego baixo.

O avanço do número de inativos entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014, diz Velecico, foi liderado pela população mais idosa. Nessa comparação, a população não economicamente ativa de 50 anos ou mais aumentou em 824 mil, enquanto o total de inativos de 18 a 24 anos teve acréscimo de 109 mil.

PEA, que deveria ser o espelho da PNEA, mostra comportamento divergente, diz o economista do Bradesco. Mesmo assim, diz, essa variação recente vai contra a tese de que os jovens são os principais responsáveis pelo menor crescimento da força de trabalho, já que, em 2013, esse movimento foi puxado por adultos de 25 a 49 anos.

"Além disso, se o Fies de fato está expurgando jovens do mercado de trabalho, deveria ocorrer um movimento unidirecional na PEA de jovens (caindo ao longo de 2012 e caindo em 2013), e o que se vê é uma forte alta em 2012 e uma 'devolução' quase espelhada em 2013", afirma Velecico.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 18 de março de 2014 – Internet: clique 

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