«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 18 de março de 2014

Mais demagogia na conta de luz

Editorial
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou uma operação de socorro de R$ 12 bilhões às distribuidoras de energia elétrica, para compensar - ou atenuar - os problemas causados pela desastrosa combinação de aumento de custos e contenção política de tarifas. Primeiro as empresas tiveram de suportar o controle de preços imposto pela presidente Dilma Rousseff a partir do começo do ano passado. Isso já reduziu sua capacidade financeira e pôs em risco seu potencial de investimento. Depois tiveram de comprar a energia mais cara gerada pelas centrais térmicas, solução inevitável por causa da longa estiagem e da consequente limitação de capacidade das hidrelétricas. Seca pode ocorrer em qualquer país, mas o problema se torna especialmente grave quando a chefe de um governo populista se empenha numa campanha de reeleição e insiste em disfarçar os fatos desagradáveis.

No ano passado a contenção das tarifas de eletricidade custou diretamente ao Tesouro cerca de R$ 9 bilhões. O governo preferiu subsidiar o consumo de energia elétrica a admitir o repasse dos custos aos consumidores. Errou triplamente, porque: 
  • assumiu um custo fiscal dispensável, 
  • impôs às distribuidoras uma situação insegura, dificultando seu planejamento, e 
  • enviou um sinal enganador aos consumidores, estimulando-os a elevar o consumo de energia. 
Nem os primeiros sinais de maiores dificuldades, com a escassez de chuvas em áreas muito importantes, animaram o governo a reconhecer os problemas e a admitir a conveniência de um consumo mais moderado.

Diante da inegável piora da situação, a presidente e seus auxiliares decidiram traçar um roteiro de ação. Desde o começo do ano, a provisão orçamentária de R$ 8 bilhões para cobrir as contas da energia foi considerada insuficiente por muitos analistas. Alguns chegaram a apontar uma necessidade mínima na faixa de R$ 18 bilhões. Segundo estimativa recente, o setor elétrico acumulou em um ano custos adicionais de R$ 32,4 bilhões. Esse valor inclui o custo da renovação de concessões, nos termos impostos pelo governo, e os prejuízos decorrentes da estiagem. A soma pode ser muito maior se for considerada a redução do valor de mercado das empresas, uma consequência das perdas inevitáveis impostas pela política federal.

Sem condições de continuar adiando alguma providência, o governo anunciou na quinta-feira passada a operação de socorro, depois de uma reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros da Fazenda e de Minas e Energia. O esquema apresentado pelo ministro Guido Mantega inclui um repasse adicional de R$ 4 bilhões do Tesouro Nacional e a autorização para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde é negociada a eletricidade disponível no mercado, levantar R$ 8 bilhões em financiamento bancário.

Os consumidores só receberão a conta aumentada no próximo ano - depois, portanto, das eleições. Em campanha eleitoral permanente, Dilma continua disposta a causar o mínimo incômodo possível aos consumidores-eleitores. Na equação política do governo, cada real poupado neste ano na conta de luz poderá resultar em votos para a presidente e para seus aliados. Não importam, por enquanto, os efeitos danosos da falsificação dos custos.

Para completar o arranjo, o governo poderá, segundo o ministro da Fazenda, elevar alguns impostos. Mas ele mesmo admitiu, na patética entrevista de quinta-feira, desconhecer de onde virá essa receita adicional. O esquema também deve incluir a reabertura do Refis, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias. Esse programa, um incentivo à sonegação, rende algum dinheiro quando é reaberto, mas é logo abandonado por boa parte dos beneficiários.


A tentativa de disfarçar os problemas vai apenas adiar o pagamento e encarecer a conta. Se a CCEE conseguir o financiamento de R$ 8 bilhões, terá de pagar juros. Em algum momento isso será repassado aos consumidores, ou as empresas terão de absorver mais esse custo. Se novas intervenções do Tesouro forem necessárias, as contas fiscais, já em risco, ficarão em pior estado. A fatura da demagogia pode ser adiada, mas é sempre muito alta.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Notas e Informações - Segunda-feira, 17 de março de 2014 - Pg. A3 - Internet: clique aqui.
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UMA OUTRA VISÃO

População brasileira pagará R$ 21 bilhões para cobrir golpe nas contas de luz

Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
14-03-2014

O povo brasileiro vai pagar a conta. Cerca de R$ 13 bilhões sairão do tesouro nacional e outros R$ 8 bilhões serão repassados nas contas de luz da população, em futuros aumentos após as eleições de outubro. Até lá, as empresas farão empréstimo a juros altíssimos junto ao capital financeiro internacional.
Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira - SP (CESP)
Os R$ 21 bilhões que a população terá que pagar, referente ao ano de 2014, vai beneficiar as empresas estatais dos governos estaduais do PSDB de São Paulo (CESP), Minas Gerais (CEMIG e LIGHT) e do Paraná (COPEL) e empresas transnacionais como Duke (EUA), Suez Tractebel (FRA) e AES (EUA). O valor pode ser ainda maior.

O valor é referente a cerca de 3.500 MW médios de energia que as empresas de distribuição de energia estão comprando das empresas de geração no chamado Mercado de Curto Prazo (energia a ser entregue em menos de 6 meses) a um preço de R$ 822,83/1.000 kW.

O povo brasileiro vai pagar a conta. Cerca de R$ 13 bilhões sairão do tesouro nacional e outros R$ 8 bilhões serão repassados nas contas de luz da população, em futuros aumentos após as eleições de outubro. Até lá, as empresas farão empréstimos a juros altíssimos junto ao capital financeiro internacional.

O MAB vinha denunciando constantemente que no interior do setor elétrico nacional, um conjunto de empresas privadas e outras tucanas estavam operando um grande golpe nas contas de luz, e que os futuros aumentos nas contas de luz poderiam ficar entre 18 e 31%. Estes aumentos seriam autorizados pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nas vésperas das eleições presidenciais - das 64 distribuidoras, 50 teriam o aumento autorizado entre abril e outubro.

Desde 2012, quando o governo anunciou uma redução nas tarifas, estas empresas não aceitaram a intervenção do governo para controlar os preços da energia elétrica e passaram a fazer uma grande disputa, chantageando o governo e a população com as chamadas “crises” no setor elétrico, com ameaças de apagões, etc.

Na renovação das concessões no final de 2012, os cerca de 7.700 MW médios das hidrelétricas da estatal Eletrobrás, controladas pelo Governo Federal, passaram a vender sua energia a R$ 33,00/1.000 kW e isso permitiu uma redução da conta de luz da população.

No entanto as empresas Cesp, Cemig e Copel, que possuíam cerca de 5.500 MW médios, negaram-se a renovar as concessões e não aceitaram abaixar o preço. Além disso, a Light (de propriedade da Cemig) e a Duke possuem outros 800 MW médios que também ficaram livres para serem vendidos a R$ 822, já que seus contratos de venda se enceraram em 2013.

É a energia destas empresas que está faltando para as distribuidoras e que, ao mesmo tempo, está disponível para as geradoras especularem e cobrarem R$ 822. É energia de hidrelétricas construídas há mais de 30 anos, todas já amortizadas, que poderia ser comercializada a R$ 33. Para justificar e esconder o golpe, a propaganda ideológica, através dos grandes meios de comunicação e dos “especialistas em manipulação”, alega que o custo é alto por culpa da falta de chuva e do acionamento de térmicas. Uma grande mentira!

Como pode a hidrelétrica Luiz Carlos Barreto, de Furnas, localizada no rio Grande, divisa entre MG e SP, vender energia a R$ 33,00/MWh e, 30 Km abaixo, uma hidrelétrica (Jaguara) da CEMIG cobrar R$ 822,83/MWh por uma energia gerada pela mesma água? Que aumento de custo tão grande teria ali? Térmica elas não são! E se fosse falta de chuva afetaria as duas usinas de forma igual. Não seria melhor chamarmos de golpe especulativo?

O Governo cedeu à chantagem dos especuladores e certamente este enorme volume de dinheiro será utilizado na luta política contra os trabalhadores e contra o próprio governo em ano eleitoral.

As empresas privadas e as tucanas, além de colocar R$ 21 bi no bolso, estão esvaziando os lagos para forçar aumentos nas contas de luz e, de quebra, gerar um grande desgaste político eleitoral ao governo de plantão.

O que realmente esta em jogo é a busca para manter a alta taxa de exploração sobre os trabalhadores e sobre a população, através da manutenção das tarifas de energia elétrica em patamares internacionais. E, com isso, garantir aos acionistas e especuladores taxas de lucro extraordinárias.

E não há dúvidas sobre a origem desse golpe que se gestou no interior do setor elétrico nacional: a privatização do modelo energético nacional, hoje, controlado por empresas privadas.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 18 de março de 2014 – Internet: clique aqui. 

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