«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 25 de março de 2014

A fé de um pai perplexo. Vito Mancuso no Brasil

Nayá Fernandes
Vito Mancuso - teólogo italiano
Vito Mancuso, teólogo italiano, pai e autor de muitos livros, entre eles, L’anima e il suo destino (A alma e o seu destino); Obbedienza e libertà (Obediência e Liberdade), Il principio passione (O princípio paixão) e Io e Dio (Eu e Deus, publicado no Brasil este ano por Paulinas Editora) esteve no País, acompanhado por sua esposa, para o lançamento do seu livro e fez conferências no Rio de Janeiro e em São Paulo nas faculdades de teologia, institutos e livrarias.

Formado por Ravasi, Sequeri e Bruno Forte, é colunista no jornal La Repubblica e leciona na Universidade de Pádua, na Itália. Seus livros tratam de temas da atualidade que ele procura entender para dialogar, a partir da sua experiência com a Palavra de Deus. “Passo o meu dia estudando e vivendo o que o Concílio Vaticano II chama de alegrias, dores, esperanças e expectativas da humanidade”, disse Mancuso.

“Todos somos convidados a ser pontes. O oposto disso é ser causa de divisão para outros seres humanos. Eu não sou um papa. Espero, porém, que minhas palavras tenham uma função pontifícia, entre a minha interioridade e a de vocês”, disse Vito Mancuso na aula inaugural do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião da PUC-SP, na quinta-feira, dia 20 de março.

Já no auditório da Livraria Paulinas, na sexta-feira, 21, quando Mancuso dividiu a mesa com o padre Boris Agustin Ulloa, professor de teologia da PUC-SP e com João Décio Passos, professor associado da PUC-SP e professor doutor do Instituto Teológico São Paulo. Ao ser questionado sobre as problemáticas que impõe uma reforma do Cristianismo, Vito Mancuso sugeriu que devemos pensar o Cristianismo como uma esfera.

“No primeiro nível, superficial, ou seja, que contém as problemáticas que se veem antes, são as questões éticas. Penso que a Igreja está à altura do nosso tempo ao que se refere à moral social, mas não ao que se refere a moral individual. Pensemos, por exemplo, na Humanae Vitae, de Paulo VI, sobre a regulação do controle de natalidade. Vejo que a moral sexual ali contida é teórica. Todo mundo sabe que cerca de 80% das mulheres católicas não seguem a moral da Humanae Vitae. O cardeal Carlo Maria Martini, ao qual eu fui, sou e serei sempre muito vinculado sempre dizia que a moral sexual da Humanae Vitae deve ser completamente refeita.”

No segundo nível da esfera, estão os problemas eclesiológicos. “Há questões antigas, como por exemplo, a dignidade do gênero feminino, que mesmo uma instituição que não deu passos tão significativos. Considero que ainda é cedo para pensar o sacerdócio feminino, mas poderíamos sim falar de diaconato feminino, pois existem fontes bíblicas para isso. E poderíamos falar também de um cardinalato feminino, pois não o cardinalato não está vinculado ao sacerdócio. A história nos ensina que tivemos cardeais que não eram sacerdotes.”

E por fim, temos problemas teológicos, sobretudo de teologia fundamental. “Por exemplo, a questão da fé. O próprio Catecismo da Igreja fala que a fé é dom e ao mesmo tempo escolha. Como conjugar as duas coisas, na prática? Outro tema é provar racionalmente a existência de Deus. O Concílio Vaticano I determina anátema para quem considera isso impossível.”

Outra pergunta feita à Mancuso, por Carmem Maria Pulga, foi sobre os sinais de uma vida cristã autêntica. Vito começou dizendo que a indignação, o protesto, a capacidade de dizer não a um mundo de falsas promessas é já um sinal de autenticidade.

“Não acredito que podemos ser totalmente devastados pela falsidade. Penso que existe dentro do ser humano a capacidade de se fascinar pelo bem e pela justiça, temos que ter confiança nesta capacidade antropológica de sermos atraídos pelo positivo. E, quando temos disposição para a verdade e a justiça, temos uma luz diferente no olhar, o bem passa a ser perceptível na nossa saúde. Nós somos o resultado de milhares de relações harmoniosas. Existimos como um concerto de relações harmoniosas e quanto mais expressarmos essa harmonia, mais vivemos autenticamente, ainda que isso signifique provocar caos e dizer não. Nós mesmos somos interação interna”, completou Mancuso.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 25 de março de 2014 – Internet: clique aqui.

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