22° Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia
Evangelho: Lucas 14,1.7-14
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José María
Castillo
Teólogo
católico espanhol
Jesus quer uma sociedade igualitária
O ato de comer em comum, o symposio [em grego], nas
culturas antigas tinha uma importância que hoje, em boa parte, perdeu-se. A
comida compartilhada era um acontecimento de integração social. De modo
que, o principal não era nem o sagrado, nem o profano do banquete, mas a função
integradora na sociedade antiga, na qual se combinava a experiência da mesa
compartilhada como ato de integração na sociedade e também de participação em
um acontecimento sagrado.
Porém, também é certo que a categoria social de cada um dos
comensais se refletia na postura e no lugar que ocupava no banquete. Até o
ponto que as pessoas de classe superior comiam recostadas em divãs, enquanto
que os escravos e os pobres comiam de pé ou no solo. É fundamental saber
isso. Especialmente, se levamos em conta que «a grande maioria das pessoas que
vivia no Império Romano era pobre».
Por isso, compreende-se a importância que têm, nos
evangelhos, as refeições de Jesus com toda classe de pessoas. E se compreende,
também, o cuidado especial que Jesus tinha com as refeições compartilhadas para
que se celebrassem como devia ser, dado o poder que tinham de integrar as
pessoas em uma determinada ordem social.
Contudo, Jesus não tolerava, justamente por isso, as
pretensões de importância e honra que mostravam os fariseus, ao querer ser
sempre os primeiros. Eles se consideravam os primeiros, na «ordem do religioso»,
e empenhavam-se em deixar isso claro igualmente na «ordem do secular».
O projeto de Jesus foi, entre outras coisas, acabar com a
sociedade desigual. E, para isso, viu claramente que o mais eficaz era
cortar pela raiz com a estratificação de «seletos» e «plebeus» que sempre se
fez. Por isso, o empenho de Jesus em colocar «os últimos» no lugar dos
«primeiros». E ao inverso.
A mesma coisa deve-se dizer quando se trata das categorias
sociais de ricos e pobres. O que Jesus quer é que nossa tendência seja
colocar no lugar principal aos últimos e aos pobres. Se fizermos isso, estaremos
dando um passo decisivo para o êxito de uma sociedade igualitária, na qual
todos sejamos irmãos, humanos, boa gente de verdade.
Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de
Figueiredo.
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