25° Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia

Evangelho: Lucas 16,1-13
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José María Castillo
Teólogo católico espanhol

Servir e adorar exclusivamente a Deus

Esta parábola, tal como está redigida, presta-se a cair no engano que consiste em pensar que Deus elogia o talento dos que sabem acumular dinheiro, ainda que isso se faça mediante o engano e a corrupção. No entanto, semelhante interpretação seria uma contradição patente com o próprio texto da parábola.

Uma vez que nela, se fala do dinheiro injusto. Pois bem, o importante, o decisivo e, em qualquer caso, o indiscutível, que ensina este evangelho é a categórica rejeição da acumulação de bens e riqueza. Isso é o que deve ficar claro. A sentença final que pronuncia Jesus afirma: a acumulação de riqueza desumaniza, destrói nossa própria humanidade. Isto é o que, definitivamente, significa a impossibilidade de servir a Deus e ao dinheiro.

A partir deste critério, e em função deste princípio determinante, há de se interpretar a parábola do administrador injusto. É evidente que Jesus (ou qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar) não pode dizer duas coisas literalmente contraditórias, uma após a outra. Primeiro, elogiar o que sabe «ajeitar» as contas para ganhar dinheiro. E, em seguida, afirmar que a acumulação de dinheiro é «riqueza injusta» (em grego: em to adíko mamonâ), o vil dinheiro.

Então, se Jesus não pode cair efetivamente em uma contradição tão absurda, que explicação tem a parábola, tal como a conta esse evangelho? Quando o texto diz que o senhor elogiou o administrador injusto, o que a parábola quer dizer é que a ganância pelo dinheiro desumaniza e degrada a tal ponto, que se chega a elogiar aquele que é hábil em roubar e enriquecer-se, por mais que isso seja em detrimento próprio. Quer dizer, a desumanização que produz a ganância é tal, que não somente produz indivíduos desumanos, mas igualmente critérios desumanos, relações desumanas e uma sociedade corrompida.

Isso é, justamente, o que sempre aconteceu. E o que estamos vendo e padecendo agora em razão da crise econômica. Dizemos que aqueles que se enriqueceram, mediante obscuros negócios financeiros, são uns canalhas. Porém, os premiamos deixando-lhes ganhar mais dinheiro, colocando-os em cargos de maior responsabilidade, confiando-lhes portfólios de poder e comando etc. Como consentimos com aquilo que está ocorrendo e não saltamos, de uma vez, levando a sério a afirmação de Jesus segundo a qual não podemos servir a Deus e ao dinheiro?
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José Antonio Pagola
Biblista e teólogo espanhol

Não é só uma crise econômica

«Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». Essas palavras de Jesus não podem ser esquecidas nestes momentos por aqueles de nós que se sentem seus seguidores, pois contêm a advertência mais grave que Jesus deixou à humanidade. O dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é o grande inimigo para construir esse mundo mais justo e fraterno, amado por Deus.

Desgraçadamente, a riqueza converteu-se, neste nosso mundo globalizado, num ídolo de imenso poder que, para subsistir, exige cada vez mais vítimas e desumaniza e empobrece cada vez mais a história humana. Nestes momentos encontramo-nos apanhados por uma crise gerada em grande parte pelo desejo de acumular.

Praticamente tudo se organiza, se move e dinamiza a partir desta lógica:
* procurar mais produtividade,
* mais consumo,
* mais bem-estar,
* mais energia,
* mais poder sobre os outros.
Essa lógica é imperialista. Se não a pararmos, pode colocar em perigo o ser humano e o próprio Planeta.

Talvez a primeira coisa seja tomar consciência do que está acontecendo. Esta não é apenas uma crise econômica. É uma crise social e humana. Nestes momentos já temos dados suficientes à nossa volta e no horizonte do mundo para perceber o drama humano em que vivemos imersos.

É cada vez mais óbvio ver que um sistema que conduz uma minoria de ricos a acumular cada vez mais poder, deixando em fome e miséria milhões de seres humanos, é uma loucura insuportável.
É inútil olhar para o outro lado.

Já nem as sociedades mais progressistas são capazes de assegurar um trabalho digno a milhões de cidadãos. Que progresso é este que, lançando-nos a todos para o bem-estar, deixa tantas famílias sem recursos para viver com dignidade?

A crise está arruinando o sistema democrático. Pressionados pelas exigências do dinheiro, os governantes não podem atender às verdadeiras necessidades dos seus povos. O que é a política se já não está ao serviço do bem comum?

A diminuição dos gastos sociais em diversos campos e a privatização interesseira e indigna de serviços públicos como a saúde continuarão a bater nos mais indefesos, gerando cada vez mais exclusão, desigualdade vergonhosa e fratura social.

Os seguidores de Jesus não podem viver encerrados numa religião isolada deste drama humano. As comunidades cristãs devem ser, nestes momentos, um espaço de conscientização, discernimento e compromisso. Devemos nos ajudar a viver com lucidez e responsabilidade. A crise há de tornar-nos mais humanos e mais cristãos.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al Evangelio diario – Ciclo C (2018-2019). Bilbao: Desclée De Brouwer, 2018, páginas 356-357;
Instituto Humanitas Unisinos – Comentário do Evangelho – Sexta-feira, 20 de setembro de 2019 – Internet: clique aqui.

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