«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Não caia nessa !

Cultura do ódio

Ricardo Viveiros
Jornalista e escritor; autor, dentre outros livros, de
“Um olhar sobre São Paulo”, “Educação S.A.” e
“A vila que descobriu o Brasil – A incrível história de Santana de Parnaíba”

Momento exige coragem; nem tudo está perdido
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RICARDO VIVEIROS

A pedagoga colombiana Yolanda Reyes, em coluna no jornal El Tiempo, do seu país, tratou com brilho, lucidez e preocupação tema que nos diz respeito. Segundo ela, há países que necessitam tratamento psicológico, têm saúde mental em estado de emergência, requerendo terapia intensiva. De fato, não pode ser considerado “normal” o clima de irritabilidade, revolta e ódio explicitado em público no Brasil.

As pessoas, desde a campanha eleitoral de 2018, em segundos vão da ofensa pessoal à agressão, sem limite de bom senso. Do nada, por nada, para nada. Simples descontrole e violência.

O Brasil, visto como pacífico, no qual buscam felicidade imigrantes de diversas origens, tornou-se campo minado. Lugar perigoso para quem ousa exercer o direito à liberdade de opinião. Há feridos e mortos por pensar diferente, não concordar com radicalismos políticos. E não fica só nisso, a barbárie já alcança diferenças religiosas, de gênero, de cor e por aí vai a inconsciência quanto ao direito do próximo.

Fomos divididos em dois grupos: contra e a favor. E se perguntarmos de que ou quem, os militantes nem saberão dizer. A tecnologia, criada para aproximar pessoas pelos telefones celulares, é utilizada para acirrar ânimos, promover discórdia, gerar conflitos. Jogar uns contra outros. Todos os dias recebemos vídeos de pessoas sendo ofendidas, agredidas, acuadas por suas posições ideológicas.

Que síndrome é essa que faz humanos perderem a calma, atacarem semelhantes?
Resultado de imagem para mulher é agredida por manifestantes pró-Bolsonaro
Manifestantes pró e contra Lula se envolvem em tumulto durante protesto na avenida Paulista
neste domingo (07/04/2019)

Foto: Jardiel Carvalho/Folhapress

São centenas de falsas notícias, imagens montadas, cenas antigas repaginadas, versões de fatos causando reações imprevisíveis. Erros do passado lembrados no presente para destruir o futuro. Violência gera violência, que gera violência... E não acaba mais. Acaba sim, em tragédia, como registra a história.

Estamos nos tornando incapazes de sentir esperança, acreditar em transformações positivas. O que poderia motivar avanços tem gerado insegurança e sombras.

A filósofa norte-americana Martha Nussbaum, em “A Monarquia do Medo”, ensaio sobre política nos Estados Unidos, mostra que raiva traz impotência e medo, é veneno rápido que mata a democracia. Porque ações irracionais tiram o foco dos verdadeiros problemas, que assim não têm solução. Entusiasmam o surgimento de “salvadores da pátria”, permitindo golpes políticos.

Quando o prefeito de uma cidade com graves problemas de segurança, saúde, educação, emprego, moradia e mobilidade se ocupa com censurar e apreender livros ignorando leis, duvidando da educação dada pelas famílias e impedindo o livre debate de ideias, acende a luz de alerta. Da discussão civilizada e da divergência de pensamento surgem as saídas, porque tais práticas permitem a chance de pensar e exercer responsabilidade cidadã.

É hora de unir, não dividir. Acabar com essa insana delinquência emocional e física. Precisamos acreditar em nós mesmos, manter vigilância e cobrar resultados dos três Poderes. O momento exige coragem não para agredir, e sim para permitir a certeza de que nem tudo está perdido.

Fonte: Folha de S. Paulo – TENDÊNCIAS / DEBATES – Domingo, 22 de setembro de 2019 – Pág. A3 – Internet: clique aqui.

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