«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Não ria! A coisa pode ficar séria!

Escalada autoritária dos Bolsonaro é blefe,
mas pode sair de controle

Igor Gielow

Família presidencial quer mascarar investigações,
mas também faz teste de estresse
Uma resposta cômica, do chargista Benett, ao vídeo postado por Jair Bolsonaro em rede social,
fazendo-se passar por um leão perseguido por hienas que queriam devorá-lo

O mais recente volume puxado da prateleira de provocações institucionais por um membro da família Bolsonaro está na praça: a sugestão feita pelo deputado federal Eduardo (PSL-SP) de reeditar o Ato Institucional número 5 caso a esquerda promova protestos radicais.

«O Ato Institucional nº 5, decreto editado em 13 de dezembro de 1968, no governo do marechal Costa da Silva, marcou o período mais duro da ditadura militar no Brasil (1964-1985). O AI-5 deixou um saldo de cassações, direitos políticos suspensos, demissões e aposentadorias forçadas. O decreto concedeu ao presidente poderes quase ilimitados, como fechar o Congresso Nacional e demais casas legislativas por tempo indeterminado e cassar mandatos. Considerado o mais radical decreto do regime militar, também abriu caminho para o recrudescimento da repressão, com militantes da esquerda armada mortos e desaparecidos» (Fonte: UOL).

Inicialmente, seria preciso apontar onde estão tais manifestações. Um fenômeno notável que acompanhou a debacle do PT no poder federal foi a substituição de forças esquerdistas por movimentos à direita como dínamos principais de protestos de rua no país. Dilma Rousseff caiu, também, por isso.

Delírios e pretextos

Desde o começo dos protestos contra o governo de centro-direita de Sebastián Piñera no Chile, Eduardo, seu irmão Carlos e outros expoentes do bolsonarismo de grande valentia na frente de teclados vêm apontando uma suposta trama continental esquerdista que logo chegaria ao Brasil.

Entraram na conta da suposta conspiração balbúrdia nas ruas do Equador e até o petróleo que emporcalha a costa nordestina. Ato contínuo, o pai da turma, Jair Bolsonaro, corroborou as hipóteses de forma genérica e invocou a possibilidade de chamar as Forças Armadas por meio do artigo 142 da Constituição.

Generais se entreolharam calados, dado que temem ser usados como bucha de canhão de uma luta quixotesca — muitos devem se perguntar se estavam certos no seu entusiasmo com o governo do capitão reformado. Na cúpula da ativa, é minoritário o apoio ao chamado olavismo.

Na terça (29 de outubro), Eduardo insinuou que poderia haver uma solução repressiva por aqui se o Chile contaminasse as ruas brasileiras. Hoje, deu nome aos bois.
Sensacional ! ! !

O autoritarismo está no DNA do bolsonarismo

Há algumas variáveis a considerar. Primeiro, de DNA. O bolsonarismo dito raiz, personificado pelos filhos do presidente, pelo chanceler Ernesto Araújo, pelo ministro Abraham Weintraub, pelo assessor palaciano Filipe Martins e outros seguidores do escritor Olavo de Carvalho, sempre pregou uma delirante solução de força para os problemas do país.

Em 22 de março, o antes obscuro Martins escreveu sem o recato que se supõe de um funcionário do Planalto que o povo deveria mostrar aos políticos e ao Judiciário “quem manda no país”. É recorrente, entre os aderentes da seita olavista, a ideia de que são capazes de mobilizar a nação em torno do dito “mito”.

Pinçar declarações flagrantemente antidemocráticas do presidente é um esporte sem emoções, de tão facilmente jogado. Assim como a dos filhos, o loquaz Carlos à frente.

Assim, é bem provável que Eduardo, o mesmo que havia sugerido o fechamento do Supremo Tribunal Federal com mínimo aparato militar, acredite mesmo que uma AI-5 seria necessário. O fato de não haver nenhum distúrbio nas ruas brasileiras hoje é um mero detalhe de realidade.

Obviamente, não se trata de tratar a esquerda como um cordeiro inocente. É também do DNA daquele campo a radicalização. Mas a violência associada a manifestações do passado recente, e junho de 2013 é a régua, têm menos a ver com o PT e mais com a degeneração promovida por black blocs e afins — apoiados, ideologicamente, por franjas da esquerda urbana.
O presidente reforçou a ideia de indicar o deputado federal Eduardo Bolsonaro para a embaixada Foto: Paola De Orte / Agência Brasil
EDUARDO BOLSONARO
Já que gosta tanto dos Estados Unidos e "baba" pelo presidente norte-americano Donald Trump,
poderia mudar-se para lá, não é mesmo?!

Cortina de fumaça para disfarçar o que interessa

Outro ponto central é a considerar é o contexto. Toda essa agitação bolsonarista acompanha o adensamento das notícias negativas que vêm das investigações sobre o passado do clã no Rio de Janeiro. Os recados de Fabrício Queiroz a Flávio Bolsonaro, novas apurações acerca de Carlos, o atabalhoado e mal-explicado episódio da citação falsa ao presidente no caso Marielle Franco.

É um padrão. Sempre que a família está sob pressão, surgem essas hipérboles por parte do entorno presidencial quando não do próprio mandatário máximo. É uma tática retirada do livro Donald Trump de tergiversação política via Twitter, e tem funcionado a contento ao ser macaqueado cá nos trópicos. Quando fica feio demais, pede-se desculpas e bola para frente. [Mas não há o mínimo pudor e arrependimento das besteiras ditas!]

É uma versão 4.0, ou algo assim, dos velhos tomos conspiratórios forjados para justificar repressões no passado. Estão aí para contar história os “Protocolos dos Sábios do Sião”, peça antissemita do Império Russo que teve utilidade estendida até o nazismo dos anos 1930 ao inventar uma trama judaica para dominar o mundo, e o brasileiríssimo Plano Cohen, falsificação integralista sobre um golpe comunista que ajudou Getúlio Vargas a virar ditador em 1937.

O problema é que, de factoide em factoide, os limites podem chegar a pontos de ruptura. Uma provocação aceita aqui, um erro de cálculo ali, e algo sério pode acontecer — esse é o risco da escalada autoritária do clã Bolsonaro. O teste de fogo será a eventual libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como até os mármores do Supremo sabem.

Fonte: Folha de S. Paulo – Poder / Análise – Quinta-feira, 31 de outubro de 2019 – 13h50 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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