«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Guerra à verdade

Fake news: isso é coisa séria!

Moisés Naím*

Poderosos sempre atacaram a imprensa,
mas hostilidade de Trump é inédita
Resultado de imagem para Moisés Naím
MOISÉS NAÍM

É muito estranho o que está acontecendo nestes tempos com a informação. Ela está, ao mesmo tempo, mais valorizada e mais desprezada do que nunca.

A informação, aprimorada pela revolução digital, será o mecanismo mais importante da economia, política e ciência do século 21. Mas, como já vimos, também será uma fonte perigosa de confusão, fragmentação social e conflito.

Grandes quantidades de dados que antes não significavam nada agora podem ser convertidos em informações que ajudam a gerenciar melhor governos e empresas, curar doenças, criar armas ou determinar quem ganha as eleições, entre muitas outras coisas.

É o novo petróleo: após o processamento e o refino, tem um grande valor econômico. E se no século passado várias guerras foram causadas pela busca de controle do petróleo, neste século haverá guerras pelo controle da informação.

Mas, enquanto há informações que salvam vidas e são gloriosas, há outras que matam e são tóxicas. A desinformação, a fraude e a manipulação que fomentam conflitos estão crescendo tão rapidamente quanto as informações extraídas dos enormes bancos de dados digitalizados.

Alguns dos que controlam essas tecnologias sabem como nos convencer a comprar determinados produtos. Outros sabem como se empolgar com certas ideias, grupos ou líderes - e detestam seus rivais.

A grande ironia é que, ao mesmo tempo em que hoje existem informações mais facilmente disponíveis do que no passado, também existem mais dúvidas e confusão sobre a veracidade do que nos chega através dos meios de comunicação e das redes sociais.

Alan Rusbinger, ex-diretor do jornal britânico The Guardian, disse que “estamos descobrindo que a sociedade realmente não pode funcionar se não concordarmos com a diferença entre um evento real e um evento falso. Você não pode ter debates, leis, tribunais, governança ou ciência se não houver acordo sobre qual é um fato real e qual não é.”

Muitas vezes, esses debates, em vez de focar na verificação dos fatos, concentram-se na desqualificação de quem os produz. Assim, cientistas e jornalistas são alvos frequentes daqueles que, por interesses ou crenças, defendem ideias ou práticas baseadas em mentiras.

Os cientistas que, por exemplo, geram dados incontestáveis sobre o aquecimento global ou aqueles que alertam para a necessidade imperativa de vacinar crianças já estão acostumados a ser difamados por suas motivações e interesses.

Como identificar uma fake news, clique abaixo e assista:


 O ataque à imprensa e aos jornalistas

Os jornalistas são vítimas ainda mais frequentes dessas desqualificações. Embora os ataques dos poderosos incomodados pelos meios de comunicação não sejam novos, a hostilidade do presidente Donald Trump é inédita.

Esses animais da imprensa, sim... são animais. Eles são os piores seres humanos que alguém pode encontrar... são pessoas terrivelmente desonestas”, disse ele.

A imprensa como “inimiga do povo”

Trump também popularizou a ideia de que os jornalistas são “inimigos do povo” que espalham notícias falsas - as famosas fake news. Trump mencionou notícias falsas no Twitter mais de 600 vezes e as cita em todos os seus discursos.

O sério é que Trump não apenas minou a confiança dos americanos em seus meios de comunicação, mas sua acusação foi bem recebida entre os autocratas do mundo.

Segundo Arthur Gregg Sulzberger, executivo-chefe do The New York Times, “nos últimos anos, mais de 50 primeiros-ministros e presidentes dos cinco continentes usaram o termo fake news para justificar suas ações contra os meios de comunicação”.
Resultado de imagem para fábrica de fake news 
O fim da fronteira entre fato e ficção

Sulzberger reconhece: “Os meios de comunicação não são perfeitos. Nós cometemos erros. Temos pontos cegos”. No entanto, esse executivo não tem ambiguidade ao afirmar que a missão do The New York Times é buscar a verdade.

No mundo confuso de hoje, onde tudo parece relativo e nebuloso, é bom saber que ainda existem aqueles que apostam que a verdade existe e pode ser encontrada. Esta posição é um bom antídoto contra as práticas daqueles que atentam contra a democracia e a liberdade.

Em 1951, Hannah Arendt escreveu:
“O sujeito ideal de um regime totalitário não é o nazista convencido ou
o comunista comprometido, são as pessoas para as quais
deixou de existir a distinção entre
fatos e ficção, o verdadeiro e o falso”.

Mais de seis décadas depois, essa descrição adquiriu validade renovada. É preciso recuperar a capacidade da sociedade de reconhecer e desmascarar mentiras. É imperativo derrotar aqueles que declararam guerra à verdade.

TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO.

* MOISÉS NAÍM (nascido aos 5 de julho de 1952) é um escritor e colunista venezuelano e, desde 1996, o editor-chefe da revista Foreign Policy. Moisés Naím tem escrito muito sobre política e economia internacionais, desenvolvimento econômico, organizações multilaterais, política externa estadunidense e as consequências não intencionais da globalização. Além de artigos para grandes publicações, ele é autor de vários livros, o último dele publicado no Brasil é: O Fim do Poder, 2ª edição, 2019, pela LeYa (São Paulo).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional / Colunista – Segunda-feira, 7 de outubro de 2019 – 08h00 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.