O Sínodo da Amazônia começou!
Quando
a prudência não é timidez...
Papa
Francisco na homilia da missa de abertura
do
Sínodo da Amazônia
Andrea Grillo*
Os
pontos-chave indicados por Papa Francisco em sua homilia,
comentados
por um teólogo italiano
Indígena participa da Missa de Abertura do Sínodo Extraordinário para a Região Pan-Amazônica Domingo, 6 de outubro de 2019 - Basílica de São Pedro - Vaticano |
Com a
Eucaristia celebrada antes de ontem, começou o Sínodo especial sobre a
Amazônia. O texto da homilia do Papa Francisco permite identificar alguns
pontos-chave, úteis para orientar o caminho da assembleia episcopal, que inicia
seu trabalho nesta segunda-feira [7 de outubro]. Vamos tentar fazer uma breve
revisão desses pontos-chave.
Para
ler, baixar e imprimir a homilia do Papa, clique aqui.
Fazer
o Sínodo é um compartilhamento de um dom
"Recebemos
um dom para sermos dons": assim, comentando a primeira
leitura, Francisco fotografa o primeiro desafio do Sínodo: sair de um
imaginário "de funcionários" e redescobrir que o serviço à Igreja
não pode ser substituído pelo se servir da Igreja. Ser "servos
inúteis" significa ser "servos sem lucro", gratuitamente
no serviço do evangelho.
Assista ao vídeo com toda a Santa Missa
de Abertura do Sínodo, clicando abaixo:
O
dom deve ser “reaceso”
"Se
tudo permanecer como está, ... o dom desaparece": o dom
recebido pelo bispo é um fogo, que deve ser reaceso. Portanto, uma pastoral
de "manutenção" contradiz a missão da Igreja. Que precisa do fogo
do Espírito, que se renova saindo de estereótipos, seguros, mas
autorreferenciais.
Reacender
exige espírito de prudência, não de timidez
"Alguns
pensam que a prudência é a virtude da 'alfândega', que para tudo para não
cometer erros": reacender o dom de Deus exige prudência, força,
caridade. Não timidez, não medo, não indiferença. Não é indecisão, não é uma
atitude defensiva, mas "virtude de vida, virtude de governo". Assim, a
prudência pode assumir, sem qualquer contradição, a qualidade da audácia,
uma vez que está a serviço da "novidade do Espírito". A
demanda dessa virtude supera o obstáculo da indiferença e torna-se oração
eclesial: "Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o contrário de
deixar as coisas seguir em frente sem fazer nada. E ser fiel à novidade do
Espírito é uma graça que devemos pedir em oração. Ele, que faz novas todas as
coisas, nos doe sua prudência audaciosa; inspire nosso Sínodo a renovar os
caminhos da Igreja na Amazônia, para que o fogo da missão não se apague".
PAPA FRANCISCO faz a sua homilia durante a Missa de Abertura do Sínodo da Amazônia |
O
presente deve ser oferecido, não imposto
"Quando
sem amor e sem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas
do mundo": a evangelização se torna colonização
quando o dom não é oferecido, mas imposto, e o seu fogo não dá força, mas consome.
É um fogo que atrai e gera unidade, não que devora e homologa as diferenças.
A
cruz dos irmãos na Amazônia
"Muitos
irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas": o caminho
sinodal está a serviço do testemunho. Deve reconhecer o martírio e pode fazê-lo
retornando ao evento da cruz e ao seu testemunho. O Sínodo é um ato de
serviço eclesial à possibilidade de reconhecer plena e integralmente essas
igrejas da Amazônia, nas quais outros já deram suas vidas e continuam a
oferecê-las "sem lucro". "Para eles, para aqueles que estão
dando suas vidas agora, para aqueles que ofereceram suas vidas, com eles,
caminhemos juntos".
Esses 5
pontos são o horizonte de um programa de "exercício pastoral da
prudência": no seu centro está uma nova assunção de responsabilidade. A
prudência significa "exercer autoridade" de uma maneira não apenas
negativa. Esse desafio diz respeito principalmente à Amazônia e à sua história
particular, mas destaca (e configura a solução para) uma questão que preocupa
profundamente a vida de toda a Igreja universal.
Traduzido
do italiano por Luisa Rabolini. A versão original é acessível, clicando aqui.
* ANDREA GRILLO, teólogo leigo italiano,
professor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, em Roma; do Instituto Teológico
Marchigiano, em Ancona; e do Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa
Justina, em Pádua.
Fonte:
Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 8 de
outubro de 2019 – Internet: clique aqui.
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