«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 10 de julho de 2021

15º Domingo do Tempo Comum – Ano B – HOMILIA

 Evangelho: Marcos 6,7-13 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. Naquele tempo: 7 Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. 8 Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. 9 Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. 10 E Jesus disse ainda: «Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. 11 Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!» 12 Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. 13 Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.

Palavra da Salvação. 

Alberto Maggi*

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

Testemunho de vida e mensagem são inseparáveis 

O fracasso na sinagoga de Nazaré [Mc 6,1-6a], onde não creram em Jesus e ele só pôde realizar alguns gestos, não só não desanima Jesus, mas o leva a intensificar sua atividade de diferentes maneiras. É o sexto capítulo dos versículos 7 a 13, mas há um versículo curto que foi omitido da versão litúrgica que é importante. O evangelista escreve que: «Jesus percorria as aldeias dos arredores, ensinando» [Mc 6,6b]. O que isso significa? Jesus não põe mais os pés em uma sinagoga. Ele se deu conta que locais de culto, locais religiosos são refratários à ação do Espírito. Portanto, é inútil perder tempo nesses ambientes, mas ele se dirige às aldeias, ou seja, para os locais de marginalização, para os locais de pobreza. 

E desta vez ele chamou os Doze para si, os doze representam o número de discípulos que em si representa o novo Israel e ele começou a enviá-los, do verbo grego enviar vem a palavra apóstolo, que não indica um título, mas uma atividade, é aquela de ser enviado, dois a dois, não os envia sozinho, mas em dois,

... devem ser uma comunidade que expressa uma mensagem,

... e deu-lhes poder, ou seja, autoridade, sobre os espíritos impuros. O espírito impuro já apareceu neste evangelho quando Jesus pela primeira vez em uma sinagoga tentou anunciar sua mensagem. O Espírito é uma força, quando vem de Deus é chamado de Santo, não só por sua qualidade sublime, mas por sua atividade de separar as pessoas do mal; quando vem de uma realidade contrária a Deus, é chamado de impuro. Então Jesus lhes dá poder sobre os espíritos impuros, essa expressão tem um duplo sentido:

a) tanto o óbvio de libertar as pessoas desses espíritos, ou seja, dessas ideologias nacionalistas, religiosas, que os impedem de acolher a boa nova de Jesus, mas também

b) trabalhar sobre si mesmo porque para libertar é preciso ser totalmente livre. 

«E ele ordenou», é a única vez que Jesus manda algo aos discípulos, então isso significa que ele encontra resistência, para que «não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado». Portanto, Jesus pede aos discípulos que levem consigo apenas o necessário para caminhar. Mas aí, Jesus fala para não levar «nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias». O que significa? Devem ser pessoas totalmente livres, devem ser cavalheiros, devem confiar plenamente na riqueza da mensagem que vão levar, senhores que são livres, mas não ricos. É por isso que Jesus disse para que «não levassem duas túnicas», duas túnicas eram as vestes dos ricos.

O que você é não deve desmentir a mensagem que anuncia.

Jesus não indica o que devem dizer, mas como devem ser: portadores da Boa Notícia. 

E essa liberdade também deve ser interior. E Jesus continua afirmando: «Quando entrardes numa casa, ficai ali». Os judeus, quando viajavam, pediam para serem hospedados apenas em casas de outros judeus, possivelmente praticantes, para estarem seguros do cumprimento das regras rituais dos puros e dos impuros. Jesus pede para se libertar de tudo isso, para entrar nas casas como elas são e ficar lá, porque para se libertarem devem estar completamente livres desses tabus, dessas superstições. «Até vossa partida 

Mas, Jesus adverte: «Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!» Era típico dos judeus, quando iam para terras pagãs, reentrar na terra de Israel e sacudir a poeira das sandálias para não trazer nada de impuro para sua terra. Então, o que Jesus está dizendo? A ideia de pagão está mudando. Quem é o pagão? Para a religião, o pagão é aquele que acredita nas outras divindades, para Jesus...

... o pagão é aquele que é incapaz de acolher, é aquele que é incapaz de hospedar.

Bem, a conclusão é que: «Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem», mesmo que isso não esteja explícito no texto, as pessoas se converteram, «expulsavam muitos demônios», pois a mudança de vida libertou de todas essas ideologias que tornavam as pessoas refratárias à aceitação da Boa Nova de Jesus. E o último detalhe é importante porque os discípulos não se preocupam, apenas, com a parte espiritual, mas com a pessoa inteira, a integridade de todo o ser humano. Jesus tem isso no coração: «curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo». Este é o primeiro retrato da atividade dos discípulos. Então, veremos na próxima vez se Jesus estava ou não feliz com essa atividade deles. 

* Traduzido do italiano e editado por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

O Evangelho deste domingo oferece um verdadeiro “manual” de instrução para aqueles e aquelas que desejam ser discípulos autênticos de Jesus Cristo, isto é, evangelizadores. Vejamos: 

1) O que levar para evangelizar? Jesus deixa claro que deseja discípulos(as) leves, ágeis, rápidos, eficientes! Coisas demais atrapalham, sobrecarregam, reduz o dinamismo! O(a) verdadeiro(a) evangelizador(a) não necessita de muitos instrumentos para transmitir a Boa Notícia de Jesus seu TESTEMUNHO é o mais importante!

2) Como evangelizar? Entrando em contato direto com as pessoas, sem discriminá-las, sem julgá-las, sem impor sua ideologia ou cultura. Pois, é isso que significa a diretriz dada por Jesus: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida.” Não se evangeliza sem se inculturar, não se evangeliza sem conviver, não se evangeliza sem criar laços entre as pessoas.

3) Qual é a missão do evangelizador? O evangelizador não prega, não anuncia a si mesmo, mas o Cristo! A missão de Jesus, a missão de seus discípulos e discípulas, a missão de todo evangelizador é abrir caminhos para o Reino de Deus. E isso se faz em dois modos:

* libertando as pessoas de todo “espírito” que não provém de Deus, de tudo que confunde, atrapalha, divide e desvia o ser humano do verdadeiro Deus e, portanto, da felicidade. É o que o Evangelho chama de “espíritos impuros”. Não podemos nos esquecer que temos, também, “doenças da alma”, pois fazemos mal a nós mesmos! Precisamos, portanto, nos libertar.

* Curando as pessoas de suas enfermidades físicas, as quais, muitas vezes, são de origem psicológica (= da alma). Os enfermos são pessoas escravizadas, oprimidas e desumanizadas. Um(a) evangelizador(a) não pode permitir que esse tipo de situação perdure! 

Enfim, somente pessoas livres terão possibilidade de libertar outras pessoas. Somente pessoas convertidas, poderão ajudar outras a se converterem! 

Como constata, muito bem, o biblista e teólogo espanhol José Antonio Pagola:

“A Igreja perdeu aquele estilo itinerante sugerido por Jesus. Sua caminhada é lenta e pesada. Não sabemos acompanhar a humanidade. Não temos agilidade para passar de uma cultura já ultrapassada para a outra atual. Agarramo-nos ao poder que tínhamos. Ficamos envolvidos em interesses que não coincidem com o Reino de Deus. Precisamos de conversão.”

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos,

a fim de ganhar o maior número possível.

Com os judeus, me fiz judeu, para ganhar os judeus.

Com os súditos da Lei, me fiz súdito da Lei – embora não fosse mais súdito da Lei –, para ganhar os súditos da Lei.

Com os sem lei, me fiz um sem lei – eu que não era sem a lei de Deus, já que estava na lei de Cristo –, para ganhar os sem lei.

Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos.

Para todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns.

Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante.

(1 Coríntios 9,19-23) 

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie – XV Domenica del Tempo Ordinario – 15 luglio 2018 – Internet: clique aqui (acesso em: 07/07/2021).

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