«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Farinha do mesmo saco

 Extrema direita: religião, militarismo e neoliberalismo

 Robson Sávio Reis Souza

Pós-doutor em Direitos Humanos, doutor em Ciências Sociais, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, onde também é professor do Departamento de Ciências da Religião, membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter) 

A RELIGIÃO é o principal elemento de constituição dessa base social da extrema-direita global. Mas, são o MILITARISMO e o ULTRALIBERISMO que caracterizam o domínio do poder estatal (da extrema-direita) em níveis nacionais, com intentos globais. 

ROBSON SÁVIO REIS SOUZA

A extrema-direita global desfruta de símbolos do cristianismo para formar uma “milícia religiosa”, a reeditar a guerra do bem contra o mal. No caso, o bem seria tudo aquilo associado ao pensamento conservador (religião, família tradicional, propriedade privada, meritocracia, precedência do individual sobre o público). O mal, por sua vez, está associado à modernidade, ciência, feminismo, esquerdismo, luta de classe, estado social, etc.. 

Montada, como numa CRUZADA RELIGIOSA, em tradições da “família conservadora”, a extrema-direita une líderes como:

* Bolsonaro;

* extremistas norte-americanos, incluindo grupos supremacistas (e lideranças religiosas evangélicas e católicas, até mesmo junto ao episcopado);

* Viktor Orban (Hungria);

* Vladimir Putin (que se aliou à Igreja Católica Ortodoxa Russa);

* Le Pen (França);

* extremistas da Espanha, Inglaterra e até

* neonazistas alemães. 

No Brasil, além de lideranças evangélicas neopentecostais (principalmente das grandes igrejas midiáticas - muitas delas verdadeiras empresas religiosas), a extrema-direita goza de prestígio junto a membros do clero e do episcopado católicos, vários padres midiáticos, instituições religiosas (algumas midiáticas), youtubers famosos e uma bancada de ultraconservadores no Parlamento (de câmaras de vereadores ao Congresso Nacional). 

Essa aliança une o:

* conservadorismo RELIGIOSO,

* o poder político ancorado no MILITARISMO (no caso esse governo militarizado - que se vangloria na defesa de moralismos à la Olavo de Carvalho) e

* no poder econômico alicerçado no ULTRALIBERALISMO (à la Paulo Guedes e figuras esdrúxulas, do tipo o Véio [Luciano Hang] das megalojas de produtos variados, Wizzard e outros negociantes que, segundo dizem, para alcançarem o sucesso INDIVIDUAL e PRIVADO vendem até a mãe). 

Ao centro, Jair Bolsonaro, à esquerda Beatrix von Storch (deputada do partido Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita racista, neta de um dos principais ministros de Adolf Hitler) e Sven von Storch (marido de Beatrix)

Uma neocristandade

Portanto, a base social que agrega essa massa difusa precisa de um discurso MORALISTA, CRISTÃO, CONSERVADOR para manter mobilizada uma legião religiosa que tem em líderes carismáticos radicais, como Bolsonaro, Putin e outros, e para defender radicalmente uma visão salvacionista e redentora do mundo. Uma recristianização global, que é a base da Teologia do Domínio presente nos discursos desses grupos religiosos (a crença segundo o qual a religião deve dominar o poder político, a cultura, a educação, as artes, os comportamentos etc.). 

A RELIGIÃO é o principal elemento de constituição dessa base social da extrema-direita global.

Mas, são o MILITARISMO e o ULTRALIBERISMO que caracterizam o domínio do poder estatal (da extrema-direita) em níveis nacionais, com intentos globais. Não por coincidência, governos teocráticos, militares e ultraliberais são formas distintas de autoritarismos. 

Por isso, na ausência momentânea de Trump, Bolsonaro é um dos candidatos à liderança da extrema-direita global conforme ficou claro na visita de uma liderança neonazista alemã ao presidente brasileiro nesta semana. 

Uma observação final: o Papa Francisco é a principal liderança global no enfrentamento à extrema-direita. Por isso, é tão perseguido, inclusive dentro da Igreja Católica. Estima-se, por exemplo, que dos 240 bispos norte-americanos, somente uns 40 apoiam explicitamente Francisco. Não ouso afirmar sobre a situação no Brasil. Mas, certamente o apoio do episcopado brasileiro ao Papa Francisco é bem maior e mais explícito. Vide manifestações da CNBB nos últimos tempos. 

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 28 de julho de 2021 – Internet: clique aqui (Acesso em: 28/07/2021).

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