«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 24 de julho de 2021

17º Domingo do Tempo Comum – Ano B – HOMILIA

 Evangelho: João 6,1-15 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João. Naquele tempo: 1 Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2 Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3 Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4 Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5 Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?» 6 Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7 Filipe respondeu: «Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um». 8 Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9 «Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?» 10 Jesus disse: «Fazei sentar as pessoas». Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11 Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12 Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!» 13 Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14 Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: «Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo». 15 Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus     retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

Palavra da Salvação. 

Alberto Maggi

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

Eucaristia, a refeição dos seres humanos livres 

O episódio da partilha dos pães de peixe é relatado por todos os quatro evangelistas. Qual é a sua importância? Esta narração antecipa e retrata o significado da Eucaristia. Em particular, João faz disso o tema do sexto capítulo de seu evangelho, o mais longo, de 71 versículos. O contexto em que se enquadra é o do livro do Êxodo e, de fato, encontramos o tema do mar, o tema da montanha, o tema da Páscoa, o tema da tentação e o tema do pão. E, enquanto no deserto era a multidão que tinha que pedir a Deus para ser alimentada, aqui é Jesus, que é Deus, que antecipa os desejos e as necessidades das pessoas, mas os resultados são decepcionantes. 

O evangelista escreve que André, irmão de Simão Pedro, conta a ele que: «Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes». Os cinco pães de cevada lembram o milagre de Eliseu que alimentou cem pessoas com vinte pães de cevada e dois peixes [cf. 2Rs 4,42-44]. Porém, observa André: «Mas o que é isso para tanta gente?». E aqui estão as preciosas indicações do evangelista, Jesus respondeu: «Fazei sentar as pessoas». Isso, literalmente, e é importante, fazer esses homens se sentarem. O termo «homem» usado pelo evangelista é importante e por que se sentar, literalmente deitar? No almoço solene, no almoço de Páscoa, no almoço das pessoas das casas ricas, comia-se de acordo com o costume greco-romano deitado. E quem poderia comer deitado? Aquele que tinha um servo que poderia servi-lo. Aqui está o primeiro significado da Eucaristia:

... fazer com que as pessoas se sintam senhores, isto é, totalmente livres.

O evangelista observa que: «Havia muita relva». É uma referência ao Salmo 72, os tempos do Messias, da abundância. Prossegue dizendo: «naquele lugar», o termo «lugar» que João sempre usou para o Templo de Jerusalém, aqui, indica onde Jesus mora. Mas, enquanto no templo é o homem que deve fazer oferenda a Deus, aqui é Deus quem se oferece ao homem. Então, «e lá se sentaram», isto é, se deitaram, «aproximadamente, cinco mil homens». Por que o termo «cinco mil»? Porque indica o número da comunidade cristã primitiva, segundo Atos dos Apóstolos [4,4], mas, sobretudo, é um múltiplo de cinquenta que indica a ação do Espírito, cinquenta em grego é «Pentecostes». 

Aqui, o evangelista para «homens» não usa o termo que usou precedentemente «antropous», mas «andres», que significa homens maduros.

A Eucaristia torna as pessoas seres humanos maduros, plenos, isto é, seres humanos livres.

Então, diz o evangelista: «Jesus tomou os pães, deu graças», do verbo «agradecer», do qual deriva o termo Eucaristia, «e distribuiu-os aos que estavam sentados», o termo «sentados» aparece pela terceira vez. E Jesus omite um ato muito importante: não solicita a lavagem ritual das mãos.

Não há necessidade de se purificar para comer a refeição do Senhor, mas é a refeição do Senhor que purifica as pessoas.

«E eles comeram o quanto quiseram». Enquanto o maná era limitado e medido [cf. Ex 16], há abundância aqui. Quando não se guarda mais para si mesmo, mas generosamente se compartilha com os outros, há abundância. De fato, o evangelista diz que eles «encheram doze cestos» porque, como as doze tribos de Israel, assim pode-se alimentar toda uma nação. 

Infelizmente, os participantes não entenderam. Sim, isso mesmo! De fato, escreve o evangelista: «aqueles homens». O evangelista começou tratando as pessoas como «homens» [grego: antropous], depois da participação na Eucaristia os fez «homens maduros», «homens adultos» [grego: andres] e, agora, eles voltam a ser «homens». Eles não entenderam, não aceitam a condição de homens maduros, querem se submeter [estar debaixo das ordens de um rei]. 

«Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta”», aquele que, segundo a linhagem de Moisés, deveria fazer a lei ser observada, «aquele que deve vir ao mundo». O evangelista observa: «Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei», querem obediência, querem submissão, não querem maturidade e não querem liberdade, «Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte». Assim como Moisés se retirou para a montanha após a traição do povo que adorava um bezerro de ouro [Ex 32,30], Jesus se reúne sozinho na montanha.

Submissão e obediência para Jesus é o mesmo que IDOLATRIA porque ele é o Deus que liberta as pessoas.

* Traduzido do italiano e editado por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

Apesar do contexto ser diferente daquele do Evangelho deste domingo, as palavras de Paulo aos gálatas são muito apropriadas para nós, hoje: “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Ficai firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da escravidão” (Gl 5,1). O apóstolo referia-se ao jugo da Lei mosaica, interpretada e vivida de modo errôneo pelos escribas e fariseus de seu tempo. Porém, essas palavras são perfeitas para a Eucaristia. 

Quantas e quantas vezes nos alimentamos da Santa Eucaristia, porém não nos tornamos homens e mulheres livres?! Deixamo-nos e, pior ainda, gostamos de nos amarrar, nos ligar a costumes, tradições e ideologias que nos aprisionam, nos submetem aos poderes deste mundo: riqueza, poder, fama, futilidade! 

Por isso, a Eucaristia não se converte em alimento de vida plena, de vida eterna, mas em uma prática a mais, uma devoção a mais em nossa vida!

Alimentamo-nos de Jesus, mas não nos tornamos Jesus! Comemos de seu corpo e bebemos de seu sangue, mas continuamos a idolatrar as coisas deste mundo, a desejar que mandem em nós, comandem a nossa vida, diga-nos o que fazer, poupando-nos do trabalho de sermos LIVRES e assumirmos as consequências da LIBERDADE. 

Não é por acaso que, ainda hoje, encontramos pessoas que defendem ideias absurdas, totalmente anticristãs e que, ao mesmo tempo, afirmam ser cristãs! Como é o caso de pessoas que defendem, por exemplo: pena de morte, ditadura militar, tortura, limitação da liberdade de expressão etc. 

Aonde está o problema? A questão é que, tais pessoas, não compreenderam nada da vida, das palavras e dos gestos de Jesus Cristo! Assim, como os “homens” do Evangelho de hoje, os quais, mesmo diante da partilha, da demonstração de fraternidade e amor promovidas por Jesus, preferem vê-lo como um REI, do que como o Filho de Deus. Aquele que é livre e liberta os seus! 

Ser livre é trabalhoso, afinal, requer sermos RESPONSÁVEIS! O que nem todos querem ser! 


Oração após a meditação do Santo Evangelho 

Rendemos-te graças, Pai nosso,

Pela vida e o conhecimento que nos revelastes

mediante Jesus, teu servo.

A ti, glória pelos séculos.

Do modo como este pão partido

foi partilhado aqui e acolá sobre as colinas

e recolhido tornou-se uma só coisa,

assim se reúna a tua Igreja no teu reino

pelos confins da terra;

porque tua é a glória e o poder,

por Jesus Cristo nos séculos.

Rendemos-te graças, Pai santo,

pelo teu santo nome que fizestes habitar em nossos corações,

e pelo conhecimento, a fé e a imortalidade

que nos revelou mediante Jesus, teu servo.

A ti, glória pelos séculos.

Tu, Senhor onipotente,

criastes cada coisa para a glória do teu nome;

destes aos homens alimento e bebida para o seu conforto,

para que te rendamos graças;

mas a nós destes um alimento e uma bebida espirituais

e a vida eterna mediante teu servo.

Sobretudo, rendemos-te graças porque és potente.

A ti, glória pelos séculos.

Lembra-te, Senhor da tua Igreja,

de preservá-la de todo mal

e de torná-la perfeita no teu amor;

santificada, recolha-la pelos quatro ventos

no teu reino que para ela preparastes.

Porque teu é o poder e a glória pelos séculos.

Venha a graça e passe este mundo.

Hosana à casa de Davi.

(Didaqué, 9-10) 

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie – XVII Domenica del Tempo Ordinario – 29 luglio 2018 – Internet: clique aqui (acesso em: 22/07/2021).

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