«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Sobre a missa em latim

 Papa Francisco proíbe a Missa “antiga”

 Renan Mascarenhas

Diácono na Diocese de Santos (SP), licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Santos e bacharel em Teologia pela PUC-São Paulo 

O Papa Francisco alterou um documento publicado pelo papa anterior não para mostrar quem manda mais, não para satisfazer um gosto pessoal, mas para cumprir plenamente o seu ofício de guardião da unidade

PAPA FRANCISCO assina a Carta Apostólica em Forma de Motu Proprio "Traditiones Custodes"

[O título acima] Era o que os progressistas queriam ter lido. Foi o que muitos tradicionalistas entenderam. A verdade é que não foi nada disso. Vemos que o Espírito Santo concede à Igreja a graça de termos um Supremo Pastor que está atento às necessidades dos fiéis a ele confiado, e assim, por termos sido alcançados pela graça salvífica, não somos mais essa multidão que caminha como “ovelhas sem pastor”, mas, pelo contrário, um pastor que se esforça para evitar a dispersão do rebanho (Mc 6,34; Jr 23,1). 

O Papa Francisco alterou um documento publicado pelo papa anterior não para mostrar quem manda mais, não para satisfazer um gosto pessoal, mas para cumprir plenamente o seu ofício de guardião da unidade, como cantamos na Marcha Pontifícia: “Tu es unitatis custos” [= Tu és o guardião da unidade]. 

Para ler, na íntegra (em espanhol), essa Carta Apostólica em Forma de Motu Proprio do Sumo Pontífice Francisco, Traditiones Custodes – Sobre o uso da liturgia anteriormente à reforma de 1970”, clique aqui

Para ler a carta do Santo Padre Francisco (em espanhol) aos bispos pelo mundo para apresentar o “motu próprio” «TRADITIONIS CUSTODES» sobre o uso da liturgia romana antes da reforma de 1970, clique aqui

Em 1988, o Papa João Paulo II exortou os bispos a atenderem aos apelos dos fiéis que buscavam celebrar o Rito Romano no “modo antigo”, procurando, desse modo, curar uma ferida no corpo eclesial provocada por “católicos” que romperam a comunhão com o Sucessor de Pedro. Por meio da Ecclesia Dei, o Papa precisou esclarecer um conceito-base da Igreja: a Tradição. 

É, sobretudo, contraditória uma noção de Tradição que se opõe ao Magistério universal da Igreja, do qual é detentor o Bispo de Roma e o Colégio dos Bispos. Não se pode permanecer fiel à Tradição rompendo o vínculo eclesial com aquele a quem o próprio Cristo, na pessoa do Apóstolo Pedro, confiou o ministério da unidade na sua Igreja (nº 2). 

Em 2007, foi a vez de Bento XVI retomar a questão com a Summorum Pontificum ao perceber que, não apenas a geração mais idosa – anterior ao Concílio –, senão também muitos jovens nutriam uma atração por este modo “antigo” de celebrar, e buscavam nele uma autêntica espiritualidade eucarística. Por esta razão, foi dada grande visibilidade à forma extraordinária do rito romano, certo de que tal decisão não seria objeto de divisão na Igreja. Dirigindo-se aos bispos, Bento XVI comentou que, ao assinar este documento, trazia no seu coração o desejo de chegar “a uma reconciliação interna no seio da Igreja”. 

Missal Romano segundo o Concílio de Trento, promulgado pelo Papa Pio V e editado por São João XXIII, em 1962 - utilizado por alguns grupos ultraconservadores da Igreja Católica

Em 2021, a pauta sobre o uso do Missal pré-conciliar retornou. “Os oprimidos se tornaram opressores”. Nem todos acompanharam o movimento do Espírito.

Traíram o coração do Papa Bento e, consequentemente, traíram a Igreja, aqueles que viram no rito extraordinário a “missa autêntica”, “a missa de sempre”, incorrendo em graves erros históricos e teológicos.

Traíram o Espírito Santo aqueles batizados que repudiavam a missa LITURGICAMENTE CELEBRADA de Paulo VI. Da mesma forma, é verdade, traíram o Concílio - e ainda traem - aqueles que banalizaram a Sagrada Liturgia com “criatividades”. Vale recordar o que nos ensina a Sacrosanctum Concilium (SC), documento do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia: 

“Por isso, ninguém mais [além da Santa Sé, das Conferências Episcopais e Bispos], mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica” (nº 22, § 3).

Assim sendo, o Papa Francisco, a quem compete hoje a tutela da unidade da Igreja (Pastor aeternus, 3), como outrora João Paulo II e Bento XVI, precisou agir em favor da reconciliação e da unidade intraeclesial. 

Com este novo documento, o Papa não proíbe a “Missa Antiga”, apenas deseja que ela não seja motivo de divisão na Igreja.

Para isso, imbuído pelo espírito do Concílio Vaticano II, ele contará com o cuidado e a inspiração dos bispos, moderadores da vida litúrgica nas dioceses (SC 22, §1). Além disso, também exortou para que os seminaristas e novos sacerdotes aprendam a fidelidade às rubricas do Missal pós-conciliar. 

Enfim, fique claro: o Papa não é contra esse modo de celebrar, é contra a segregação e a instrumentalização dessa missa. Jesus, também a seu tempo, precisou tomar algumas posturas contra aqueles que usaram ritos e “leis” para gerar rivalidades e exclusão. 

Exaltamos firmemente que a Igreja é Una. Então vivamos essa verdade de fé!

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Sábado, 24 de julho de 2021 –Internet: clique aqui (acesso em: 24/07/2021).

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