«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HOMILIA: 2º Domingo do Advento – Ano Litúrgico “B”

Evangelho: Marcos 1,1-8

José Antonio Pagola *

BOA NOTÍCIA

Ao longo deste novo ano litúrgico, nós cristãos iremos ler aos domingos o evangelho de Marcos. Seu pequeno escrito começa com este título: “Começa a Boa Notícia de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Estas palavras nos permitem evocar algo daquilo que encontraremos em seu relato.
Com Jesus “começa” algo novo. É a primeira coisa que Marcos quer deixar claro. Tudo antes disso pertence ao passado.
Jesus é o começo de algo novo e inconfundível. No relato, Jesus dirá que “o tempo se cumpriu” [“chegou a hora”]. Com Ele chega a Boa Notícia de Deus.


Isso é o que estão experimentando os primeiros cristãos. Quem se encontra vitalmente com Jesus e penetra um pouco em seu mistério, sabe que começa uma vida nova, algo que nunca havia experimentado anteriormente.
Aquilo que encontram em Jesus é uma “Boa Notícia”. Algo novo e bom. A palavra “Evangelho”, que emprega Marcos, é muito frequente entre os primeiros seguidores de Jesus e expressa o que sentem ao encontrar-se com Ele. Uma sensação de libertação, alegria, segurança e desaparecimento de medos. Em Jesus, se encontram com “a salvação de Deus”. 
Quando alguém descobre em Jesus o Deus amigo do ser humano, o Pai de todos os povos, o defensor dos últimos, a esperança dos perdidos, sabe que não encontrará uma notícia melhor. Quando conhece o projeto de Jesus de trabalhar por um mundo mais humano, digno e feliz, sabe que não poderá dedicar-se a nada maior.


Esta Boa Notícia é o próprio Jesus, o protagonista do relato que Marcos escreverá. Por isso, sua primeira intenção não é nos oferecer uma doutrina sobre Jesus, nem nos trazer uma informação biográfica sobre Ele, mas nos seduzir para que nos abramos à Boa Notícia que poderemos encontrar somente nele.
Marcos atribui a Jesus dois títulos: um tipicamente judaico, o outro mais universal. Sem dúvida, reserva aos leitores alguma surpresa. Jesus é o “Messias”, aquele que os judeus esperavam como libertador de seu povo. Porém, um Messias muito diferente do líder guerreiro que muitos ansiavam para destruir os romanos. Em seu relato, Jesus é descrito como enviado por Deus para humanizar a vida e dirigir a história para sua salvação. É a primeira surpresa.


Jesus é “Filho de Deus”, porém não dotado do poder e glória que alguns haviam imaginado. Um Filho de Deus profundamente humano, tão humano que somente Deus pode ser assim. Somente quando termina sua vida de serviço a todos, executado numa cruz, um centurião romano confessa: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. É a segunda surpresa.

Tradução de Telmo José Amaral de Figueiredo.

* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Licenciado (= mestrado) em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculdade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil pela Editora Vozes, 2010).

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - 29/11/2011 - 18h08 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
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APROFUNDANDO A REFLEXÃO
2º Domingo do Advento

Pe. Fabien Deleclos (1925-2008)

Nós já tivemos ocasião de ver grandes trabalhos de terraplanagem. Lembremo-nos do túnel sob o Canal da Mancha [unindo França e Inglaterra por debaixo do mar], por exemplo. Foram empregadas enormes máquinas de 150 metros de comprimento e pesando, cada uma, 400 toneladas. Recordemo-nos da amplitude dos trabalhos, os obstáculos a vencer, a paciência necessária para traçar uma estrada sob a Mancha, a fim de que trens e veículos pudessem passar "à rodas secas". Impressionante!

O autor do livro de Isaías também ficou impressionado. Durante seu exílio na Babilônia, há 2500 anos atrás, ele provavelmente trabalhou como escravo nas grandes obras de aterragem e nivelamento, assim como os demais judeus, seus concidadãos. Especialmente para traçar uma estrada no deserto, do lado leste do rio Jordão, para o retorno do rei vitorioso ou, ainda, esta famosa via sagrada, construída na Babilônia e reformada a cada ano , para que os fiéis possam vir em procissão até o templo, para celebrar o deus Marduque [principal divindade babilônica]. 

Para elevar o moral de seus companheiros, e fazer esperar um retorno próximo ao país, o profeta se serviu dessas obras de arte do gênio civil e de suas proezas técnicas para traduzi-las em linguagem simbólica e espiritual: "Preparai através do deserto o caminho do Senhor". Quinhentos anos depois, João Batista assumirá as mesmas imagens. Como também nós as podemos assumir hoje e lhes atualizar.

O período do Advento está aí para nos acordar e nos mobilizar. Há grandes trabalhos a serem realizados a fim de traçar no deserto do mundo e nas terras áridas de nosso coração um caminho, uma estrada para o Senhor. Isso requer convicção e paciência, confiança e perseverança.

No plano material, a meteorologia por exemplo, pode ser muito preocupante, sem falar de greves sempre possíveis e de obstáculos imprevistos. No plano espiritual, podem haver tentações a que alguém pode sucumbir. O desânimo se infiltra. A fé pode enfraquecer. A preguiça se instalar. A gula, de alimento e de prazeres, nos tornar pesados de corpo e alma.

É preciso saber, ainda, que há uma tríplice vinda do Senhor. Como pregava São Bernardo: na primeira, o Cristo veio na carne e na fraqueza. Ele viveu com os homens e as mulheres de seu tempo. Muitos o odiaram. Mais tarde, no final, ele virá na glória e na majestade, para separar as ovelhas dos cabritos. 

Mas, entre as duas, há uma vinda intermediária, cotidiana. Aquela que permanece escondida, presente em espírito. Ela foi anunciada pelo próprio Jesus: "Se alguém me ama, ele guardará minhas palavras e meu Pai o amará e nós viremos a ele". Porque eles encontrarão a porta de nosso coração aberta. Foi desse modo que Maria preparou a vinda do Senhor. Ela é o modelo do Advento, aquele da paciência e da esperança. Antes, mesmo, de conceber Jesus na carne, Maria o havia acolhido e concebido na fé. "Bem-aventurada aquela que te gerou e amamentou", exclamará um certo dia uma mulher. "Bem-aventurados, antes, aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam", responde Jesus (Lc 11,27-28).

Tudo isso quer dizer que a obra do Salvador, a Salvação que ele oferece, o estabelecimento de seu Reino de justiça e da paz, não nos é oferta de graça. E não depende, também, unicamente de nossos esforços.

Do mesmo modo, o Reino de Deus se desenvolve lentamente. Nós podemos, entretanto, reconhecê-lo nos sinais de crescimento. Mas não somente nos campos cultivados pelas igrejas. Todo progresso da verdadeira justiça, todo esforço autêntico de paz, toda abordagem sincera de perdão e amor ao próximo, contribui para o crescimento do Reino e prepara-lhe a realização.

Libertador e Pastor, Senhor e Servidor, Caminho, Verdade e Vida, Jesus veio, ele retornará e não cessa de vir cada dia para fazer novas todas as coisas. Mas não sem nós. Não sem os grandes trabalhos que supõem uma conversão. Trata-se de desorganizar nossos estábulos, retificar o traçado de nossos caminhos, reduzir nossas montanhas de orgulho e de intolerância, preencher os vazios de nossas vidas que acreditamos estar tão cheias. 

A refeição da Palavra e do Pão contribui para isso. É um pouco o sacramento da paciência de Deus. A Eucaristia é também celebrada "até que ele venha". Ela é um lento e paciente retorno do Senhor na história da humanidade, e de cada um de nós, em particular.

"Bem-aventurados quem ouve a Palavra de Deus e a observa". Para isso, é preciso meditá-la, ruminá-la e digeri-la, para que ela se transforme em atos.

Tradução de Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Lalibre.be - Paroles du Dimanche - 29/11/2011 -  Internet: http://parolesdudimanche.blogs.lalibre.be/

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