«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 18 de novembro de 2017

33º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 25,14-30


Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 
14 «Um homem ia viajar para o estrangeiro.Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens.
15 A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou.
16 O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco.
17 Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois.
18 Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão.
19 Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados.
20 O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: “Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei”.
21 O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! como foste fiel na administração de tão pouco,
eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”
22 Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: “Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei”.
23 O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”
24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste.
25 Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”.
26 O patrão lhe respondeu: “Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei
e que ceifo onde não semeei?
27 Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence”.
28 Em seguida, o patrão ordenou: “Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez!
29 Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30 Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!”»

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

NÃO ENTERRAR A VIDA

A parábola dos talentos é, seguramente, uma das mais conhecidas. Antes de sair de viagem, um senhor confia seus bens a três empregados. Os dois primeiros se põem imediatamente a trabalhar. Quando o senhor regressa, apresentam-lhe os resultados: ambos duplicaram os talentos recebidos. O esforço deles é premiado com generosidade, pois souberam responder às expectativas de seu senhor.

A atuação do terceiro empregado é estranha. A única coisa que lhe ocorre é «esconder debaixo da terra» o talento recebido e conservá-lo seguro até o final. Quando chega o senhor, entrega-lhe o talento pensando que respondeu fielmente aos seus desejos: «Aqui tens o que te pertence». O senhor o condena. Este empregado «negligente e preguiçoso» não entendeu nada. Somente pensou em sua segurança.

A mensagem de Jesus é clara:
* Não ao conservadorismo, sim à criatividade.
* Não a uma vida estéril, sim à resposta viva ao Criador.
* Não à obsessão por segurança, sim ao esforço arriscado para transformar o mundo.
* Não à fé enterrada debaixo do conformismo, sim ao seguimento comprometido com Jesus.

É muito tentador viver sempre evitando problemas e buscando tranquilidade: não nos comprometermos com nada que nos possa complicar a vida, defender nosso pequeno bem-estar. Não há uma forma melhor de viver uma vida estéril, pequena e sem horizonte.

O mesmo acontece na vida cristã. Nosso maior risco não é sairmos dos esquemas de sempre e cair em inovações exageradas, mas congelar nossa fé e apagar o frescor do Evangelho. Devemos nos perguntar sobre o que estamos semeando na sociedade, a quem difundimos esperança, onde aliviamos o sofrimento.

Seria um erro apresentar-nos diante de Deus com a atitude do terceiro servo:
«Aqui tens o que é teu.
Aqui está teu Evangelho, o projeto de teu Reino, tua mensagem de amor aos que sofrem.
Conservamos tudo fielmente.
Não serviu para transformar nossa vida nem para introduzir teu Reino no mundo.
Não quisemos correr riscos. Porém, aqui o tens intacto».


ARRISCAR-SE

Com frequência, compreendeu-se a religião como se fosse um sistema de crenças e práticas que servem para proteger-se contra Deus, porém não ajudam a viver de maneira criativa. Esta religião conduz a uma vida triste e estéril onde o importante é viver seguro diante de Deus, porém falta alegria e dinamismo.

Deve-se dizer sem rodeios. No fundo desse tipo de religião só há medo. Quem busca proteger-se de Deus é porque tem medo dele. Essa pessoa não ama Deus, não confia nele, não desfruta de sua misericórdia. Somente o teme e, por isso, busca na religião remédio para seus medos e fantasmas.

Depois de Jesus, não temos mais direito de entender e viver desse modo a religião. Deus não é um tirano que atemoriza os homens, buscando egoisticamente seu próprio interesse, mas um Pai que confia a cada um o grande dom da vida.

Por isso, Jesus imagina seus seguidores não como «observantes piedosos»
de uma religião, mas como crentes audaciosos dispostos a correr riscos e
superar dificuldades para «inventar» uma vida mais digna e feliz para todos.

Um discípulo de Jesus se sente chamado a tudo, menos enterrar sua vida de maneira estéril!

O terceiro servo da parábola é condenado não por fazer algo ruim porque, paralisado pelo temor a seu senhor, «enterrou» os talentos que lhe haviam sido confiados. A mensagem é clara. Não se pode devolver a vida a Deus dizendo: «Aqui está o que é teu. “A vida que me deste não serviu para nada». É um erro viver uma vida «religiosamente correta» sem nos arriscarmos a viver o amor de maneira mais audaciosa e criativa.

Quem somente busca cuidar de sua vida, protegê-la e defendê-la, a põe a perder.

Quem não segue as aspirações mais nobres de seu coração por medo de fracassar,
já está fracassando.
Quem não toma iniciativa alguma para não errar, já está errando.
Quem somente se dedica a conservar sua virtude e sua fé, corre o risco de enterrar sua vida.
Ao final, não teremos cometido grandes erros, mas também não teremos vivido!

Jesus é um convite a viver intensamente.

A única coisa que devemos temer é viver sempre com medo de arriscar-nos, com temor de sairmos do «correto», sem audácia para renovarmos, sem valor para atualizar o Evangelho, sem fantasia para inventar o amor cristão.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A (Homilías) – Internet: clique aqui.

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